10 de fev. de 2017
9 de fev. de 2017
Barbacena se fortalece resgatando cultura Puri
O Subsecretário
de Cultura do município de Barbacena, Cleb Braz de Andrade, e o presidente do
Sindicato dos Trabalhadores e Empregados Rurais de Barbacena e Região (Sinter),
Márcio José da Silva participaram de um encontro com a Associação Regional da
Comunidade Remanescente de Índios Puris, em Padre Brito. O assunto foi o
festival de comidas típicas da etnia, que será realizado no dia 23 de abril, em
Padre Brito.
Os índios
Puris são os primeiros habitantes de nossa região e o evento é uma forma de resgatar
uma cultura que já se perde.
Os Puris só se envolviam em guerras para defender seu território.
O nome Puri quer dizer "Povo pequeno" por causa da estatura e do tipo físico dos mesmos.
Antes de uma descrição mais aprofundada dos Puris
torna-se necessário fazer uma descrição do local que eles habitavam. Antes do
homem branco descobrir o Brasil, os nativos, o denominavam de Pindorama (Terra
das Palmeiras), posteriormente, devido a criatividade religiosa dos portugueses
recebeu outros nomes como; Ilha de Santa Cruz, Terra de Vera Cruz e finalmente
Brasil. Durante o período histórico das Entradas e Bandeiras esta região que
hoje é conhecida como Zona da Mata, na época era chamada pelos portugueses como
“Sertão do Leste das Gerais” e como o Sertão do Leste era muito amplo, foi
subdividido em área menores também chamadas de Sertões, . As Minas logo foram
distinguidas das Gerais, que passaram a referir-se aos muitos sertões que se
espraiava por todas as direções, tendo como contraponto os núcleos urbanos
interligados por caminhos conhecidos e trafegados que formavam o eixo central:
o Sertão do Retiro da Mandioca, no sul de Minas, o Sertão da Farinha Podre,
atual Triângulo, o Sertão de São Francisco, o Sertão do Cuieté e o Sertão dos
Arrepiados no leste,ou seja, a região da serra do Caparaó, em que manhumirim
está localizado. Naquele período de 1500 a 1800, esta região foi mantida
isolada pelo Governo Português com a finalidade de criar uma barreira natural
entre Vila Rica de Ouro Preto e o litoral capixaba, dificultando assim o
contrabando de ouro e possíveis invasões das ricas minas descobertas no
interior das Minas Gerais. Por este motivo, a Zona da Mata Mineira foi a última
região do Brasil a ser desbravada e colonizada. Com a entrada dos Portugueses
no litoral capixaba, os nativos se embrenharam nas matas do interior e se
refugiaram nos Sertão dos Arrepiados onde o homem branco ainda não havia se
instalado, o local recebeu este nome devido ao corte de cabelo usado pelos
puris que vieram do litoral capixaba, mas a região já era habitada pelos Puris
Coroados que cortavam os cabelos como uma coroa.
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8 de fev. de 2017
Freira é ameaçada de morte após dizer que Maria não morreu virgem
Declaração em programa de TV gerou pedido
que ela fosse expulsa de ordem católica
A
participação da freira Lucía Caram em um programa de televisão da Espanha teve
grande repercussão por ter contrariado antigos dogmas da Igreja Católica
Apostólica Romana. Ela conversava com Risto Mejide, apresentador do programa
Chester in Love, sobre o celibato. Ao falar sobre família, mencionou a mãe de
Jesus, afirmando: “Acredito que Maria estava apaixonada por José. Acredito que
eram um casal normal”.
Questionando
sobre o relacionamento deles, Risto disparou: “Tiveram relações sexuais?”. A
resposta de Caram foi: “Bem, se digo que sim, irão me criticar, mas acho que é
uma coisa normal num casal”. Contudo, deixou claro que tratava-se de uma
questão: “É difícil de acreditar e difícil de aceitar. Isso acaba com as regras
que inventamos sem chegar à verdadeira mensagem.”
Caram
enfatizou que a sexualidade foi algo dado por Deus como parte fundamental de
cada indivíduo. Porém, a igreja sempre lutou contra isso. “Acho que a igreja
tem tomado uma péssima atitude sobre o assunto por um longo tempo e jogado o
assunto para baixo do tapete. Se tornou algo sujo e oculto. Foi a negação do que
eu acredito ser uma bênção.”
