O cantor Prince
passou os últimos dias de vida trabalhando em seu estúdio, por seis dias
seguidos, sem descanso.
O artista foi
encontrado morto em sua casa, em Paisley Park, aos 57 anos, dentro do elevador
que dava acesso ao seu estúdio. A autópsia foi realizada na sexta-feira (22),
mas a causa da morte ainda não foi confirmada.
Maurice Phillips,
casado com a irmã de Prince, Tyka, afirmou ao tabloide britânico "The
Sun", após a cerimônia de cremação, que o cantor "trabalhou por 154
horas seguidas". "Eu estive com ele na semana passada. Ele era um bom
cunhado", afirmou.
A polícia está
investigando a morte, mas já descartou a suspeita de suicídio.
Visita a loja
Há exatamente uma
semana, Prince visitou a loja de discos Fetus Elétrica, em Minneapolis, em
pleno Record Store Day. O funcionário Max Timander disse à Press Association
que o cantor não estava com uma boa aparência.
"Todo mundo com
quem eu falei naquele sábado disse que ele parecia um pouco pálido, e que não
estava totalmente em sua melhor forma, como normalmente era. Parecia que ele
fraco. Eu sei que ele tinha acabado de se recuperar de uma suposta gripe",
disse.
Prince saiu da loja
com clássicos da música, como "Talking Book", de Stevie Wonder,
"Hejira", de Joni Mitchell e "Santana IV", do guitarrista
Carlos Santana, além de coletâneas de músicas gospel.
Causa da morte
Prince foi
encontrado desacordado no elevador do complexo onde morava e mantinha seu
estúdio, em Minneapolis, na quinta-feira (21). A causa da morte não foi
divulgada, mas o site "TMZ', especializado em celebridades, especula que
Prince pode ter sofrido uma overdose de Percocet, analgésico forte e altamente
viciante.
De acordo com o
"TMZ", o avião que transportava Prince após seu último show em
Atlanta, no dia 14, precisou fazer um pouco de emergência para socorrê-lo em um
hospital após o artista ter ingerido uma dose alta do analgésico. A informação
contraria a versão divulgada pelos representantes de Prince, de que ele foi
tratado por uma forte gripe.
Segundo o
"TMZ", fontes diversas dizem que Prince se viciou no remédio após ter
um problema no quadril. Ele teria, inclusive, feito uma cirurgia de correção na
região por volta de 2010.
O site flagrou
Prince no estacionamento de uma rede de farmácias bastante popular nos Estados
Unidos horas antes de sua morte, no final de tarde de quarta (20).
Testemunhas dizem
que o cantor aparentava estar mais frágil e nervoso do que o habitual. Ele
teria ido à farmácia por quatro vezes na última semana de vida.
Trajetória
Filho de um músico
de jazz, Prince Rogers Nelson nasceu em 1958, em Minneapolis, nos Estados
Unidos, e logo na adolescência montou uma banda com vizinhos e um primo, o
Grand Central. Já de início, carregava na parte instrumental extensa bagagem de
influências, que iam de James Brown a Jimi Hendrix. Exímio instrumentista, foi
eleito 33º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista norte-americana
"Rolling Stone".
Aos 19 anos, lançou
o álbum de estreia, "For You", em 1978, seguido de "Prince"
(1979), "Dirty Mind" (1980) e "Controversy" (1981),
movimentando a cena musical com seu som característico: baladas funkeadas com
sintetizadores, letras provocativas e falsete.
Emplacou os hits
"Why You Wanna Treat Me So Bad?" e "I Wanna Be Your Lover"
nas paradas norte-americanas e se tornou um fenômeno pop dois anos depois, com
o filme "Purple Rain" e a trilha sonora de mesmo nome. O longa
contava uma história autobiográfica, sobre um roqueiro problemático de
Minneapolis com problemas familiares.
Com a força dos
singles "When Doves Cry" e "Let Go Crazy", o álbum vendeu
mais de 20 milhões de cópias em todo o mundo. "Purple Rain", a
canção, ganhou o Oscar e se tornou uma das baladas memoráveis do rock.
Em 1986, lançou um
novo filme, "Sob o Luar da Primavera", sem repetir o sucesso. O disco
"Parade", que servia como trilha, se saiu melhor e imortalizou o
sucesso "Kiss".
Mesmo com sucessos
na parada, Prince sempre foi na contramão da indústria musical. Costumava
formar bandas para acompanhá-lo nos projetos e chegou a trocar o próprio nome
para um impronunciável glifo —uma união dos símbolos do sexo masculino e
feminino.
A mudança tinha como
alvo a gravadora Warner, com quem o artista travou uma briga pública e
constantemente chamava de "escravidão" o contrato assinado com a
multinacional.
Em 2001, Prince se
tornou Testemunha de Jeová e se mudou para Los Angeles para "entender
melhor a indústria da música".
Nos 15 anos
seguintes, lançou 15 álbuns em que experimentou gêneros diversos e parcerias
com artistas contemporâneos, como Lianne La Havas e Rita Ora.
No ano passado,
decidiu retirar toda a discografia das plataformas de streaming e os icônicos
clipes do YouTube e da Vevo. Manteve seus discos apenas no Tidal, serviço de
streaming de Jay-Z, e no iTunes, da Apple.
Nos últimos meses,
excursionava com o show "piano e microfone" para promover seu último
álbum, o 39° da carreira, "HITnRUN Phase Two", lançado em dezembro de
2015. O single "Baltimore" menciona a morte do jovem negro Freddie
Gray pela polícia norte-americana.