Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

11 de nov. de 2014

O soldado absoluto


 “De um lado, oficiais getulistas que seguiam sua cartilha e defendiam idéias nacionalistas mostravam-se inconformados com a perda de Vargas. (...) De outro, coronéis insubordinados que defendiam a intervenção militar nos temas políticos, graças à – conforme acreditavam – incapacidade civil de administrar o país.”

Era assim que se encontrava o exército em 1954, logo após o suicídio de Getúlio Vargas, no mês de agosto mais famoso de nossa história.

“Falava-se muito na unidade militar, o que era uma lenda”, naquela época. Foi nesse clima de instabilidade que Café Filho, vice-presidente de Getúlio, assumiu a presidência do Brasil.

Com o “racha” no exército, Café Filho tinha um grande problema. A qualquer momento poderia eclodir um golpe militar para destituí-lo do cargo de presidente. Ele precisava de alguém para apaziguar os militares e acalmar a população, que organizava constantes manifestações públicas, culpando os antigetulistas pela morte de Vargas. Café Filho teria que encontrar um militar neutro, imparcial e sem ligações com qualquer corrente política para assumir o mais importante dos ministérios naquela época: o da Guerra (hoje, do Exército). O único que preencheu todos esses pré-requisitos foi o (na época) general Henrique Duffles Baptista Teixeira Lott.

Esse é apenas o início de O soldado absoluto – uma biografia do marechal Henrique Lott, (Record, 2005, 552 págs), do jornalista Wagner William.

Nascido no dia 16 de novembro de 1894 em Sítio (que depois teria seu nome mudado para “Antonio Carlos”), um subdistrito de Barbacena, Minas Gerais, Henrique Lott não teve uma vida fácil. Primeiro dos onze filhos do casal Henrique Matthew Caldeira Lott (que a essa altura era proprietário de uma olaria) e Maria Baptistina Duffles Teixeira (que era professora primária), Henrique Lott teve uma educação rígida. Seu pai, por exemplo, que era descendente de ingleses, ensinava inglês exaustivamente ao futuro marechal. O pequeno Henrique chegava a cochilar em algumas aulas, de tão cansado. Era acordado pelo pai aos cascudos. O avô materno do pequeno Henrique, o português João Baptista da Costa Teixeira, foi responsável pelo costume que acompanharia o marechal Henrique Lott até o fim de seus dias. “João Baptista costumava dormir muito cedo. Impunha então uma regra aos netos: perguntava qual deles desejava acordar de madrugada, sendo que quem não levantasse não seria mais chamado. O menino Henrique sempre respondia ao despertar do avô. Nunca ficou dormindo. E durante toda a sua vida continuaria acordando de madrugada.”

Sempre muito estudioso e dedicado, Henrique Lott foi o aluno destaque em todos os estabelecimentos de ensino pelos quais passou. Tanto nos infantis colégios primários quanto nos rígidos colégios militares.

Aos dezessete anos Lott perde o pai. Além da dor da perda, Lott precisou lidar com a responsabilidade que lhe caía nos ombros. A situação financeira da família não era nada boa, os negócios de seu pai vinham declinando já há algum tempo. Com a morte do chefe da família, o filho mais velho teria de, mais do que nunca, honrar o dinheiro investido por seus pais em sua educação. Para se ter uma idéia, a taxa trimestral cobrada pela escola militar, na época, era maior que o salário mensal da mãe de Henrique. É bom lembrar que o casal tinha dez filhos, sem contar o futuro marechal.

Os irmãos de Lott o tinham como ídolo e “rezavam sempre para que ele tivesse boas notas e fosse o primeiro da turma”, mas “havia algo além de amor fraternal naquelas orações. Dona Baptistina estabelecera um prêmio para as crianças que, curiosamente, seria medido pelas notas do filho mais velho: eles teriam direito a uma lata de sardinha, da marca Felipe Canot, nos almoços de sábado, desde que Lott se mantivesse em primeiro lugar na escola. Não houve um só sábado sem sardinha naquela casa.”

No exército, a carreira de Lott foi marcada pela sua integridade, dedicação e sucesso – ainda que um pouco prejudicado pela sua integridade. Por incrível que isso possa parecer.