A insinuação
da freira que Maria não morreu virgem gerou a ela uma repreensão de um bispo
espanhol, bem como de ordens marianas da Espanha, da Argentina e Chile. Por
isso, semanas depois, ela teve de pedir desculpa e esclarecer o que quis dizer.
Ela vive na
Espanha há muitos anos, sendo muito conhecida por causa de seus livros. Nas
redes sociais acumula mais de 180 mil seguidores. Contou que recebeu ameaças e
que foi realizada uma petição para que fosse suspensa de sua ordem religiosa. A
irmã Lucía divulgou uma carta aberta, comentando a polêmica e se disse
preocupada com a “leitura fragmentada, ideológica e perversa” que alguns
fizeram das suas palavras.
A freira
destaca que teve oportunidade de falar da “vivência alegre do celibato” e da
sua “fidelidade à opção de vida” que escolheu. Deixou claro também: “Desejei
manifestar que não me escandalizaria se ela [Maria] tivesse tido uma relação de
casal com José, seu marido”.
Em sua
carta, Lucía denuncia o que chamou de grupo de hereges sedentos de vingança e
animados pelo ódio, que a encheram de calúnias e das mais diversas formas de
ameaça.
“Estou dando
o melhor da minha vida a serviço do Evangelho e creio que esta mensagem que
gostaria de passar: somos homens e mulheres, livres para amar, e chamados para
servir de diversos modos”, finalizou.
Maria teve
outros filhos
Apesar de o
assunto incomodar os católicos, os evangélicos nunca tiveram problema em entender
que Maria não morreu virgem. Existem textos do Novo Testamento que mencionam
literalmente os “irmãos de Jesus”: Tiago, José, Judas e Simão (Mc 6,3; Mt
13,55). São citadas ainda “irmãs de Jesus”, mas seus nomes não figuram nos
Evangelhos.
A controvérsia
teológica que divide os católicos está no entendimento do termo grego
“adelfoi” [irmãos], que para os
católicos significaria primos. Se esse fosse o caso o termo deveria ser
‘anepsios’, o que não é encontrado em nenhum dos textos conhecidos.
O dogma da
Igreja Católica decretou no Concílio Lateranense, no século VII, a virgindade
perpetua de Maria, que passou a ser chamada de Imaculada. Se Maria tivesse
continuado virgem depois de ter dado à luz a Jesus, não pode ter tido outros
filhos.
Irã ameaça Trump e diz que destrói Israel em 7 minutos
República islâmica afirma que se
sofrer ataque americano retaliará
contra Estado Judeu
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Mojtaba Zonour,
membro da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Irã. (Foto: Fars) |
Um alto
oficial do governo iraniano advertiu nesta final de semana que Teerã pode
retaliar contra Israel, se os EUA lançaram um ataque militar contra o Irã.
Mojtaba
Zonour, membro da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Irã,
além de ex-oficial da Guarda Revolucionária Islâmica, contou que já existem
mísseis iranianos prontos para atingir Tel Aviv em menos de sete minutos.
Como
Jerusalém é considerada sagrada no Islã, os muçulmanos visariam a cidade
costeira israelense e a base militar dos EUA no Bahrein “se o inimigo cometer
um erro”. “Apenas sete minutos são necessários para que nossos mísseis atinjam
Israel”, ressaltou.
Os
comentários de Zonour foram feitos durante um exercício militar da Guarda
Revolucionária destinado a mostrar seus novos sistemas de mísseis e radares na
província de Semnan, norte do Irã.
Os
exercícios militares aconteceram um dia depois que o presidente dos EUA, Donald
Trump, impôs sanções ao Irã em resposta a um recente teste com mísseis. As
sanções atingem dezenas de pessoas e
empresas.
No sábado,
outro alto funcionário do exército iraniano ameaçou os EUA. O general Amir Ali
Hajizadeh, chefe da divisão de espaço aéreo, disse que as críticas de
Washington aos recentes testes com mísseis iranianos eram “um pretexto para
mostrar sua animosidade em relação a nós”. Enfatizou ainda que “fazemos
esforços 24 horas por dia para defender a segurança do nosso país e se o
inimigo cometer qualquer erro, nossos mísseis choverão sobre eles.”
O Irã testou
no domingo passado um míssil de médio alcance que, segundo a Casa Branca,
violou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU proibindo mísseis que
poderiam transportar um dispositivo nuclear.
