Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

29 de jul. de 2017

Por ALBERTO DE LIMA; Blog coágulos




Espero,
e espero.
As flores murcharam,  o sol se suicidou no mar.
Tua ausência fria queimada
e eu sigo esperando.

Sob a tempestade, encharcado, o relógio se apressa,
A Lagarta se transforma em borboleta, caem mais pétalas  de minha alma que se veste de flor, e a alma se escapa.
E eu ainda estou esperando.

28 de jul. de 2017

Fim de Estrada (Cartola e Angenor de Oliveira)


Infelizmente
Não iremos ao fim da estrada
Eu bem sei que estás cansada
E eu também cansei
Só peço que respeites
O nome que te dei
E pelo amor de Deus
Não negues que te amei
Já me convenço
Bem melhor não ter partido
Veja agora o resultado
Nós somos dois perdidos
Faz o que te digo, amor
Vá, voltes daqui
Eu quero te ver contente
Te ver alegre
Sempre a sorrir 

Felicidade é viver







Estou vivendo apenas há dois anos nesta última idade e até o momento tudo aqui tem sido fascinante. Aqui nada é distante, nada mais é oculto. Fecho os olhos e vejo minha infância, minha adolescência e minha juventude. Tudo o que me trouxe até aqui. A morte também está há um fechar de olhos. Não existem mais dúvidas. Não há mais medo. Ansiedade não tem lugar aqui. Pena, é que a permanência aqui só é permitida até ali.Vivo feliz.

Pipes of Peace


A Grande Guerra, a que também chamaram esperançosamente «a guerra para acabar com as guerras», tinha começado a meio do Verão, em Julho de 1914. Os soldados a caminho da frente de batalha estavam genuinamente convencidos de que a luta seria breve e chegaria ao fim antes do Natal.  Tal não aconteceu. O horror prolongou-se por quatro longos anos e fez mais de 16 milhões de mortos.(...)

(...) O ânimo com que oficiais e soldados partiram para a frente cedo esmoreceu. Com a chegada dos frios do Outono e logo a seguir dos rigores maiores do Inverno, começou a instalar-se o desânimo, um desespero surdo no fundo da miséria lamacenta das trincheiras. Acredito que, se dependesse dos soldados anónimos dos dois lados do conflito, a guerra poderia ter acabado naquele Dia de Natal de 2014, faz hoje cem anos.

Faz hoje cem anos que, em vários pontos ao longo da frente ocidental, soldados britânicos e alemães fizeram espontaneamente uma trégua, confraternizaram, improvisaram até partidas de futebol e — o que mais me comove — deram juntos sepultura aos camaradas caídos na terra-de-ninguém.

Em 1983 Paul McCartney lançou o álbum Pipes of Peace. O vídeo da canção-título recriava a trégua de quase 70 anos antes:


(Um resumo de Trégua de Natal at 1:24 da manhã blog gota de ran tan plan - quinta-feira, 25 de dezembro de 2014)

Melhor é ficar calado pra não comentar sobre o preço que pagamos para colocar esse negócio na Praça da Cultura. Parece que em breve, muito breve mesmo, a Praça vai precisar de um novo piso. Um grande número de pedras está se soltando, ficando bastante perigoso para caminhar.


MORTE À CALÇADA PORTUGUESA

Hoje, quando ia a sair para levar a Cacau à rua, vinha a filha de uns vizinhos a chegar, com o bébé nos braços, que tropeçou na malfadada calçada.

Para não magoar o bébé, caiu bastante mal, torceu o pé e caiu de costas. Começou a chorar de dores e entregou-me logo o miúdo, que também chorava, para os braços. Felizmente, para ele, foi apenas um susto e sossegou logo nos meus braços. Já ela, ficou com um entorse valente no pé e sabe-se lá mais o quê nas costas.

Posto isto, quando é que arrancam de vez esta porcaria?

Isto não é uma calçada, não é um pavimento. É um instrumento de tortura.

Estou saturada de assistir a 38495894584968 quedas, lesões e ferimentos. Estou saturada de ver esta porcaria a dar cabo da vida das pessoas e acabar de vez com a qualidade de vida aos idosos porque, nessa idade, uma perna, braço, cabeça ou bacia partida significa o fim de muita coisa.

Estou saturada de ver as pessoas a fazerem equilibrismo para se manterem em pé. De ver a acessibilidade negada a quem anda de cadeiras de rodas ou tem dificuldades de locomoção.

Eu própria tenho uma cicatriz de seis centímetros no joelho esquerdo, que não me deixa esquecer uma queda, cujo resultado foram uma série de pontos internos e externos e várias semanas sem poder andar. E sim, estava de sapatos rasos.

