Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

16 de jan. de 2022

Procurando diversão? 16/01

 Opção 'coluna diversão' no portal g1

- 'BBB22': confira as primeiras imagens da casa

- 'Bebê do Nirvana' insiste e apresenta nova ação por pornografia infantil

- Maratona 'Pânico': repórter vê os 5 filmes e conta gritos e mortes


fui...


Fuino 'Cafécomadm.com' e dei uma virada na lata, mas o Café é bom

Muitos estão se beneficiando da abundância que a tecnologia trouxe, dizem que a vida hoje é cada vez mais fácil, com mais oportunidades e preços cada dia mais baixos. Hoje não é preciso matar um leão por dia para ter comida na mesa, hoje as pessoas matam um leão para viajar para Europa ou comprar o carro dos sonhos. A vida melhorou, na verdade, a vida nunca esteve tão fácil. 

(Buuuuu)

Na sexta-feira, no 'face um amigo postou: "Tenha um ótimo final de semana!" Pensei: 'Bacana, começo assistindo um bom filme'. No youtube encontrei "Capitão Fantástico". (buuuu). No sábado, pensei: 'vou mudar um pouco o tema'. Voltei ao youtube e encontrei "Dia Zero". (Buuuuu). Também lavei roupas e ouvi músicas. Muito bom! Hoje, Domingo, nem olhei para o youtube. Pra relaxar fui conversar com amigos. Tomei uma latinha de cervejá e experimentei uma deliciosa salada de jiló. Agora, um banho e cama, pois amanhã será outra semana.

9 de jan. de 2022

"EU NÃO MASTIGO E TÁ ACABADO". BOLSONARO: A BESTA AUTÊNTICA

Filósofo Paulo Ghiraldelli


 Ser autêntico, ser você mesmo, é um valor. Na conta dos eleitores de Bolsonaro, ser o "diferentão" é ser autêntico e é um valor. Bolsonaro é o grosseirão, e seus adeptos dizem que ele, sendo assim, é autêntico, que isso é um valor. Um valor neoliberal.

7 de jan. de 2022

Conhecia apenas alguns poemas de Cora Coralina.. Leitura rápida. Em 2016, na Banca Cultural, em Barbacena, encontrei o livro "Meu Livro de Cordel" Cora Coralina - Simplicidade igual só em " O pobre de Deus" de Nikos Kazantzákis. Aproveitem!


"Meu Livro de Cordel" Cora Coralina.

(poesia simples, repleta de solidariedade humana)


Humildade


Senhor, fazei com que eu aceite

minha pobreza tal como sempre foi.


Que não sinta o que não tenho.

Não lamente o que podia ter

e se perdeu por caminhos errados

e nunca mais voltou.


Dai, Senhor, que minha humildade

seja como a chuva desejada

caindo mansa,

longa noite escura

numa terra sedenta

e num telhado velho.


Que eu possa agradecer a Vós,

minha cama estreita,

minhas coisinhas pobres,

minha casa de chão,

pedras e tábuas remontadas.


E ter sempre um feixe de lenha

debaixo do meu fogão de taipa,

e acender, eu mesma,

o fogo alegre da minha casa

na manhã de um novo dia que começa.


Livro (PDF): http://escola.semec.



..............




O pobre de Deus" de Nikos Kazantzákis.