A República
Islâmica vem fazendo testes com mísseis balísticos e recentemente comprou
urânio o suficiente para construir 10 bombas atômicas. Mesmo assim, nega que
esteja violando o acordo nuclear de 2015 feito com as potências mundiais e as
resoluções da ONU.
Israel, por
sua vez, instalou recentemente o mais poderoso sistema antimísseis do mundo,
apelidado de Star Wars. O Arrow 3, co-produzido com a Boeing, pode abater
inclusive mísseis vindos do espaço.
Petista se recusa ler a Bíblia em sessão de Câmara dos Vereadores
Vereadora saiu em defesa do Estado
Laico e sugeriu que fossem
feitas
leituras do Alcorão e textos ateístas
Durante a
primeira sessão ordinária do ano na Câmara Municipal de Araraquara (SP), a
vereadora Thainara Faria (PT) anunciou aos demais vereadores que não fará a
leitura da Bíblia. O regimento interno da casa prevê a leitura do livro como
parte da abertura dos trabalhos parlamentares. O “rodízio” obedeceria a ordem
alfabética.
“E se ao
invés de chamarmos o vereador para ler um trecho da Bíblia, a gente chamasse um
vereador para vir aqui e encarnar um caboclo e falar a palavra de outras
religiões?”, provocou a petista, que se declara “católica praticante”.
Em
seguida, justificou: “Não posso doutrinar minha religião aos outros, isso é um
erro. (…) Eu não posso colocar meus interesses particulares e pessoais de
religião no ambiente político, isso é um erro”.
Pelo regimento,
qualquer vereador que não deseje participar do rodízio, basta solicitar a
retirada de seu nome da lista.
A
estudante de direito Thainara, aos 22 anos é a mulher mais jovem e a primeira
negra a ocupar uma cadeira na Câmara de Araraquara. Em seu primeiro discurso,
ela defendeu que o Brasil é um Estado Laico e, por isso, todas as entidades
governamentais devem ser neutras em relação às religiões.
Curiosamente,
ela sugeriu aos outros 17 vereadores que a Câmara deveria fazer a leitura de
outros livros sagrados, como o evangelho kardecista, o Alcorão e até mesmo
textos sobre o ateísmo.
Câmara
O
presidente da Câmara da cidade, Jeferson Yashuda (PSDB), explica que regimento
interno da casa desde 2006 prevê a leitura da Bíblia nas sessões. “Foi passada
uma lista para todos os vereadores e eles assinalaram que desejariam, por ordem
alfabética, ler um trecho da Bíblia. A vereadora Thainara fez a opção
contrária. Na verdade, muitas vezes ninguém perceberia que ela não estaria
fazendo, porém ela quis manifestar sua opinião e nós respeitamos a opinião
dela”, assevera.
Segundo
Yashuda, que está no segundo mandato, é a primeira vez que alguém se posiciona
contra a leitura nos últimos anos. “A manifestação dela que causou surpresa,
causou essa repercussão toda”.
7 de fev. de 2017
1 de fev. de 2017
LISTA DA ODEBRECHT
POLITICOS
RELACIONADOS NA LISTA DA ODEBRECHT
POR
PARTIDOS -
DEM 16
PC do
B 09
PDT
11
PMDB
41
PMN
01
PP
22
PPL
01
PPS 05
PR 04
PRB 03
PSB 17
PSC 03
PSD
11
PSDB
48
PSC
01
PSOL
01
PT
76
PTB 03
PTC 01
PT do
B 01
PTN 03
PV 09
REDE 01
SOLIDAR. 02
S/PARTIDO 02
N/IDENTIF. 06
TOTAL 298
Nesta
relação além dos políticos na ativa tem também;
EX-SENADOR,
EX-GOVERNADOR, DEPUTADO FEDERAL LICENCIADO, EX-PREFEITO, EX-MINISTRO,
EX-VEREADOR, EX-CANDIDATO, SUPLENTE DE DEPUTADO.
Ódio ódio e ódio!
