O Jornal da Unicamp passa a publicar o Diário em Pequim,
assinado por Francisco Foot Hardman, professor titular do Departamento de
Teoria Literária do IEL, que está vivendo na China, como professor-visitante na
Escola de Línguas Estrangeiras da Universidade de Pequim. O autor narrará suas
impressões acerca da vida no país após a eclosão do surto de coronavírus
originado em Wuhan.
A vendinha da vila
SEX, 07 FEV 2020 | 11:52
Francisco Foot Hardman
Nesses dias de quase nenhuma circulação em Pequim, resultado da grande saída de gente que precede o Ano Novo Lunar, a maior celebração do povo chinês (cuja data, como nosso Carnaval, oscila a cada calendário, e que neste inverno caiu em 25 de janeiro), na vila em que vivo, no distrito de Haidian, noroeste da grande metrópole, há uma vendinha a menos de 200 metros de casa, que nos é sempre, moradores dessas quatro ruas e cerca de três dúzias de pequenos edifícios de até cinco andares, mais providencial do que qualquer supermercado. Lá, num espaço diminuto de dois cômodos, encontra-se tudo, quase tudo, e isso até altíssimas horas da noite.
Entre tantos estabelecimentos públicos fechados, não só pelos feriados de uma semana, mas principalmente pelas medidas de segurança sanitária em face da epidemia viral, a mim, e sei que a muitos vizinhos, causou particular desalento ver a vendinha da vila fechada. Um aviso, com felicitações e enfeites do ano novo, dizia que reabririam no dia 1. Mas os cuidados redobrados com a prevenção de um maior alastramento do surto em Pequim, cidade de 24 milhões de habitantes, levaram o serviço comunitário da vila a prorrogar o fechamento de nossa vendinha até dia 4. Novo desalento, nova espera.
A passagem de ano novo, comemorada na cidade natal de cada habitante, com seus pais e, também, obrigatoriamente, enquanto viverem, com os avós de ambos os lados, nas respectivas cidades ou aldeias, implica muitos deslocamentos populacionais que fazem desta a maior migração em tempos de paz e por um só evento no planeta. As restrições de viagens que se impuseram forçosamente, por conta dessa muito infeliz coincidência de movimentos (de gentes para a maior festa do país e de coronavírus em expansão) acarretaram, assim, uma das maiores frustrações para a grandíssima maioria da população chinesa.
Isso, claro, para além da tragédia da morte que já é de muitas centenas de pessoas – entre elas a do médico oftalmologista dr. Li Wenliang, em Wuhan, na madrugada desta quinta-feira, horário chinês, e tarde da quarta-feira no Brasil, verdadeiro herói, aqui, entre tantos outros heróis e heroínas anônimos, sacrificado aos 34 anos, que alertara, desde o final de dezembro, para a eclosão dessa nova grave doença, tendo sido negligenciado e silenciado por autoridades locais. E, também, para além do sofrimento particular de mais de 50 milhões de habitantes que estão encerrados em um cordão sanitário na região de Wuhan (a importante capital da província de Hubei, 1.150 Km ao sul de Pequim) e de cerca de uma dezena de cidades no seu entorno. Cifra superior à população do estado de São Paulo e equivalente apenas a 3,5% da população de toda a China.
Mas a vida segue e os chineses se recolhem e se cuidam, e como! Somos um país de mascarados, neste instante, sem nenhum apego à estética ou às ideias pueris e ações deletérias dos blackblocs, muito pelo contrário. Check-ins de temperatura corporal se instalaram em todas as entradas de edifícios, condomínios, cantinas, campus universitário, metrô, etc. Museus, parques e lugares de grande atração pública permanecem fechados.
A ansiedade, nessas circunstâncias, aumenta para todo mundo e não poderia ser diferente. Por isso, corri à vendinha no dia anunciado de reabertura. Pequena grande felicidade. Lá estava, mais serenamente triste do que nunca, a vendeira, com seu olhar de beleza melancólica e sua tranquila feição, agora com a máscara negra que dizem ser a mais eficaz das que hoje ainda se encontram disponíveis. Neste dia, o sol ainda se fez presente numa réstia da porta. Já somos cúmplices nesse inverno turbulento. Compro itens mais do que meu habitual, a conta passa de 110 yuan, algo como 66 reais, estou feliz de ter a vendinha de volta. E de rever, ali, sua dona, impassível. Ela sempre me ajuda com a embalagem dos víveres e, desde minha primeira visita, sinalizou que eu não precisava lhe mostrar o valor debitado no meu celular. Confiança enorme, cortesia sem par.