7 - paginas  165/166/167/168


    O papa baixou os olhos e, lentamente, foi sentar-se no trono. Por cima de sua cabeça, pintadas no alto do espaldar, brilhavam duas chaves enormes, uma de ouro e outra de prata.
      - Fala - disse, com voz calma -, por enquanto não posso julgar. Que queres? Escuto-te.
    - Não sei o que dizer, Santo Padre, nem por onde começar, ou como expor o meu coração sob as tuas santas chinelas. Sou o polichinelo de Deus, pulo, danço e canto para Lhe provocar um sorriso nos lábios, nem que seja 
fugaz. Ignoro todo o resto, sou incapaz de fazer qualquer outra coisa. Dá-me permissão, Santo Padre, de dançar e cantar nas cidades e aldeias. Dá-me o direito de andar esfarrapado e descalço, sem ter o que comer.
      - Por que tens esse desejo tão intenso de pregar?
     - Sinto que chegamos à beira do abismo. Dá-me autorização de bradar: "Vamos cair no abismo!" É só o que te peço!
      - Crês que podes salvar a Igreja com tal brado, monge?
    - Santo Deus! Quem sou eu para salvar a Igreja? Não existem o papa, os cardeais, os bispos? Não existe Cristo para protegê-la? Sabes perfeitamente que apenas peço uma coisa: bradar: "Vamos cair no abismo!” 
      Tirou do peito o manuscrito que me havia ditado. Arrastou-se até os pés do trono: 
    - Santo Padre, eis a regra que nos regerá, a meus irmãos e a mim. Deposito-a aos pés do teu trono. Digna-te colocar nela a tua venerável chancela. O papa cravou o olhar em Francisco.
      - Francisco, que vens de Assis - falou lento, gravemente, como se o exorcizasse -, vislumbro chamas em torno de teu rosto. De onde provêm? Do inferno ou do paraíso? Não tenho confiança nos iluminados que pedem o impossível: o perfeito Amor, a perfeita Castidade, a perfeita Pobreza! Por que procuras ultrapassar o homem? Como ousas querer chegar aonde apenas Cristo chegou e onde se mantém em absoluta solidão? É uma grande insolência! 
     - "Desconfia, Francisco de Assis, porque a presunção é o verdadeiro semblante de Satã. Quem pode afirmar não ser ele quem te induz a te situares acima dos outros e pregar o impossível?” 
      Francisco baixou humildemente a cabeça.
      - Santo Padre, dá-me permissão de falar por parábolas.
      - Isso é outra insolência! - vociferou o papa. Cristo é que falava assim.
    - Perdoa-me, Santo Padre, mas não disponho de outro recurso. Que posso fazer se o meu pensamento, e não somente ele, mas também a maior esperança, o maior desespero, transformam-se em contos de fadas quando os retenho durante muito tempo? Se abrires o meu coração, Santo Padre, encontrarás apenas danças e contos de fadas. Nada mais. 
      Cruzou os braços e calou-se. O papa olhava-o em silêncio.  
      Passado um instante, Francisco ergueu a cabeça: 
      - Posso falar, Santo Padre?
      - Podes.
    - Quando, no auge do inverno, a amendoeira se pôs a florir - começou -, todas as outras árvores reclamaram: "Mas que pretensão, que imprudência! No mínimo ela julga que pode trazer a primavera!" E a amendoeira sentiu vergonha. "Perdoem-me, irmãs", disse, "juro que não foi por querer. De repente, senti uma brisa cálida e primaveril no meu coração, e..."
     Dessa vez o papa não se conteve e deu um salto: 
     - É demais! - gritou. - O teu orgulho e a tua humildade não têm limites. Deus e Satã travam guerra dentro de ti, e bem o sabes. . .
   - Sei, sim, Santo Padre, e por isso vim pedir-te a minha salvação. Estende-me a mão! Não estás à testa da cristandade? E não sou uma alma em perigo? Ajuda-me!
     - Preciso consultar Deus antes de tomar uma decisão. Vai-te! 
    Francisco se prosternou. Depois recuou de costas e eu o segui. 