Candidato
do PSC à prefeitura do Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro (RJ), passou mal
durante o segundo bloco do debate realizado na noite desta quinta-feira (25) na
TV Band Rio. Em seu momento de responder a uma pergunta, ele começou a tremer e
oscilar, sendo segurado pelos concorrentes Jandira Feghali (PCdoB) e Carlos
Osório (PSDB). Após perceber que Flávio passava mal, o apresentador encerrou o
bloco e chamou os comerciais. Segundo informações do jornal Extra, Jandira, que
é médica, chegou a tentar socorrê-lo, mas foi impedida pelo pai do postulante,
o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-Rio), seu adversário político. “Flávio
Bolsonaro acaba de passar mal no debate. Como médica tentei socorre-lo, mas o
pai negou. A que ponto chegamos. #DebateBandRio”, postou a comunista em sua
conta no Twitter. Na volta do intervalo, a deputada relatou aos telespectadores
o que ocorreu. "Não gostaria de terminar essa resposta sem denunciar o que
aconteceu no intervalo", disse Jandira. "O deputado Flavio Bolsonaro
passou mal e eu me ofereci como médica para ajudá-lo. Mas o pai dele, Jair
Bolsonaro, disse que ele não precisava dos meus cuidados".
IBGE: Brasil já tem 206 milhões de habitantes
O Brasil tem 206,08 milhões de
habitantes, segundo dados divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estimativas publicadas no Diário
Oficial da União indicam que o país tinha, em 1º de julho deste ano,
206.081.432 habitantes. No ano passado, a população era de 204.450.649.
São Paulo, o estado mais populoso do
país, tem 44,75 milhões de habitantes. Mais cinco estados têm populações que
superam os 10 milhões de habitantes: Minas Gerais (21 milhões), Rio de Janeiro
(16,63 milhões), Bahia (15,28 milhões), Rio Grande do Sul (11,29 milhões) e
Paraná (11,24 milhões).
População dos estados
Três estados têm populações menores do
que 1 milhão: Roraima (514,2 mil), Amapá (782,3 mil) e Acre (816,7 mil).
As demais unidades da Federação têm as
seguintes populações: Pernambuco (9,41 milhões), Ceará (8,96 milhões), Pará
(8,27 milhões), Maranhão (6,95 milhões), Santa Catarina (6,91 milhões), Goiás
(6,69 milhões), Paraíba (4 milhões), Amazonas (4 milhões), Espírito Santo (3,97
milhões), Rio Grande do Norte (3,47 milhões), Alagoas (3,36 milhões), Mato
Grosso (3,3 milhões), Piauí (3,21 milhões), Distrito Federal (2,98 milhões),
Mato Grosso do Sul (2,68 milhões), Sergipe (2,26 milhões), Rondônia (1,79
milhão) e Tocantins (1,53 milhão).
A PREMONIÇÃO POLÍTICA DE MACHADO DE ASSIS/ José Arrabal
Na
última semana de agosto, em 1961...
(Com o Brasil sob ameaça de uma guerra civil devido à renúncia do Presidente Jânio Quadros e à pretensão golpista dos comandantes das Forças Armadas dispostos a impedir a posse legal do Vice-Presidente João Goulart por ele ser um homem de feitio nacionalista, político popular associado aos interesses dos trabalhadores.)
...nós, na quarta série ginasial, em Mimoso do Sul, certamente nos intrigamos quando a professora de Português entrou na sala e, conforme era seu costume, desta vez escreveu no quadro negro:
“Sou eu a louca?
Ou vocês, os loucos?
Nossa cidade? O país inteiro?
Quem? Quem?
Vejamos!”
Logo desconfiamos que ela se referia a Jânio Quadros, tipo certamente um tanto
biruta, famigerado demagogo que, nas eleições presidenciais do ano anterior,
empunhando farsante vassoura de varrer corruptos, enganara e encantara o
Brasil.
“Varre
varre vassourinha
Varre
varre a bandalheira!
..........................................”
(Eram
esses os versos iniciais da sedutora canção moralista e ilusória do falso
faxineiro que coube à história desmascarar, mostrar quem realmente era o tipo,
lamentável e ridícula presença na vida política do país.)
Presidente
eleito com expressiva votação dos muitos que caíram na traiçoeira conversa de
sua demagogia varredora, Jânio Quadros, naquele final de agosto de 1961,
surpreendera o país ao se abortar do cargo apenas sete meses após sua animada
posse em Brasília.
(Na
verdade com a inesperada renúncia ele pretendia um amalucado golpe de Estado a
seu favor e contra a democracia no Brasil.)
De
fato nos enganávamos...
Eram
bem mais interessantes as intenções da mestra ao falar de loucos.
(Jamais
esqueço os tensos dias vividos entre a renúncia de Jânio e a posse de Jango.