Por ser um homem de opinião forte, honesto e de integridade (insisto na palavra por vê-la tão pouco utilizada e praticada hoje) inabalável, Henrique Lott, já ministro da Guerra, incomodou muita gente. Principalmente os próprios militares.

Em novembro de 1955, Lott liderou o movimento que deu condições para que Juscelino Kubitschek, eleito pelo voto popular, assumisse a presidência da república. (Um golpe militar fora articulado para evitar a posse de Juscelino, mas um outro grupo de militares, liderado por Lott, fez com que o resultado da eleição fosse cumprido.)

A influência dele era tão grande que Juscelino tinha medo de ter Henrique Lott como ministro da Guerra em seu governo. Mas o deputado e seu amigo pessoal Armando Falcão o tranqüilizou:

“ – Presidente, o Lott não quer ser nada. Deseja vestir o pijama, e cuidar do jardim da casa que tem em Teresópolis. (...) Mas eu, se fosse você, lhe faria um apelo para continuar à frente do Exército. (...) Não acredite na conversa dos que (...) procuram jogá-lo fora do seu governo como meio de vê-lo nascer enfraquecido. Não hesite. Mande chamar o general Lott e insista para ele continuar na pasta da Guerra.”

Durante o período em que foi ministro de JK, o nome de Lott se popularizou, principalmente por causa do “11 de novembro” (nome pelo qual ficou conhecido o “contragolpe”). Tanto que foi praticamente obrigado a ser candidato à presidência para suceder Juscelino.

Uma eleição no mínimo curiosa. Os dois principais candidatos eram Lott e Jânio Quadros (que por duas vezes renunciou a candidatura). Entre os candidatos a vice (na época o vice-presidente também era eleito pelo voto popular), estava João Goulart, que se dizia candidato tanto de Jânio quanto de Lott.

Além dessas curiosidades, havia o fato de o marechal não ser um “bom” candidato. Ao invés de fazer promessas que não poderiam ser cumpridas, Lott mantinha um discurso honesto, e nunca escondeu suas opiniões ou fantasiou suas propostas. A sinceridade rendeu à campanha de Lott pouquíssimas doações em dinheiro e a perda de muitos votos. Sem contar que Juscelino jamais deu grande apoio à candidatura de Lott. Na verdade, JK desejava que ele não ganhasse. Sendo mais específico: que nenhum candidato do governo ganhasse. Para que ele pudesse ser oposição em 1965 e assim ter uma vitória mais fácil.

Assim, Jânio Quadros venceu. Tomou posse do cargo em janeiro de 1961. Sete meses mais tarde, renunciava à presidência. Com esse ato, teve início uma série de manobras políticas e militares para impedir que João Goulart, vencedor da eleição para a vice-presidência, assumisse o cargo de presidente.

E mais uma vez Lott teve papel fundamental na organização de uma resistência contra os militares e na manutenção da ordem política do país. Para tanto, Lott precisou apenas dar alguns telefonemas e indicar a Leonel Brizola o caminho correto de como se evitar mais aquele golpe. Lott também divulgou um manifesto repudiando a ação dos golpistas.
Por conta disso, teve prisão declarada, fato que rende o trecho mais engraçado do livro.

Primeiro, o marechal simplesmente se negou a atender um coronel que desejava fazer ele mesmo a prisão de Lott. Coisa que não poderia acontecer, por causa da patente de Lott ser bem superior à do coronel. Depois, quando enfim um marechal chegou a seu apartamento, Lott o fez esperar por bem mais de uma hora. Enquanto isso, manteve sua rotina: fez exercícios, tomou banho, barbeou-se e tomou seu café da manhã. Quando lhe perguntaram, enquanto ele tomava banho, se precisava de alguma coisa (dando a entender que Lott estava demorando), respondeu que não precisava de nada e que “esses patriotas não sabem que não se invade a casa de um cidadão antes das seis da manhã. Então eles vão ficar esperando para aprender.” Poucos dias depois Lott seria solto. Não sem ter dito tudo o que pensava sobre os militares envolvidos no golpe e na sua ordem de prisão, na cara deles. Inclusive na do então ministro da Guerra.

Os capítulos finais dão destaque à Nelson Lott, neto de Henrique, que foi preso e torturado entre o fim da década de 60 e o início da década de 70, por estar envolvido em grupos contra o regime militar.