Quando é que percebem que a questão não é a manutenção? É uma pedra escorregadia, onde o passar dos anos só o piora. São cubos pequenos mas que, por mais alinhados estejam, vão dar sempre azo a muitos acidentes.

Quando é que passamos de vez para o século XXI? Também já tivemos o tempo da terra batida e o que mais. Quando é que olham para outras cidades e países e percebem que o objectivo de um pavimento é facilitar a locomoção? Madrid aqui tão perto tem um pavimento excelente e em lado algum impossibilita uma cadeira de rodas de circular.

Sim, também gostaria de andar de saltos sem arriscar ficar com os pés, joelhos e o que mais feridos, torcidos ou partidos, cada vez que saio à rua. Ora que grande treta! Isso acontece até de ténis.

Se é bonita? É! Mas arranquem-na de vez e coloquem-na num museu para admirar. Coloquem a legenda "Era sobre este instrumento de tortura que os portugueses tentavam deslocar-se e, como consequência, muitos sofreram na pele e nos ossos a sua beleza. Arranquem-na! Pobres brasileiros que herdaram esta porcaria, ainda mais perigosa num clima húmido
.
Arranquem-na! Arranquem-na de vez e passemos ao século XXI. Coloquem-na num museu.

Arranquem-na do país inteiro. Para que não tenhamos de assistir ou protagonizar mais episódios como o de hoje.

Arranquem esta porcaria de vez e terminem com o suplício que é caminhar sobre ela!

Publicada por Alexandra à(s) 9:03 da manhã 

1 comentário: 

Blogger Luna disse...

Esta é uma discussão que já tive sei lá quantas vezes, inclusive com o meu consorte, que achava muito linda. Isto até há 3 semanas a minha sogra ter caído, partido um pé em dois sítios e ter tido que ser operada, pq escorregou/tropeçou na puta da calçada.
...do blog Português Leite Condensado às Colheradas

23 de jul. de 2017

Brasil com S

Tarsila do Amaral

INFÂNCIA E 
APRENDIZADO

Tarsila do Amaral nasceu em 1 de setembro de 1886, no Município de Capivari, interior do Estado de São Paulo. Filha do fazendeiro José Estanislau do Amaral e de Lydia Dias de Aguiar do Amaral, passou a infância nas fazendas de seu pai. Estudou em São Paulo, no Colégio Sion e depois em Barcelona, na Espanha, onde fez seu primeiro quadro, 'Sagrado Coração de Jesus', 1904. Quando voltou, casou-se com André Teixeira Pinto, com quem teve a única filha, Dulce.

Separaram-se alguns anos depois e então iniciou seus estudos em arte. Começou com escultura, com Zadig, passando a ter aulas de desenho e pintura no ateliê de Pedro Alexandrino em 1918, onde conheceu Anita Malfatti. Em 1920, foi estudar em Paris, na Académie Julien e com Émile Renard. Ficou lá até junho de 1922 e soube da Semana de Arte Moderna (que aconteceu em fevereiro) através das cartas da amiga Anita Malfatti. Quando voltou ao Brasil, Anita a introduziu no grupo modernista e Tarsila começou a namorar o escritor Oswald de Andrade. Formaram o grupo dos cinco: Tarsila, Anita, Oswald, o também escritor Mário de Andrade e Menotti Del Picchia. Agitaram culturalmente São Paulo com reuniões, festas, conferências. Tarsila disse que entrou em contato com a arte moderna em São Paulo, pois antes ela só havia feito estudos acadêmicos. Em dezembro de 22, ela voltou a Paris e Oswald foi encontrá-la.

1923

Neste ano, Tarsila encontrava-se em Paris acompanhada do seu namorado Oswald. Conheceram o poeta franco suíço Blaise Cendrars, que apresentou toda a intelectualidade parisiense para eles. Foi então que ela estudou com o mestre cubista Fernand Léger e pintou em seu ateliê, a tela 'A Negra'. Léger ficou entusiasmado e até chamou os outros alunos para ver o quadro. A figura da Negra tinha muita ligação com sua infância, pois essas negras eram filhas de escravos que tomavam conta das crianças e, algumas vezes, serviam até de amas de leite. Com esta tela, Tarsila entrou para a estória da arte moderna brasileira. A artista estudou também com Lhote e Gleizes, outros mestres cubistas. Cendrars também apresentou a Tarsila pintores como Picasso, escultores como Brancusi, músicos como Stravinsky e Eric Satie. E ficou amiga dos brasileiros que estavam lá, como o compositor Villa Lobos, o pintor Di Cavalcanti, e os mecenas Paulo Prado e Olívia Guedes Penteado.