Lembro de tudo nos mínimos detalhes.
No
rádio a voz valente e audaciosa do governador gaúcho, Leonel Brizola,
denunciando, enfrentando e desmontando a conspiração golpista dos comandantes
militares.
Na
ruas, boataria sem fim, temores, revoltas, manifestações populares.
Jango,
no exterior, retornando devagar ao Brasil...
até chegar!
Enfim,
Jango Presidente e o golpe de Estado derrotado...
...
ou adiado, pois aconteceu tempos mais tarde.
Ocorrências
presentes em minha memória.
Na
véspera da instigação da mestra em sala de aula, à tardinha Antônio Miguel,
lavrador, homem simplório, brincalhão, sempre bem humorado, getulista de
nascença e vida inteira, primo de papai, vindo de seu sítio perto da cidade,
sem apear do cavalo, gritara da rua defronte nossa casa:
-
Primo Juca! Você não sabe da maior! Vai
gostar de saber!
Papai não demorou a atendê-lo:
-
O que foi, Antônio? – perguntou, junto de mim. - Desce do animal, vem jantar
conosco. Tem frango com quiabo. Sei que você gosta.
O
primo não desceu do cavalo.
Rindo,
tratou de contar a novidade:
-
Negócio seguinte... Diz o povo que o maluco do Jânio, em vez de varrer os
corruptos, pegou a grana no cofre do palácio, montou na vassoura dele e que nem
bruxa velha fugiu de volta pra São Paulo com a mala cheia. Tá explicada a
renúncia! – gargalhou irônico.
-
Pode ser.... pode ser.... – papai riu da invencionice. – Voz do povo é voz de
Deus... – completou sem polemizar, preocupado com as notícias que assombravam o
país ameaçado por um golpe de Estado.
-
Você acha que Jango toma posse? – quis saber Antônio Miguel.
-
Não sei... mas creio que no fim todos se ajeitam e dão posse a Jango. É o
certo! – papai conciliou.
-
Espero... espero mesmo... Eles têm obrigação de empossar o homem. É o Vice, ué!
Calado não fico. Sei me armar, se houver golpe. Tenho em casa duas garruchas
novas e minha espingarda está carregada, prontinha para o que der e vier! –
retrucou o primo, virando o cavalo, indo na direção de seu sítio, após dado o
recado.
-
Não diz bobagem, Antônio! - a tempo papai gritou temendo as consequências da
tagarelice do parente. – Cuidado com o que fala por aí!)
Na
sala de aula, um colega, filho de Seu Ernesto, eletricista da prefeitura,
comentou o que a professora escrevera na lousa:
-
Louco é o Mata-Sete, Dona Laerce! Doido eu não sou! Nem a senhora!
Todos
rimos.
-
Mata-Sete é outra história que merece atenção devida - observou a mestra.
(Melhor
explicar:
Mata-Sete
era um tipo grandalhão, velhote moreno cor de índio.
Às
vezes aparecia em Mimoso do Sul sempre agasalhado numa capa gaúcha fizesse frio
ou calor. Trazia a cabeça coberta por chapéu negro de grande aba e na mão um
comprido cajado, mais um picuá com pertences nos ombros. Tinha os pés calçados
em botas de cano longo onde escondia as pontas das pernas da calça de feltro
grosso.
Chegava
cedinho, antes do amanhecer, após viagem no trem Expresso que vinha do Rio em
direção a Vitória, capital do estado.
Da
estação ferroviária caminhava até o fim da rua da Serra onde havia uma pedreira
de pouca altura encostada num barranco perto da saída da cidade.
Subia
na pedreira e de pé abria as pernas, levantava os braços para o céu e tal qual
uma estátua viva punha-se a gritar:
-
Eis-me aqui! Eis-me aqui! Eis-me aqui de volta! – gritos graves por mais de
hora que despertavam quem ainda dormia.
Disto
descia da pedreira e desde então passava alguns dias na cidade pedindo o que
fosse – comida, roupa, dinheiro, prendas – com educação e não menor dignidade,
imponência que lhe concedia a capa gaúcha.
Ninguém
sabia onde dormia. Diziam que na Champruca, a zona de meretrício, o que as
putas desmentiam indignadas insinuando que ele era lobisomem.
De
repente Mata-Sete sem aviso prévio sumia...