O marechal, já fora da vida política e militar, nada pôde fazer para ajudar o jovem neto, que tinha apenas vinte anos quando foi preso. Qualquer atitude de Lott poderia prejudicar Nelson. O exército era comandado por pessoas que viam Lott como o maior responsável pelo insucesso das duas tentativas de golpe anteriores. Definitivamente, não seria uma boa ideia Henrique Lott tentar intervir a favor do neto.

Em maio de 1964 o Brasil perdeu um de seus filhos mais notáveis. Seu enterro aconteceu sem honras militares, fato que não tem explicação. O já ministério do Exército tentou minimizar e justificar o fato, mas a imprensa da época divulgou a ausência das honras militares no enterro de Lott.

O soldado absoluto traz uma enorme quantidade de informações sobre um brasileiro que deveria servir de exemplo para qualquer um. Seja quem ou de onde for. E, apesar de a narrativa envolver temas que muitos não consideram (erroneamente) interessantes, Wagner William consegue, de maneira competente, contar a vida de Lott sem causar enfado. Muito pelo contrário. Eu, particularmente, devorei as 300 páginas finais do livro em poucas horas, interrompendo a leitura apenas para tomar um café, que também não sou de ferro.

No enterro do marechal Henrique Lott, seu velho amigo Sobral Pinto dá uma declaração à imprensa que mostra o quanto Lott foi – e continua sendo – importante para a história do nosso país:

“... se tivesse ido para a presidência do Brasil, teria instaurado um governo de legibilidade e de respeito à pessoa humana, e uma vinculação com partidos políticos, porque era um democrata sincero, inteligente e honrado. Com Lott na presidência, não teríamos ditadura militar durante vinte anos, não teríamos a falência nacional. Nada disso teria acontecido.”



10 de nov. de 2014

“Memorias de uma aeromoça” - O PASSAGEIRO CLASSE C

Foi-se o tempo em que viajar de avião era privilégio de poucos. Agora o transporte aéreo se democratizou e alcançou camadas mais populares.
Isso é bom para quem está entrando no mercado. Mais ofertas de emprego, o setor está bombando. 
Mas também significa ter que saber lidar com esses novos clientes e com seu modus operandi.

Gente mal educada existe em todas as camadas sociais. Fato. Até nas chamadas classes "diferenciadas" tem pessoas grosseiras e arrogantes. E como tem!

Mas lidar com a classe C emergente requer bastante jogo de cintura para você comissário não se melindrar à toa, não se estressar a toda hora e o mais importante: para não melindrar o cliente que é quem sempre tem razão. Seja ele brega ou chique.

Choques culturais ocorrerão com certeza, e você, como bom profissional que é, tem que estar preparado para lidar com isso da melhor maneira possível.

O passageiro classe C costuma pedir a atenção do comissário de maneiras pouco ortodoxas, como por exemplo cutucando. Podem cutucar o ombro, o braço, as costas ou puxar a manga da camisa. Não conheço ninguém que goste de ser cutucado. É chato, é desagradável, é invasivo. Mas o bom profissional aprende a "entubar”. Para quem tem verdadeiro horror de ser cutucado eu sugiro procurar outra profissão. Eles não vão parar de fazer isso. E nem você vai ficar dando aulas de etiqueta nas alturas. Até porque você terá mais o que fazer.

Uma outra maneira de se chamar os comissários é no assobio. Muitos usam o PSIU! Ou o grito mesmo: Ei! /Moça! /Aeromoça! /Meu camarada! /Colega! e outros mais. Ficou chocado? Vai ter dois trabalhos, pois volto a repetir: Você não é pago para dar lições de boas maneiras a quem não as pediu. O máximo que se faz numa hora dessas é mostrar ao cliente o botão de chamada do comissário e solicitar que da próxima vez ele aperte o botão ao invés de gritar. As chances de você ser atendido são.... Bem.... Digamos...... dois por cento talvez? Rsrs

Mas ao contrário do que parece, ninguém faz isso por ser grosseiro. É que a classe C tem uma noção de privacidade peculiar. Costumam viver mais aglutinados do que as classes mais favorecidas. Ou moram várias pessoas na mesma casa, ou existem vários núcleos familiares no mesmo terreno.  O famoso "puxadinho", o segundo andar construído em cima da lage. Por isso a noção de privacidade é relativa. Isso explica os cutucões e os gritos. Quando se tem que dividir o espaço com vários outros, muitas vezes o grito é questão de sobrevivência.

