Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

10 de ago. de 2017

5 razões para votar nulo

Estava conversando com o cara e falávamos sobre o voto obrigatório no Brasil. Sensação muito estranha é essa de votar pela democracia sabendo que essa mesma democracia já te impõem. Na urna eletrônica tem uma opção sobre a qual não se ouve falar muito: “a tecla branca”. Ela está ali para ser usada quando o eleitor não consegue confiar o suficiente em nenhum dos candidatos apresentados. Ainda não usei a tal tecla. Insisto em votar em candidatos que nunca vão representar o que defendo. Faço assim unicamente para não ficar sem votar. Minha cabeça está cheia de: “votar é exercer sua cidadania”. Esta ideia de ser cidadão sempre me fascinou, estou é cansado de ser um cidadão do NADA. De visita há um blog que sempre leio, deixo aqui o .Link,, encontrei esse texto que agora posto pra você.  Pode ser uma solução imediata, mas pode levar a uma reflexão.







1 - Uma questão de consciência

Se em minha consciência o sistema político brasileiro é altamente propenso à corrupção, e se a realidade me mostra que a simples substituição dos atores não muda o enredo da peça, neste caso eu deveria me abster de votar. Ora, que tipo de consciência é a minha que fica indignada com a corrupção, mas que não se constrange em votar em candidatos a corruptos? Ninguém que preserva em si um pouco de dignidade moral deveria votar num potencial ladrão. Reclamos da ladroagem e nos revoltamos com a roubalheira na política, mas ignoramos, sem o menor senso do pudor, que eles estão lá exatamente porque os elegemos.

Dirá então alguém: Mas nem todo político é ladrão!!!

Sim, é verdade!  

Certamente deve haver um ou outro político que não se deixou corromper e que ainda não entregou sua alma a empreiteiros gananciosos; todavia, pela própria forma como se organiza a política vigente, tal homem público apenas serve de álibi para a manutenção desta estrutura podre e devassa. É bem verdade que em todo ofício ou ocupação há maus profissionais, contudo, esses são sempre a exceção; na política, ao contrário, a exceção são justamente os bons, os honestos, os que de fato fazem da política o que ela deveria ser, ou seja: a ciência da boa organização, direção e administração de nações ou Estados. No Brasil, o sentimento de impunidade aliado aos meios de acesso à corrupção, transforma potencialmente um cidadão honesto num político corrupto.

Dirá também alguém: Mas o voto nulo vai resolver o problema?

Não! O voto nulo tem esta finalidade.

Quando votamos nulo demonstramos com clareza que não estamos satisfeitos com a maneira atual de se fazer política no Brasil, e que exigimos mudanças mais profundas, com mais rigor à impunidade e mais controle às ações dos políticos. O voto nulo é uma das maneiras de o cidadão manifestar sua repulsa, não à política em si, mas ao modo como ele é exercida em nosso país.  É, portanto, uma forma de ação política.


2 - Uma forma de pressão

No âmbito do consumo, o boicote já se mostrou altamente eficaz, levando muitos comerciantes e indústrias a mudarem suas condutas e melhorarem seus produtos e serviços. Quando votamos nulo, anunciamos em alto e bom som que o “produto” político brasileiro que nos é oferecido está em péssimas condições e que precisa ser melhorado. Não podemos nos conformar com esta estrutura política de conveniências, em que os interesses pessoais e partidários de políticos permanecem acima dos interesses da coletividade.  Não podemos tolerar uma estrutura em que as leis que beneficiam os agentes públicos sejam feitas e aprovadas por eles mesmos, sem qualquer consulta popular. Um exemplo emblemático refere-se ao famigerado “Foro Privilegiado”, inserido na Constituição Republicana do remoto ano de 1891 e ampliado pelos políticos na última Constituição de 1988. 