...até
voltar noutra ocasião com seu bem gritado “Eis-me aqui!”.
Quando
criança, temia Mata-Sete.
Se
aparecia na rua ou em casa, logo me escondia, não menos curioso por saber quem
eram os tais sete que ele havia matado.
Uns
asseguravam que novo ele fora fiel capanga de poderosos fazendeiros, ricaços
violentos em Miracema ou Sapucaia, no estado do Rio de Janeiro.
Que
de fato tinha sete mortes nas costas, sete vezes sete, setenta e sete, um
número sem fim de infelizes que matou.
Tudo
boato, disse-me-disse carente de prova suficiente que desse razão a meu temor
de infância.
Mamãe
sossegava minha cisma:
-
Pobre homem... É só um pedinte... Acho que nunca matou ninguém – ponderava. -
Mata-Sete mais parece nome de inseticida, remédio de matar barata, pernilongo,
pulga, mutuca, percevejo, carrapato e piolho. Coisa assim, não mais.
Desconfiado
não ousava uma aproximação.
Adolescente,
perdi o medo. Em vão tentei entrevistá-lo certa vez.
Negou-se
a contar a história de sua vida que sempre me intrigou e agora só resta
inventar.
Hoje
Mata-Sete é personagem de romance inacabado – “Santa Dina de Campos dos
Goytacazes” - livro que pretendo terminar de escrever não sei quando.
Vamos
ver...)
Os
loucos da professora de Português eram outros...
Chegaram
até nós em setenta páginas datilografadas que a mestra distribuiu
aleatoriamente na sala de aula com apenas a primeira página numerada.
As
demais 69 páginas tinham sempre alguma dica que associava uma página anterior à
posterior.
Às
vezes uma frase terminava com feliz coerência noutra página.
Ora
uma palavra tinha sua última sílaba na folha seguinte.
Lances
assim e não só isso. Verdadeiro quebra-cabeças.
Com
animado empenho, viva agitação, divertido corre-corre e felizes descobertas,
enfim reunimos as setenta páginas na ordem devida.
Resolvido
o quebra-cabeças, fomos informados de que se tratava do texto de O Alienista,
um dos melhores contos de Machado de Assis, narrativa com ampla significação de
interesse bastante atual.
Vale
sempre ler...
...
essa divertida alegoria histórica dos desatinos do Doutor Simão Bacamarte,
“filho da nobreza da terra”, médico alucinado, intransigente moralista que,
subsidiado por rendoso financiamento da Câmara de Vereadores, construíra no
vilarejo de Itaguaí um hospício de grandes proporções – a Casa Verde – onde,
tal qual um juiz inquestionável com sua douta ciência positivista da saúde
moral e mental alheia, passou a recolher
no hospício, trancafiar atrás de suas grades e medicar os ditos loucos do
povoado conforme seu seletivo e totalitário diagnóstico.
História
que nos seduziu desde a montagem do quebra-cabeças agrupando as páginas da
narrativa.
Curiosos
passamos cinco aulas lendo e comentando o texto do conto.
(Com
João Goulart enfim já empossado Presidente da República, sem golpe militar ou
guerra civil no Brasil; posse contudo meia-boca, submissa a um Parlamentarismo
imposto por mentes reacionárias do país. Parlamentarismo que não durou dois
anos completos, rejeitado pela maioria absoluta do povo brasileiro num
plebiscito votado em 1963.).
Às
vezes as páginas da história eram lidas por nós em voz alta na sala de aula.
Tantas outras vezes eram relidas pela própria professora que no decorrer dessas
leituras aproveitava seus momentos precisos para falar de Machado de Assis, de
sua vida e importância histórica, de sua literatura, contos, romances, poesias.
Na
ocasião selecionamos as palavras estranhas de O Alienista (entre outras,
longanimidade, estipêndio, pundonoroso, labéu, albardas, louvaminhas,
pintalegrete, alvitre, tufularia, enfunado)...
...fomos
ao dicionário à cata do significado desses vocábulos antigos já em desusos, mas
que mereciam ser conhecidos por nós na aprendizagem da viva mobilidade do
idioma.
Também,
no curso das aulas, nos inteiramos do ciúme doentio de Bentinho, em Dom
Casmurro, do ceticismo político do escritor ao tratar dos últimos anos do
Império e da passagem para a República, em Esaú e Jacó e Memorial de Aires, da
ironia acentuada nas memórias do defunto Brás Cubas.