A classe C costuma sujar mais o avião. Nesse caso já é uma questão cultural do povo brasileiro. Em países mais desenvolvidos o que se pensa é: "Não vou jogar papel no chão para que a rua por onde eu passo não fique suja."
Aqui a mentalidade é: "Se todo mundo joga papel no chão por que eu não posso jogar?"
E na cabeça deles sempre vai ter "alguém" para limpar a sujeirada. Então para que se preocupar?

Lidar com o ser humano nunca foi tarefa fácil. Lidar com seres humanos de cultura e mentalidade diferente da nossa é mais difícil ainda.

Procurando ver a situação pelo lado bom (sim, tudo tem seu lado bom!) são essas coisas que fazem da profissão de comissário um desafio e uma aventura. Já pensou se todos os passageiros se comportassem de maneira previsível? Não teria graça, e a gente não teria tantas histórias para contar aos nossos filhos, para postar nos nossos blogs ou para publicar em nossos livros.

28 de out. de 2014

CULTURA DO ÓDIO


Você pertence a que cultura? Cultura é um conjunto de hábitos e convenções que aprendemos e onde crescemos. Qual é a sua? Quando você vai viajar, você conhece outra cultura. Quando você trabalha viajando, você conhece várias culturas. Quando você conhece várias culturas, você não perde a sua, ela está lá com você e você a levará para aonde for.meuip
Agora, se você não gosta de uma determinada cultura, há de se considerar que a pessoa que cresceu nela e que portanto a carrega consigo, pode não concordar com você, certo? Seus motivos são seus. Logo, os desta pessoa, são dela. Parece óbvio? Uma explicação quase pueril, mas necessária de se entender quando se trabalha com aviação e, portanto, com diversidade de culturas.  Pois bem, eu sou a pessoa cuja cultura a outra crítica. Eu sou aquela que é alvo de piadas de gênero racista, de origem xenofóbica, de conteúdo preconceituoso. Não, eu não acho isto engraçado. A propósito, meus caros, isto é crime! Segundo a lei Lei 7.716 de 05 de janeiro de 1989, que trata de preconceitos relacionados à cor, origem ou etnia. É crime de ódio, xenofobia! Ah e com pena de reclusão, tá?meuip
Até quando vamos disseminar a cultura do ódio às culturas diferentes da nossa? Até quando vamos aplaudir piadas de gaúcho, de carioca, de argentino, de baiano, de português ou de marcianos, que seja! Alimentando estereótipos criados pela superficialidade de ideias e por histórias vazias, nos auto depreciamos enquanto nação. Nos desvalorizamos enquanto seres humanos e estamos, em escala menor mas não menos grave, aplaudindo os fundamentos do nazismo.meuip

por Lídia Dourado

Medo da Palavra



São maus tempos para a palavra, dias cinzentos para um filólogo. O problema principal não é a abundância de expressões vulgares que até se tornam reveladoras numa análise linguística e sociológica. O mais triste é a diminuição da linguagem articulada, o medo de pronunciar vocábulos e o mutismo que se amplia. “Homem que é homem não fala tanto” disse-me um vendedor nesta manhã quando insisti em saber se os bolinhos eram de goiaba ou coco.

O que está acontecendo com a linguagem? Por que esta aversão a se expressar de modo coerente e com frases bem estruturadas? É muito preocupante a tendência ao monossílabo e a utilização de sinais substituindo orações com sujeito e predicado. Quem terá dito a tanta gente que conversar é sinal de fraqueza? Adjetivar indica frouxidão? O fenômeno acontece entre homens jovens, pois nos códigos machistas a loquacidade refuta a virilidade. A pancada, a expressão facial ou um simples murmúrio substituíram as conversas fluidas e os complementos de muitos enunciados.

“Eu é que não discuto…” Pavoneava-se um senhor ontem quando um adolescente tentava lhe dizer algo. Enquanto gritava isto agitava as mãos como que advertindo que no lugar de palavras ele preferia o código dos pescoções. O pior é que para a grande maioria que assistia a altercação aquele indivíduo estava fazendo o certo: não falar tanto e passar para a briga. Por que para muitos discutir é ceder, argumentar evidencia fraqueza, tratar de convencer é coisa de covardes. Ao invés disso preferem o grito e o insulto, talvez herdado de tanto discurso político agressivo. Optam pelo grunhido quase animal e a bofetada.