  Caminhamos como bêbados, com passo incerto. As ruas ondulavam, as casas oscilavam, os campanários vergavam, o ar se enchia de asas brancas. Avançamos de braços estendidos, como nadadores abrindo passagem no mar. Às vezes, tínhamos a impressão de que alguém nos chamava pelo nome. Então nos virávamos, mas era só imaginação. Senhoras passavam por nós, inteiramente cobertas de véus, como fragatas impelidas por fogoso aguilão. Atrás de nós retumbava um oceano humano. Enormes cachos de uvas negras pendiam das janelas. A velha Igreja de Latrão constituía uma videira milenar cujas cepas enlaçavam às portas, as janelas, as sacadas, envolvendo a cidade inteira e perdendo-se no céu, carregada de frutos. 
      Chegamos ao rio, descemos à margem e molhamos o rosto na água para nos refrescar. Ao mesmo tempo em que o mundo e os cachos de uva se esvaneciam, nosso espírito se fortificava. Francisco me olhou, surpreso, como se nunca me tivesse visto.
      - Quem és tu? - perguntou, inquieto. A memória, porém, voltou-lhe logo. Lançou-se em meus braços: 
   - Perdoa-me, Irmão Leão. Vejo tudo pela primeira vez. Que rumor é esse? Será o de Roma? Onde estão os apóstolos, então? Onde está Cristo? Fujamos daqui! 
      Olhando em torno, baixou a voz:
    - Ouviste o papa? Como falava com prudência, pausadamente, com segurança! Quem o segue não se arrisca a perder-se, porém jamais poderá se libertar do lodo humano. E o nosso alvo, Irmão Leão, não é justamente libertar-nos?
      - E crês que conseguiremos? - ousei perguntar, arrependendo-me logo.
      - Que foi que disseste? - retrucou Francisco. Recuei: 
      - Nada. Não era eu quem falava. Foi o Diabo que se aproveitou de minha boca. Ele sorriu com amargura.
      - Quando deixará o Diabo de falar por tua boca?
      - Só quando eu morrer, posto que morra comigo.
     - Tem confiança na alma humana, Irmão Leão, e sobretudo desconfia da prudência. A alma humana consegue o impossível. 
     Caminhava rapidamente pela beira da água, afundando os pés na lama do rio. De repente, parou e esperou por mim. Colocou o peso de sua mão em meu ombro: 
      - Abre bem os ouvidos - recomendou - e grava para sempre no espírito o que vou te dizer: o corpo do homem é o arco; Deus, o arqueiro; e a alma, a flecha. compreendeste?
      - Não muito bem, Irmão Francisco. Que queres dizer? Reduze o teu pensamento à medida do meu espírito.
   - Quero dizer, Irmão Leão, que existem três espécies de oração. A primeira: Meu Deus, retesa-me, senão apodrecerei. A segunda: Meu Deus, não me reteses demais ou eu me despedaçarei. A terceira: Meu Deus, retesa-me ao máximo, mesmo com o risco de me estraçalhar! "Retesa-me ao máximo, mesmo com o risco de me estraçalhar! 
Esta é a nossa prece, Irmão Leão! Há três espécies, tanto de orações como de homens. Nunca esqueças isso, e não tremas. Já te disse várias vezes e agora repito: sempre te sobra o recurso de partir, de te libertares, ainda podes evitar o estraçalhamento!” 
      Curvei-me, tomei a mão de Francisco e beijei-a: 
      - Retesa-me ao máximo, Irmão Francisco - pedi, - mesmo com o risco de me estraçalhar! 
      Percorremos um longo trecho em silêncio. Eu trilhava as pegadas de Francisco e me sentia feliz. Realmente feliz. E no entanto sentia medo, pois me considerava indigno de seguir aquele homem perigoso que rogava a Deus para que o retesasse ao máximo. Procurava imitá-lo, que mais podia fazer? Mas ao passo que ele se oferecia ao Senhor com alegria, eu só podia fazê-lo tremendo. Aconselhava-me a partir, coisa a que me negava. Era tão doce o pão dos anjos que me alimentava. . .