Conhecemos
o comovente poema de Machado em homenagem a sua esposa Carolina... além de
outras tantas proveitosas referências presentes na obra do escritor. Deveras
fizemos uma boa viagem pelo universo literário machadiano.
Lembro
que nos divertimos um bocado simpatizados com os ditos loucos vitimados pelas
sentenças seletivas do prepotente médico de O Alienista:
...dentre
eles, um certo moço que após almoçar “fazia regularmente um discurso acadêmico
ornado de tropos, antíteses, de apóstrofes”, ora em Grego, ora em Latim,
citando Cícero, Apuleio e Tertuliano...
...mais
um tal Falcão que se imaginava uma estrela d’alva, abria os braços e alargava
as pernas para dar-se feição de raios estrelares e assim ficava horas
esquecidas...
...
e um tipo que vivia a proclamar sua grandeza genealógica desde a origem no rei
Davi... mais um pobre e generoso homem dado a distribuir de presente a toda
gente bois e vacas que não possuía...
...em
meio a tantos presos no hospício de Itaguaí, lá estava o Garcia, suposto louco
sempre em silêncio pois caso um dia – no seu entender – dissesse algo “todas as
estrelas despejariam do céu e abrasariam a terra”, tal era o poder que recebera
de Deus.
-
Este, se falante e letrado, seria também escritor... – ousei afirmar em
oportuna ocasião na sala de aula.
Os
colegas riram um bocado do que eu dissera.
A
mestra adiantou-se a meu favor:
-
Tem razão! Essas vítimas de Bacamarte são bem imaginosas!
Passamos
a imitar as tais doidices no recreio, em casa ou com colegas nas ruas, o que
instigava nossa criatividade. Certa vez três alunos posaram de estrela d’alva
instantes antes do início da aula de Matemática, o que intrigou o Professor
Humberto Capai, mestre da disciplina, ao chegar e se divertir com a explicação que
demos. Louvou a chacota dos alunos. Elogiou o trabalho da professora. Reafirmou
que o conto de Machado de Assis era uma obra prima da nossa Literatura.
O
fato é que rapidinho constatamos em O Alienista a abusada prepotência do Doutor
Simão Bacamarte para quem todos eram loucos em Itaguaí, desde os mais furiosos
e os mais exóticos até os modestos, os tolerantes, os leais, os magnânimos e os
sinceros. Todos, enfim...
...sem
exceções na proclamada corrupção psíquica dos habitantes do lugarejo, conforme o
médico sentenciava e levava à prisão com seu autoritário mando de juiz.
“Sou eu a louca?
Ou vocês, os loucos?
Nossa cidade? O país inteiro?
Ou somente alguns?
Quem? Quem?
Vejamos!”
-
Esse Bacamarte é um Hitler! - comentou certa vez uma colega – Vânia Nassur – em
sala de aula.
-
Hitler é um deles. Há muitos Bacamartes infernizando o mundo. Mandantes
oportunistas criando bodes-expiatórios por conta de suas moralidades e rendosos
preconceitos seletivos, juízos plenos de má fé – completou a professora iluminando
para nós a sábia alegoria de O Alienista, narrativa atualíssima com evidência
especial nestes nossos dias de 2016 no país.
Hoje
basta ler ou reler o conto para constatar que assim acontece.
Chegamos
ao fim da leitura de O Alienista entusiasmados com Machado de Assis, dispostos
a conhecer outros contos e até mesmo os romances do escritor.
Alguns
desses contos já eram meus conhecidos, apresentados tempos antes por papai nos
saraus de leitura em casa.
Já
seus romances principiei a ler após a festa de O Alienista.
Em
outubro do mesmo ano li Memorial de Aires numa edição que havia em nossa
biblioteca. Foi o primeiro dos romances machadianos lidos por mim, justamente o
último escrito por ele, creio que seu melhor livro.
É
obra que sempre releio com permanente encanto.
Encanto
que me encaminhou à leitura de Esaú e Jacó, romance associado ao Memorial de
Aires.
Gostei
menos, mas gostei e reli mais vezes ao longo da vida.
Na
oportunidade seguinte, já nas férias de fim de ano, encorajado por papai, li
Memórias Póstumas de Brás Cubas, que se tornou admirável na medida em que
avançava lendo.
Daí,
por consequência evidente, trouxe Quincas Borba para ler.