São maus tempos para a palavra, dias de festa para o silêncio
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por Humberto Sisley

25 de out. de 2014

Ato público em defesa do “Velho Chico” reuniu mais de 5mil pessoas

Na sexta-feira, 17 de outubro, mais de 5 mil manifestantes da região do médio São Francisco participaram do Ato Público em defesa do Rio, que aconteceu no município de Bom Jesus da Lapa. O Ato, denominado “Meu Velho Chico, vamos lhe dar um gole d’água”, foi iniciado no Centro do município e teve uma caminhada até a ponte sobre o rio.
Antes, a largura média do rio ao passar pela cidade era de 600 metros e hoje não passa de 150 metros de uma margem à outra. Ao chegar à ponte, os manifestantes despejaram água, levada em vasilhas, no leito do rio para simbolizar o desejo de ver o rio cheio novamente.

O Ato, promovido por diversas entidades ligas à Articulação Popular São Francisco Vivo (SFVivo), denunciou a grave situação em que o rio se encontra com o nível de água mais baixo já visto e com a sua principal nascente seca.

De acordo com Samuel Britto, da SFVivo, o objetivo das manifestações é “sensibilizar os brasileiros para a necessidade de medidas urgentes que contenham sua devastação total do Rio”,

Carta aberta a Sociedade e às Autoridades
São Francisco: um rio que agoniza e depende de nós!

Meu rio de São Francisco, nesta grande turvação,
vim te dar um gole d'água e pedir tua benção!-Frei Luiz Cappio