Baixar PDF: https://docero.com.br/doc/1xevex1


3 de jan. de 2022

Cannabis é parte do futuro, prevê gigante do tabaco - 31 dezembro 2021

 

A maior empresa de cigarros do Reino Unido afirmou que enxerga a maconha como parte de seu futuro, à medida que tenta deixar de vender o tabaco tradicional.

A British American Tobacco (BAT) disse que deseja "acelerar" sua transformação reduzindo o impacto de seus produtos na saúde.

Em março, a BAT adquiriu uma participação na fabricante canadense de cannabis medicinal Organigram.

A companhia também assinou um acordo para pesquisar uma nova gama de produtos de cannabis para adultos, inicialmente focada em canabidiol (CBD), usado em uma série de tratamentos de saúde.

"Enquanto pensamos em nosso portfólio para o futuro, certamente além da nicotina, os produtos (de cannabis) são interessantes para nós como outra onda de crescimento futuro", disse o executivo da BAT, Kingsley Wheaton, à BBC Rádio 4.

Wheaton, diretor de marketing da BAT, afirmou que via os produtos relacionados à maconha como parte de seu crescimento futuro. A empresa está testando um produto com vapor de CBD em Manchester.

"Eu acho que [vaporizar o CBD] é parte do futuro, mas o desafio atual é reduzir os danos nas alternativas de tabaco e nicotina, encorajando as pessoas a mudar."

No primeiro semestre, a gigante do tabaco teve um aumento de receita de 8,1%, chegando a £ 12,18 bilhões (cerca de R$ 92 bilhões).

Ela disse que mais de um terço de sua receita no Reino Unido agora vem de marcas como Vuse, Velo e glo.

A gigante tabagista também ganhou muitos novos clientes, principalmente com usuários de produtos sem combustão — como vapes — saltando de 2,6 milhões para 16,1 milhões de fumantes.


Mercado legal de cannabis movimenta bilhões de dólares em diversos países


Mudança no modelo

Análise de Dominic O'Connell, repórter de negócios da BBC


As grandes empresas tabagistas tentaram melhorar sua imagem com os investidores na última década. Eles tentam chamar a atenção para esforços com o objetivo de se livrar de cigarros prejudiciais à saúde, ao mesmo tempo em que os grandes pagamentos de dividendos aos acionistas ainda dependem das vendas de cigarros tradicionais.

Esse equilíbrio agora mudou decisivamente — pelo menos na publicidade das empresas.

Primeiro, a Philip Morris International e agora a BAT tentaram publicizar uma mudança para novos tipos de produtos menos nocivos à saúde, como tabaco vaporizado, aquecido em vez de queimado e, no caso da BAT, a cannabis.


30 de dez. de 2021

15.000 pessoas morreram por nossa celebração do objetivo




Uma coluna de Samira El Ouassil



Quem gosta de futebol não deve silenciar sobre os trabalhadores migrantes mortos no Catar. A Copa do Mundo ali realizada ocorre simbolicamente em seus túmulos.


Temos 15.000 motivos para boicotar esta Copa do Mundo. Em agosto de 2021, a Amnistia Internacional publicou um relatório intitulado "No auge da vida", que investigava as mortes de vários trabalhadores migrantes no Qatar. Os dados governamentais aí citados mostram que 15.021 não katarianos de todas as idades morreram no país entre 2010 e 2019 - as causas dessas mortes, no entanto, não são devidamente investigadas e as famílias ficam no escuro.

LOTT, O MARECHAL GOLPISTA - EDUARDO BUENO




O canal Buenas Ideias não apenas nada tem contra o Exército brasileiro, como respeita os militares. Desde que sejam legalistas, é claro, e não gorilas golpistas . Ainda assim, neste episódio, Eduardo Bueno vai contar a história por trás do único golpe militar “do bem” e descrever o papel desempenhado nele por um dos mais gloriosos personagens fardados desse país tão desregrado. Conheça melhor o grande marechal Lott, para quem o canal Buenas Ideias orgulhosamente bate continência! Até porque era um militar de alta patente - e sem registro de indisciplina no quartel!