Tarsila oferecia almoços bem brasileiros em seu ateliê, servindo feijoada e caipirinha. E era convidada para jantares na casa de personalidades da época, como o milionário Rolf de Maré. Além de linda, vestia-se com os melhores costureiros da época, como Poiret e Patou. Em uma homenagem a Santos Dumont, usou uma capa vermelha que foi eternizada por ela no auto-retrato 'Manteau Rouge', de 1923.

PAU BRASIL

Em 1924, Blaise Cendrars veio ao Brasil e um grupo de modernistas passou com ele o Carnaval no Rio de Janeiro e a Semana Santa nas cidades históricas de Minas Gerais. No grupo estavam além de Tarsila, Oswald, Dona Olívia Guedes Penteado, Mário de Andrade, dentre outros. Tarsila disse que foi em Minas que ela viu as cores que gostava desde sua infância, mas que seus mestres diziam que eram caipiras e ela não devia usar em seus quadros. 'Encontei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas: o azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, ...' E essas cores tornaram-se a marca da sua obra, assim como a temática brasileira, com as paisagens rurais e urbanas do nosso país, além da nossa fauna, flora e folclore. Ela dizia que queria ser a pintora do Brasil. E esta fase da sua obra é chamada de Pau Brasil, e temos quadros maravilhosos como 'Carnaval em Madureira', 'Morro da Favela', 'EFCB', 'O Mamoeiro', 'São Paulo', 'O Pescador', dentre outros.

Em 1926, Tarsila fez sua primeira Exposição individual em Paris, com uma crítica bem favorável. Neste mesmo ano, ela casou-se com Oswald (o pai de Tarsila conseguiu anular em 1925 o primeiro casamento da filha para que ela pudesse se casar com Oswald). Washington Luís, o Presidente do Brasil na época e Júlio Prestes, o Governador de São Paulo na época, foram os padrinhos deles.

ANTROPOFAGIA

Em janeiro de 1928, Tarsila queria dar um presente de aniversário especial ao seu marido, Oswald de Andrade. Pintou o 'Abaporu'. Quando Oswald viu, ficou impressionado e disse que era o melhor quadro que Tarsila já havia feito. Chamou o amigo e escritor Raul Bopp, que também achou o quadro maravilhoso. Eles acharam que parecia uma figura indígena, antropófaga, e Tarsila lembrou-se do dicionário Tupi Guarani de seu pai. Batizou-se o quadro de Abaporu, que significa homem que come carne humana, o antropófago. E Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e fundaram o Movimento Antropofágico. A figura do Abaporu simbolizou o Movimento que queria deglutir, engolir, a cultura européia, que era a cultura vigente na época, e transformá-la em algo bem brasileiro.

Outros quadros desta fase Antropofágica são: 'Sol Poente', 'A Lua', 'Cartão Postal', 'O Lago', 'Antropofagia', etc. Nesta fase ela usou bichos e paisagens imaginárias, além das cores fortes.

A artista contou que o Abaporu era uma imagem do seu inconsciente, e tinha a ver com as estórias de monstros que comiam gente que as negras contavam para ela em sua infância. Em 1929 Tarsila fez sua primeira Exposição Individual no Brasil, e a crítica dividiu-se, pois ainda muitas pessoas ainda não entendiam sua arte.

Ainda neste ano de 1929, teve a crise da bolsa de Nova Iorque e a crise do café no Brasil, e assim a realidade de Tarsila mudou. Seu pai perdeu muito dinheiro, teve as fazendas hipotecadas e ela teve que trabalhar. Separou-se de Oswald.

SOCIAL E NEO PAU BRASIL

Em 1931, já com um novo namorado, o médico comunista Osório Cesar, Tarsila expôs em Moscou. Ela sensibilizou-se com a causa operária e foi presa por participar de reuniões no Partido Comunista Brasileiro com o namorado. Depois deste episódio, nunca mais se envolveu com política. Em 1933 pintou a tela 'Operários'. Desta fase Social, temos também a tela 'Segunda Classe'. A temática triste da fase social não fazia parte de sua personalidade e durou pouco em sua obra. Ela acabou com o namoro com Osório, e em meados dos anos 30, Tarsila uniu-se com o escritor Luís Martins, mais de vinte anos mais novo que ela. Ela trabalhou como colunista nos Diários Associados por muitos anos, do seu amigo Assis Chateaubriand. Em 1950, ela voltou com a temática do Pau Brasil e pintou quadros como 'Fazenda', 'Paisagem ou Aldeia' e 'Batizado de Macunaíma'. Em 1949, sua única neta Beatriz morreu afogada, tentando salvar uma amiga em um lago em Petrópolis.