Nós, mulheres, homens, jovens e crianças, Ribeirinhos, Pescadores, Estudantes, Educadores, Comerciantes, Agricultores Familiares, Quilombolas, Geraizeiros, de Paróquias, Movimentos Sociais, Organizações Populares, Entidades da Sociedade Civil, Religiosas, dentre outros, reunidos em Ato Público em Bom Jesus da Lapa-BA, às margens do rio São Francisco, apresentamos à sociedade e às autoridades nossa indignação e nosso repúdio veementes ao descaso do Estado Brasileiro com a situação do Rio São Francisco, maior rio inteiramente brasileiro, chamado da “Integração Nacional”, do qual dependem 16 milhões de pessoas em sua Bacia Hidrográfica. Viemos com o gesto simbólico de oferecer-lhe “um gole d’água”, um refrigério, um desejo de revigoramento, sinal de reconhecimento de sua fragilidade atual, protesto em favor de seu socorro e comprometimento com sua revitalização. Não se trata de “jogar água fora”, mas de nos mobilizar para a defesa do nosso Rio e exigi-la das esferas municipais, estaduais e federal do Estado.
A água é o elemento básico das células que constituem os seres vivos, a matéria fundamental existente na terra, que juntamente com o sol, o solo e as plantas são responsáveis pela vida no planeta Terra. Do útero materno à decomposição do corpo, somos água, e ela perpassa toda a nossa existência - beber, respirar, lavar, comer, banhar, purificar. Seres humanos, do húmus da terra, dotados de consciência, nos damos conta da destruição que vimos fazendo em nosso habitat, do que cada um de nós possui sua parcela de responsabilidade, uns mais, os mais poderosos, outros menos, mas todos. Daí a necessidade de fazermos o caminho de volta aos elementos primordiais da vida e reestabelecer com eles um pacto de sustentabilidade, o que exige repensar a importância fundamental da água, fonte de nossas vidas e de toda vida no planeta.
Manancial maior e mais importante para nós, o Rio São Francisco agoniza. A estiagem apenas agrava e revela seu estado degradante. As ações que o degradam ao longo da Bacia vão dos descuidos com o uso da água em nossos lares até os grandes projetos do capital que retiram enormes quantidades de água de sua calha e de seus afluentes. O desmatamento, a irrigação, as queimadas, a destruição das nascentes, a abertura de poços de grande vazão, as barragens, a mineração, os agrotóxicos, os esgotos domésticos, agrícolas e industriais, as transposições hídricas e os perímetros irrigados, usos indiscriminados e sobrepostos, em avanço desordenado, estão poluindo, assoreando, erodindo, devastando os bens naturais e culturais que compõem o complexo ecossistêmico que é o Rio São Francisco. Tais desmandos impactam sobremaneira nossas vidas, de nós que desperdiçamos água, que não cobramos dos representantes políticos, que a tudo assistimos calados, omissos, ensurdecidos pelo canto sedutor do capital com as migalhas que sobram dos negócios lucrativos à custa da vida desta dádiva única e preciosa que é o Rio São Francisco. O resultado está aí, assustador, o rio secando! Poetas ribeirinhos, não é de hoje, cantam a morte do Velho Chico. João Filho diz: “Chico tá tão raso que até traíra tá atolando, lavadeira sumiu... compadre d`água tá rejeitando até oferenda”. Paulo Araújo canta: “Há um rio se afogando em mim, secando, secando, esperando o fim”. Mas parece que nem poesia e música nos sensibilizam e nos mobilizam o suficiente...
A morte já menos lenta do rio é visível e está expressa na baixa vazão e no imensurável processo de assoreamento. São gotas de resistência neste oceano de degradação este nosso Ato Público e a recente proposta de Moratória para o Rio São Francisco construída pela Articulação Popular São Francisco Vivo Possam ser instrumentos de sensibilização da sociedade para uma opinião pública que pressione, cobre e influencie os programas oficiais de revitalização sob responsabilidade do poder público. Dados recentemente publicados dão conta de que os recursos para a revitalização foram reduzidos em 70 % desde 2011, enquanto que os investimentos para a Transposição aumentaram 47 % desde 2012, saltando de R$ 703 milhões para R$ 1,035 milhões no mesmo período.
Em multidão nas ruas e praças de Bom Jesus da Lapa, centro cultural e espiritual do povo ribeirinho, exigimos que sejam tomadas estas medidas urgentes: fim do desmatamento, das queimadas e carvoarias, em especial nas áreas de recarga dos Cerrados; recomposição das matas ciliares e das nascentes e veredas; viveiros e distribuição de mudas nativas; dragagem do rio nos trechos mais críticos; contenção de encostas; educação ambiental contextualizada e crítica; suspensão das outorgas e fiscalização das existentes, bem como dos licenciamentos de grandes e médios projetos na Bacia (Moratória), e estudos sérios e isentos sobre a real situação dos aquíferos. Para isso é necessária a participação organizada, ativa, vigilante e permanente da sociedade, do Comitê de Bacia, das companhias de energia CHESF e CEMIG e dos órgãos públicos responsáveis legais pela preservação do Rio. Esta nossa luta não pode mais esperar, dela depende a nossa vida, a de nossos descendentes e do planeta, não temos o direito de negar a vida àqueles que virão depois de nós.

 Bom Jesus da Lapa, 17 de outubro de 2014. 

Novo estudo aponta 37 milhões de pessoas com incontinência 0 comentários Novo estudo aponta 37 milhões de pessoas com incontinência

O Centro Nacional para Estatísticas de Saúde, dos Estados Unidos, desenvolveu em junho um novo relatório sobre a extensão da incontinência em pessoas com mais de 60 anos: ao todo, mais de 37 milhões têm algum tipo de incontinência urinária no país, caracterizada pela perda involuntária de urina. O estudo mostra que – a cada 10 pessoas nesta faixa etária – quatro apresentam incontinência e a maioria não conversa com seu médico por vergonha de expor a situação, com enorme impacto emocional e financeiro. “A incontinência urinária não é normal em nenhuma idade e a pessoa deve buscar ajuda médica porque há uma série de tratamentos disponíveis”, explica o urologista do Hospital Sírio-Libanês, Fernando Almeida.

A condição pode afetar mulheres em qualquer idade – devido a anatomia do corpo feminino – e homens jovens – principalmente os que precisaram retirar a próstata após câncer. No Brasil, estima-se que mais de 10 milhões apresentam a condição, associada à depressão e à baixa qualidade de vida, por limitar algumas atividades e causar constrangimento social. Viver sem controlar a urina traz uma série de problemas no dia a dia, explica o urologista.