Detestei
e não fui adiante. Só tempos depois, na Faculdade de Letras, retornei a esse
romance com o que nunca combinei, sempre considerei uma chatice.
(Todo
escritor de muitos livros tem um filho feio, até mesmo Machado de Assis. Se
tivesse principiado a ler seus livros por Quincas Borba hoje seria outra e
talvez menor a minha admiração por suas obras.).
Dom
Casmurro também não foi fácil. É trama complexa passível de ambígua avaliação,
algo demais para a imaturidade de um leitor adolescente.
Li,
parei de ler, voltei mais de uma vez e mais de uma vez parei...
...mais
tarde li e por fim gostei um tanto.
Traz
conflito que muito me intriga.
Insatisfeito
com as razões dos ciúmes de Bentinho, desconfio que a bem de certa verdade a
grande paixão do ciumento é por seu amigo Escobar... sendo o ciúme, suas suspeitas
da traição de Capitu, provável manifestação de mera transferência neurótica,
inconsciente projeção psíquica... quem sabe?
Talvez
seja este um dado do enredo que o autor do romance jamais imaginou, entretanto
a farta ambiguidade da trama permite ler deste modo a situação do triângulo
amoroso, o que enriquece a obra.
Confesso
que considero Capitu um tanto afetada, por demais descrita, adjetivada e
forjada num feitio que não me convence.
Há
outras mulheres muito mais interessantes na Literatura de Machado. Inclusive
Dona Glória, sogra de Capitu, transita com melhor construção do que a nora em
Dom Casmurro.
No
meu entender a mais eficiente personagem do romance é José Dias, o agregado à
casa do garoto Bentinho. Sinto firme estima pela bem delineada composição do
tipo.
A
todo tempo convivo com a obra publicada de Machado de Assis, inclusive com sua
poesia, seu teatro, crônicas, críticas e cartas.
Obra
que releio e estudo com justa constância, sobretudo seus contos.
Obra
que muito me ensina a ser escritor.
Numa
acentuada satisfação, li diversas vezes A Casa Velha, bela novela machadiana
injustamente esquecida pela crítica e por leitores.
Igualmente
não desprezo os ditos romances românticos do escritor. Visito as boas
biografias e ensaios a seu respeito.
Meu
desencontro é só com Quincas Borba.
Que
fazer?
Inegável
é a minha afeição maior pela história de O Alienista.
É
texto pleno de Machado com sua aprimorada habilidade de narrador, irônica
representação da vida social e ampla visão de mundo. Assim fornece contínua
atualidade à trama.
O
conto torna-se desse modo vigorosa expressão alegórica do que ocorre hoje em
nossa sociedade entregue a prepotentes manipulações de alguns Bacamartes
contemporâneos com suas calúnias midiatizadas, acusações generalizadas,
inverdades despidas de provas, prisões judiciais seletivas, duvidosas delações
e sentenças ilegais...
...o
que favorece e assegura a realização dos projetos neoliberais de um governo
federal carente de legitimidade ...
...para
bem dizer, famigeradas decisões desse governo que tornarão mais pobres os já
pobres e enriquecerão muito mais os já muito ricos, com acentuada concentração
de rendas, contenção de salários e aposentadorias, repressiva legislação
trabalhista, medidas associadas à privatização e entrega de nossas valiosas
riquezas estratégicas às grandes corporações estrangeiras sobretudo dos
EUA.
Traiçoeiro
espetáculo antipopular e antinacional imposto contra o povo trabalhador
brasileiro, devido a pretensões econômicas, ambições políticas internas e
externas - perversa situação de uma conspiração golpista - dos que se opõem a
um desenvolvimento social autônomo e soberano de nosso país.
Passagem
da história do Brasil espelhada em O Alienista, premonitória presença alegórica
de Machado de Assis.
Basta
ler para confirmar.
Com fraterno abraço,
José Arrabal
São Paulo em imagens – Viaduto Santa Ifigênia
O documentário abaixo, de Alexandre Maretti, em pouco menos de dez
minutos, conta uma vasta história. Grande como a de um livro com seus
personagens a compor a cena brasileira. História revelada em sucessão de
quadros da cidade imensa, concentrada em um viaduto, mergulhada em amor e
injustiça, em desigualdade, mas também em fraternidade e esperança.
Movimento. Som
dialogando com as imagens. Meio Cinema Novo, meio expressionismo.
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