Hesito em lhe pedir para fazermos um selfie. Não peço, não faço. A mulher da vendinha adora as novelas que se sucedem dia e noite na TV chinesa. Como tantos milhões desse povo que se nos assemelha tanto. Em seu mini-aparelho, está sempre ligada a alguma série de amor melodramático. Sim, o melodrama aqui também tem lugar. Agora, terá que fechar mais cedo, por conta das prescrições, antes das 18 horas e não poderá seguir até mais de 11 da noite, como era antes da crise.
Invento sempre alguma falta de item para voltar à vendinha. E assim foi no dia seguinte. O sol tinha ido embora. Nevou bastante nesses dois dias, como nunca antes neste inverno. Clima muito seco, em Pequim é raro que neve. Só cinco dias nesses quase dois meses. Por isso, dessa vez, ela parece um pouco mais triste. Se antes o sol ou a lua encarregavam-se de mostrar a beleza de seus olhos, agora é o brilho da neve que se insinua na fresta da porta e de sua máscara. Que linda! Somos cúmplices. Para além dos estoques nas prateleiras e dos yuan que tilintam virtuais. Já podemos sorrir entre olhos e acenos, sempre delicados.
E sobram histórias de amor que ela não cansa de ver, de lembrar e, quem sabe, na calada do vento de Pequim, que fere as faces como faca, de sonhar viver.
Carta 74: Sobre a Virtude como Refúgio de Distrações Mundanas
Carta 74 Sêneca (LXXIV, 27)
“Se você desenhar um
círculo maior ou menor, seu tamanho afeta sua área, não sua forma. …. O que é
reto não é julgado pelo seu tamanho, nem pelo seu número, nem pela sua duração;
não pode ser mais longo do que pode ser feito mais curto. Reduza a vida honrosa
dos cem anos completos a um único dia; é igualmente honrada.”
Já sonhou em posar nua? Sei lá acho que uma ‘boa’ parte das mulheres já
ao menos pensaram nessa possibilidade, eu assumo que já pensei, mas dai acabei
me vendo nua e desisti…. mas e se… as suas imperfeições fossem o destaque desse
ensaio? Não de uma forma ruim, mas sim muito boa e até didática, o fotógrafo de
Minneapolis (EUA) Matt Blum, faz fotografias do que ele chama de ‘Nu Honesto’,
ou seja, sem maquiagem e sem glamour.
São retratos de mulheres lindas, com suas imperfeições, fotografadas nas
suas casas, em momentos cotidianos, relaxados. O projeto teve início em 2005 e
manteve-se fiel a versão original, ele já fotografou cerca de 150 mulheres,
depois de ter produzido galerias de nus femininos da América do Norte e do Sul,
Blum pretende agora recolher imagens de mulheres da Península Ibérica, as
mulheres interessadas se candidatam pelo site. Matt já passou pelo Brasil,
deixando sua marca de ‘honestidade’ por aqui. Blum é casado com a também
fotógrafa Katy Kessler
Em entrevista
para o site Scream & Yell, Matt comentou as diferenças entre Europa e
Américas com relação ao corpo nu: “na Europa rola uma atitude diferente em
relação à nudez. É comum você ver uma modelo de topless em um outdoor, e há
mais espaços públicos para andar sem roupa. No Brasil e nos EUA já existem tabus
– com diferenças locais, mas ainda assim, tabus. O biquíni brasileiro não seria
aceito nos Estados Unidos, por exemplo, porém ambos os países têm uma barreira
com a nudez. No Brasil é ainda mais curioso, porque no Carnaval ela é quase
onipresente, mas o resto do ano é tomado de pudor.”
responsabilidade do presidente. Eles existem aos montes e há bastante tempo. Mas no contexto atual da crise, sua conduta criminosa passou de qualquer limite. Hoje, os crimes de Bolsonaro atentam contra a saúde pública e colocam em risco a vida
Uma garotinha muito curiosa pergunta à mamãe: - Como é que se criou a raça humana? A mãe respondeu: - Deus criou Adão e Eva, eles tiveram filhos, e os filhos tiveram filhos, e assim estamos aqui. Dois dias depois, a garotinha faz ao pai a mesma pergunta. E o pai responde: - Há muitos anos, existiam macacos que foram evoluindo até chegarem aos seres humanos que você vê hoje. A garotinha, muito confusa, foi tomar satisfações com a mãe:
- Mãe, como é possível que a senhora me diga que a raça humana foi criada por Deus e o papai diga que evoluiu do macaco? Afinal, qual a versão correta? E a mãe respondeu: - Olha, minha querida, é muito simples: eu te falei da minha família e o papai falou da família dele.
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