3 - Uma exigência ao Voto Facultativo

Nas últimas eleições uma campanha do TSE ostentava para si o pomposo slogan de "O Tribunal da Democracia". Ora, que tipo de Democracia é essa que obriga um cidadão a deixar sua casa, contra sua própria vontade, para votar? A incoerência e de uma proporção tão absurda que transforma o sentido de "democracia" exatamente no seu oposto, ou seja: "ditadura". Enquanto o voto facultativo é preceito essencial nos países desenvolvidos, o voto obrigatório é característica típica de países autoritários. O voto obrigatório, no Brasil, é um dos muitos resquícios de leis restritivas que ainda prevalecem. É o que sobrou do velho sistema coronelista, sob uma nova roupagem. Antes tínhamos o voto de cabresto, hoje temos o voto obrigatório. Na prática, portanto, o voto obrigatório, que teve a chancela do ditador Getúlio Vargas, nada mais é do que uma forma de controle das massas, interessante apenas a políticos que, a depender das consciências livres e pensantes, jamais alçariam ao poder. 


4 - Uma demonstração de desprezo

É comum entre os que se opõem ao voto nulo argumentarem que votando assim a pessoa estará "desperdiçando seu voto", como se o simples ato de votar fosse em si mesmo uma ação proveitosa ou benéfica para a sociedade. Ora, qual tem sido, afinal, o resultado prático dos nossos votos ao longo de toda essa democracia? Mesmo supondo que o candidato escolhido seja aparentemente honesto, ainda assim e em termos funcionais, o que resultou disso para a melhoria da ética na nossa política? Nada! E por uma razão basilar e própria da cultura política brasileira: o que interessa para o candidato é tirar vantagens pessoais e políticas da sua candidatura. Da forma como as leis funcionam para os políticos, pelo o modo como eles são punidos e pela facilidade de se deixarem corromper, mesmo o “honesto” não costuma resistir ao primeiro “olhar bondoso” de um empreiteiro. Sim, pois: o sistema político brasileiro atual é bem semelhante ao nosso sistema carcerário: botamos um ladrão de galinha lá, e ele sairá um perito em roubo a banco. Quando votamos nulo mostramos o nosso desprezo pela forma de se fazer política no Brasil e, consequentemente, exigimos mudanças claras no modo de se punir aqueles que cospem nas caras de seus próprios eleitores, os quais não honram a função que ocupam, nem estão preocupados com o desenvolvimento do país.


5 - Uma opção e nada mais

Além de qualquer argumento contra ou a favor, o voto nulo pode ser apenas uma opção de quem não se interessa por política, seja por alienação, seja por indiferença, seja enfim, pela simples liberdade de não votar, sem qualquer razão ou motivo. É assim que funciona uma verdadeira Democracia.

É isso!

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Por: Iba Mendes

Farinha do mesmo saco - (Poeteiro)




Nos primórdios da República do Brasil, era comum aos jornalistas assumirem abertamente suas preferências políticas, as quais em geral não estavam centradas na ideologia partidária em si, mas principalmente na pessoa do candidato, em torno do qual se comportavam como verdadeiros parasitas, e de quem, em muitos casos, dependiam para a própria sobrevivência de suas publicações.

Com o decorrer dos anos, houve um amadurecimento acentuado no que tange à equidade ideológica dos nossos homens de imprensa, os quais passaram a opinar com certa independência, muito embora o contumaz comprometimento partidário  dos seus patrões, algo que notadamente ainda hoje se faz presente em todos os periódicos do país, com exceção de alguns que relutam em disfarçar suas predileções. É escancarada, por exemplo, a opção da revista Veja pelos candidatos da chamada Direita, o que se observa de igual maneira em relação ao jornal o Estado de S. Paulo, entre muitos outros. No que se refere à Folha de S. Paulo, não obstante historicamente sempre estivesse nesta mesma ala, de uns tempos para cá, principalmente durante os governos petistas, andou assim lá perambulando pelas beiradas da Esquerda, o que se pode explicar pelas exorbitantes verbas propagandistas oriundas da estrutura governamental. Na verdade, não parece exagero afirmar que a "balança editorial" de praticamente toda a Imprensa brasileira pende segundo os investimentos de seus patrocinadores, dentre os quais se destaca com soberbia o Governo. Ademais, não é interessante aos grandes veículos de comunicação se alinharem politicamente e todo tempo a uma só vertente partidária. Sim, afinal, o dinheirinho do opulento assinante "coxinha" é tão imprescindível quanto aquele que sai do bolso do miserável "mortadela". Nisto se explica um Reinaldo Azevedo escrevendo para a Folha e um Paulo Henrique Amorim opinando na Record... Neste aspecto e por esta mesma lógica do poderoso Capital, Frias, Mesquitas, Civitas, Marinhos, Minos e Macedos são peças do mesmo tabuleiro e farinha do mesmo saco...Neste aspecto bebem eles no mesmo copo e escarram nas mesmas bocas.