Tarsila participou da I Bienal de São Paulo em 1951, teve sala especial na VII Bienal de São Paulo, e participou da Bienal de Veneza em 1964. Em 1969, a mestra em história da arte e curadora Aracy Amaral realizou a Exposição, 'Tarsila 50 anos de pintura'. Sua filha faleceu antes dela, em 1966.


Tarsila faleceu em janeiro de 1973.


Obras de Tarsila do Amaral









































Torneiras voadoras




Sou mais um entre milhões de brasileiros afogandos neste mar de lamas, promovido no brasil muito mais pelo dinheiro que pela ordem/social.
Quando será que teremos equilíbrio e paz novamente? 

Só procurando uma cigana, um vidente ou um pai de santo pra saber.
Estamos vendo o ex-presidente Lula nas pesquisas de intenção para 2018. Hoje, Lula é candidato sem nenhum adversário a bater.

Mas o que nos promete a justiça se não nos mostrar o que se esconde no fundo deste ‘buraco negro’?
Pude ler alguns comentários contra o ex-presidente Lula na “lava jato”.

Toda discussão em torno de Lula vagueia entre um "não sei " e um "eu penso que é".  Qualquer coisa parecida com direita verso petista. Lamentável. Lula é apresentado como o chefe de uma organização criminosa que arrebentou o país.
Hoje, o PT tem fora de seu quadro político vários de seus antigos lideres. Estão na cadeia cumprindo pena por corrupção.

Já já saberemos se o Brasil já é um país sério.
Temer, engarrafado em sua sina golpista, enquanto isso, vai arrumando a casa de seus aliados.  Já está mais caro que o tal ‘Sitio’, o tal ‘Tríplex’, as pedaladas da Dilma e o desmanche da Petrobras.

O PSDB,  partido que faz oposição ao PT e também a Lula, silenciou-se diante da enxurrada de denúncias direcionadas aos seus mais expressivos lideres; ministros, senadores, deputados, o presidente do partido e até mesmo o próprio FHC já foram citado envolvido em algo ilícito.

Após os últimos pronunciamentos de juizes e promotores, eu, ainda sem conhecer a justiça brasileira, já vou aproximando lá da pizzaria ‘Cecílio’s, onde sei que meus amigos com certeza vão me serve uma pizza de qualidade. 


Vão prendendo um aqui outro ali, mas as torneiras dos cofres públicos ninguém se atreve a fechar.

veleidade - para Ricardo Guarnieri



Ainda tem olhar de sangue
Cheiros de casa grande
É a liberdade
Engolida diariamente
Dentro da própria senzala
Bajulamento incansável
Um Eu sem o Outro
Enquanto povo
Da esperança
Chega ao cúmulo
Ao garimpo
Um mero exemplo

13 de jul. de 2017

A VITÓRIA DA MELANCIA QUADRADA - por Ruy Castro

Há quase dez anos, em agosto de 2007, falei neste espaço de um agricultor japonês, da ilha de Shikoku, que não se conformava com a dificuldade para guardar uma melancia na geladeira. O formato da fruta não ajudava –grande e arredondada, tomava muito espaço na prateleira e deixava cantos vagos e ociosos, difíceis de ser ocupados. Além disso, era instável, não parava quieta, era complicado cortá-la. Nosso herói perguntou-se se esse erro de design da natureza não seria passível de correção.



Como agricultor de mão cheia, calculou que, se começasse a cultivar melancias em caixas de vidro, elas acabariam adotando o formato da caixa. Talvez precisasse de muitas gerações de melancias para atingir o efeito, mas os japoneses não são como nós, sabem esperar –e, se ele não conseguisse, seus descendentes continuariam a tarefa. O importante era produzir uma melancia quadrada, não importava quantos sóis nascessem e morressem.



Levou 20 anos e gerações de melancias equivalentes a várias dinastias de seu país, mas, em 2007, o lavrador conseguiu. A melancia quadrada era uma realidade. Li aquilo e empolguei-me, tanto que escrevi uma coluna a respeito -que, em 2015, incluí num livro de crônicas para jovens, publicado pela editora Moderna e ao qual dei o título, justamente, de "A Melancia Quadrada".




Bem, agora, há dias, vi pela televisão que as melancias quadradas são um sucesso nos mercados asiáticos e que o Japão fatura milhões com sua produção e exportação. É bom saber que uma empreitada deu certo.


Pois, para minha surpresa, descobri que o Ceará também se tornou produtor de melancias quadradas –e que os cearenses estão competindo em vendas com o Japão! Interpreto isto como um alento. Quem sabe, no futuro, inspirando-nos em bons exemplos, não seremos também um país?