Bibliografia: "O Soldado Absoluto" - Wagner William, editora Record "Marechal Lott: A Opção das Esquerdas" - Karla Carloni, editora Garamond "A Vida do Marechal Lott" - Salomão Jorge, editora Edigraf "Marechal Henrique Lott" - Major Joffre Gomes da Costa, edição do autor "Brasil: uma história" - Eduardo Bueno, editora Leya










 

A incansável jornada de Bolsonaro para cooptar as Forças Armadas – e o que esperar disso

O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, leu a mensagem de WhatsApp na manhã de sábado, 27 de março passado: o presidente Jair Bolsonaro insistia que o comandante do Exército, o general Edson Pujol, fosse demitido imediatamente. O presidente estava irritado com o silêncio do general. Queria que ele tivesse feito um pronunciamento público contra as tentativas dos governadores de decretarem lockdowns para combater o avanço da pandemia. A última vez que um presidente da República pediu a cabeça do comandante do Exército foi em 1977, no governo militar de Ernesto Geisel. O general Azevedo e Silva, que ocupava o cargo de ministro desde o início do governo, leu a mensagem de Bolsonaro em seu celular, mas manteve sua posição: não demitiria Pujol.

Bolsonaro martelou ao longo do fim de semana, enviando diversas outras mensagens ao ministro. Dizia que os lockdowns eram uma violência contra “a liberdade individual” e um atentado à “recuperação econômica”. Queria dar uma demonstração de força e mandar um recado aos governadores de que tinha o apoio dos militares. Mas o general Azevedo tentou explicar que o Exército não poderia e nem dispunha de meios para evitar que os governadores adotassem lockdowns, pois tinham amplo amparo legal para fazê-lo. Nada resolvia o impasse. As mensagens começaram a subir de tom. Com seu perfil conciliador, o general sugeriu que deixassem para conversar pessoalmente, no Palácio do Planalto, na segunda-feira.

A insatisfação de Bolsonaro com Pujol era antiga. No fim de abril do ano passado, durante uma visita ao Centro de Coordenação de Operações de Saúde, do Exército, em Porto Alegre, Bolsonaro estendeu a mão para cumprimentar Pujol, que, em vez de responder com o mesmo gesto, ofereceu-lhe o cotovelo, em respeito às medidas de contenção do vírus. Seria um desencontro banal, como aconteceu a tantas pessoas e tantas vezes na pandemia, mas não para um presidente que sempre fez questão de desprezar as orientações sanitárias. Bolsonaro jamais perdoou o general. O desacerto entre eles só aumentou ao longo dos meses seguintes. Compreendendo a gravidade da pandemia, Pujol se recusava a criticar as medidas de isolamento social em vigor nos estados, o que deixava Bolsonaro ainda mais irritado.

Na tarde de segunda, conforme ficara combinado por WhatsApp, o general Azevedo e Silva entrou no gabinete de Bolsonaro, no terceiro andar do Planalto. Nem foi convidado a sentar-se. “Fernando, quero o seu cargo”, disparou o presidente. O general ficou surpreso, mas não se alterou. “Pois não, presidente, o cargo é seu.” Como compensação ao general, com quem tinha uma amizade antiga, desde a década de 1970 quando cursaram a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), Bolsonaro ofereceu-lhe uma vaga num conselho de alguma estatal no Rio de Janeiro, cidade onde o ex-ministro tem apartamento. Azevedo declinou. O encontro transcorreu em clima frio e, ao final, o general fez um alerta. “Saiba que o senhor não irá colocar as Forças Armadas numa aventura”, disse. “O senhor não vai levar as Forças para a política.”

Edson Lopes In Concert Music by Weiss, Barrios, Pujol, Mertz, Legnani, Coste


 

Dança é poesia com braços e pernas. (Charles Baudelaire)

 

No palco ou no celeiro, aos pares, na fila, em círculo ou sozinhas - as pessoas dançam. O movimento do corpo humano seguindo uma certa sequência, um ritmo específico, é um código. A dança comunica valores de estética e simbolismo para um público que compartilha o sistema de código.