Vaticano investiga sacerdotes que teriam postado fotos nus em sites gays

Diante de um possível novo escândalo, a Cúria Romana designou um enviado especial, monsenhor Adriano Bernardini, para apurar as violações de conduta
O Vaticano investiga uma série de escândalos envolvendo sacerdotes da diocese de Albenba-Imperia, na região da Liguria, no norte da Itália. Segundo o jornal Il Messaggero, a Santa Sé recebeu denúncias de padres que trabalham em bares nas horas livres, postam fotos de si próprios nus na internet e estão envolvidos em crimes sexuais. Diante de um possível novo escândalo, a Cúria Romana designou um enviado especial, monsenhor Adriano Bernardini, para apurar as violações de conduta.

A imprensa italiana descreveu a diocese de Albenba-Imperia como um polo de “fofocas” e comparou os padres mencionados nas denúncias a “playboys”. O bispo Mario Oliveri, 70 anos, titular do posto há 25, deve ser substituído em breve por um auxiliar, segundo o jornal Il Secolo XIX. 

Justiça autoriza venda de bebidas alcóolicas em bares e supermercados

De acordo com o tribunal, a proibição feria o princípio da razoabilidade. Além disso, afirmou que não existe legislação eleitoral que impeça o consumo no período eleitoral

Diferentemente do primeiro turno das eleições, amanhã (25/10), dia de votação no segundo turno, será permitida a venda de bebidas alcoólicas em restaurantes, bares e supermercados

Decisão da última sexta-feira (24/10) do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) concedeu liminar autorizando a comercialização, das 0h às 18h, nos estabelecimentos comerciais ligados à Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do DF (Abrasel). No mesmo dia, supermercados da rede Carrefour, Pão de Açúcar e Oba também conseguiram liminar na Justiça autorizando a venda.

De acordo com o tribunal, a proibição “feria o princípio da razoabilidade”. Além disso, afirmou que não existe legislação eleitoral que impeça o consumo no período eleitoral. Segundo o desembargador do TJDFT Mário-Zam Belmiro, a lei eleitoral não prevê expressamente a aplicação da chamada "lei seca" durante o período eleitoral, cabendo, ademais, à União legislar acerca da matéria.

Lei Seca

A proibição de venda de bebidas alcoólicas foi feita em portaria conjunta das secretarias de Segurança Pública e de Ordem Pública e Social e publicada no Diário Oficial do DF em 2 de outubro. A decisão do TJDFT suspende com efeito de liminar essa portaria.

17 de out. de 2014


Veículo exclusivo


Um veículo exclusivo para atender ao Conselho Tutelar, órgão de proteção dos Direitos de Crianças e Adolescentes no município é um equipamento importante para que as nossas Conselheiras Tutelares possam desempenhar um bom trabalho.

Conseguir um carro para este fim não é o grande problema, segundo declarações do atual prefeito e de outros que vieram antes. Existem várias fontes de doação para aparelhar os Conselhos Tutelares. O município nem se quer precisa gastar dinheiro para isto.

O que dificulta o cumprimento desta norma, obrigação do poder público, é a contratação de três novos motoristas para criar uma escala de trabalho e atender as demandas do Conselho Tutelar, o que esbarra nos limites da Folha de Pagamento que já anda lá em cima. Fora as contratações, o que pode ser feito é rever a escala de motoristas atuais da Prefeitura, encaminhando três entre eles, para a escala do Conselho Tutelar.


Um TAC (termo de ajuste de conduta) entre Município e Ministério Público foi assinado no fim do mandato da Prefeita Cristina (2012), deixando para o próximo prefeito, no caso o Natinho, a responsabilidade do cumprimento. Natinho já se explicou com o Promotor e ganhou mais um tempo, mas não vai conseguir se livrar de mais este compromisso deixado para o seu mandato.   

CINCO MINUTOS DE CHUVA, OBA!! – AC - 17/10/2014


Na Copa do Mundo, FIFA 2014, quando a seleção da Alemanha recebia aquela dança milagrosa e conquistava o título de campeã, por não acreditar, nossa seleção não procurou a Escola Indígena Pataxó de Coroa Vermelha e perdemos até o rumo. Só não perdemos o rumo de casa por estarmos jogando em casa.

Após passar o sofrimento e tudo caído no esquecimento, o nosso foco hoje, é a falta d’água. O que vamos fazer para que as chuvas voltem a cair com a frequência necessária? vamos chamar a tribo PATAXÓ?


Meu amigo aqui do lado, está dizendo que o melhor é Plantarmos Arvores.