19 de dez. de 2021

Silêncio do Amanhã = QUARTA-FEIRA, 9 DE JUNHO DE 2 0 1 0

 Política sob um olhar filosófico

Hoje de manhã escrevi um artigo científico na minha prova de filosofia jurídica, achei o tema tão interessante que vale a pena tentar reproduzí-lo aqui, afinal, esse é um assunto que interessa a todos. Espero que apreciem:

Somos um Estado Democrático de Direito, isto é, os cidadãos participam da vida política, escolhem seus representantes – que proporcionam o bem à sociedade, garantem os direitos fundamentais e visam sempre melhores condições de vida – agindo nos limites da lei. Infelizmente afirmo que isso é uma grande utopia, deveria ser assim, mas ainda não é.

Aristóteles afirmava que o problema da democracia é a demagogia, ela é a arte de conduzir o povo a uma falsa situação, os políticos propõem aquilo que não pode ser posto em prática com o intuito de obter benefícios: chegar ao poder. E é justamente o poder que dificulta a aplicação completa do princípio democrático.

A verdade é que todo mundo busca esse poder, ele gera ambição e faz com que o homem queira alcançá-lo de qualquer forma e perca os escrúpulos ao conquistá-lo, sendo capaz de tudo para não o perder. Essa simples explicação de Maquiavel nos mostra o que realmente move a política; são raros os políticos que verdadeiramente visam o bem ao próximo e não se importam com o status e aplausos.

A questão é que vivemos em uma “servidão voluntária” (Etienne de La Boetie), somos livres, mas acabamos nos submetendo aos atos desumanos, por medo, por costume e principalmente pelo fascínio (as pessoas se deslumbram diante do poder, são capazes de agir contra seus princípios quando se sentem comovidas). E, enquanto não tomarmos uma atitude para extinguir essa obediência desproporcional, continuaremos vivendo cercados de corrupção e longe da harmonia social, não podemos ser persuadidos por falsas promessas!

Em campanhas eleitorais, os candidatos utilizam o ensinamento de Maquiavel de que a política é a arte do conhecimento, eles conhecem as pessoas para as quais vão falar e sabem o que e como dizer (capacidade de antevisão). E também, os pólos da semiótica: já conquistaram o etos (credibilidade); durante o discurso atingem o patos (fragilidade, o ponto fraco do auditório) e pelo logos transmitem seus objetivos com a finalidade de conquistar os votos. Eles realizam um discurso sofista, não se preocupam com a verdade, e sim com o que as pessoas querem ouvir; Parmênides de Élea chamava isso de dóxa (dar opinião sem se importar com a veracidade), e por ela estar ligada a incontinência, acaba levando o povo à ruína.

Contudo a lição que a maioria dos políticos se esqueceu de aprender foi dada há muito tempo por Platão: o poder não deve ser exercido com paixão e agressividade, e sim com shopia (sabedoria), phronesis (prudência da ação) e dike (justiça), pois só assim se atingirá o bem comum.

Compete a nós cidadãos, encontrar a minoria que pratica esse ensinamento, afinal, escolhemos nossos representantes, devemos analisar quem realmente são e não nos deixar seduzir pelos seus discursos ilusórios. Precisamos votar com consciência, isto é, eleger os candidatos que deram provas concretas ao longo dos anos de que são fiéis aos princípios democráticos e aos clamores da população.

A utopia social democrática precisa deixar de ser sonho e se tornar realidade, esse é um processo complexo e demorado, todavia é o único caminho para atingir a nossa finalidade: o bem comum, a felicidade! Devemos colocar no poder quem já demonstrou que sabe se comportamento de maneira ética, talvez assim, o bom exemplo se alastre.

Estamos mais uma vez em ano eleitoral, e não podemos nos esquecer que nosso país tomará o rumo que daremos a ele. A decisão pertence a cada um de nós, as conseqüências são exclusivamente nossas, se a escolher for ruim, sofreremos a angustia, o desespero e o desamparo (pensamento sartreano): porque ninguém decide pelo outro e nem resolve o problema alheio.