É isso!


9 de ago. de 2017

Justiça e a política: Juristas questionam


Pamela Mascarenhas

A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, pelo juiz federal Sérgio Moro, gerou grande repercussão no campo jurídico. Juristas consultados pelo JB apontam que há questões problemáticas no processo, como a escolha de argumentos políticos no lugar de argumentos técnicos. 

O ex-presidente, no dia seguinte do anúncio da condenação, salientou que "a Justiça não pode mentir, não pode tomar decisão política, tem que tomar decisão baseada nos autos". "A única prova que existe nesse processo é a prova da minha inocência", frisou na ocasião.

O professor da FGV Direito Rio Thiago Bottino destaca que o juiz "não poderia fazer considerações que não fossem estritamente jurídicas". 

Salah H. Khaled Jr., professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), ressalta que a sentença "soa como mera conjectura", e que "uma condenação não admite ilações". 

O professor de Direito Penal e Processual Penal, Fernando Hideo Lacerda, acrescenta que "não há prova para condenação pelo crime de corrupção e não há sequer embasamento jurídico para condenação pelo crime de lavagem de dinheiro".

A professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) Silvana Batini, por sua vez, acredita que "as provas estão na sentença". "O juiz Sérgio Moro formou sua convicção com uma série de provas descritas". Ela preferiu, entretanto, não entrar no mérito da materialidade do processo e comentar a sentença do juiz de Curitiba.

Clarice Lispector, in A descoberta do mundo














Se recebo um presente dado com carinho por pessoa de quem não gosto
– como se chama o que sinto?
Uma pessoa de quem não se gosta mais e que não gosta mais da gente
– como se chama essa mágoa e esse rancor?
Estar ocupada, e de repente parar por ter sido tomada por uma desocupação beata, milagrosa, sorridente e idiota
– como se chama o que se sentiu?
O único modo de chamar é perguntar:
como se chama?
Até hoje só consegui nomear com a própria pergunta.
Qual é o nome? E é este o nome.


A descoberta do mundo é um documentário dirigido pela pernambucana Taciana Oliveira em parceria no roteiro com a carioca Teresa Montero sobre a vida e a obra de Clarice Lispector.

Foto WhatsApp - sábado 29/7


'Le Monde': O escândalo dos ovos contaminados que afeta a Europa


Suíça, Alemanha, Suécia, Reino Unido, França, Bélgica e Holanda são atingidos pelo escândalo dos  ovos contaminados com fipronil, um pesticida utilizado para eliminar parasitas das galinhas, nos países europeus. Cerca de 300 mil galinhas contaminadas já foram abatidas e os criadores holandeses cogitam sacrificar mais de um milhão de aves. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, consumido pelo homem em grande quantidade o fipronil é considerado “moderadamente tóxico”, mas se ingerido em doses muitos elevadas, pode afetar o sistema renal ou o sistema linfático. 

Mil bois morrem em Mato Grosso do Sul


Luciano Chiochetta,  da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro), disse que até sexta-feira deverá sair o laudo veterinário sobre o que provocou as mortes. Suspeita é de intoxicação alimentar; O Estado é um dos principais produtores de boi para corte do País, com 20 milhões de cabeças. “A intoxicação é alimentar e não se trata de uma doença infecto contagiosa”, espera-se que com mais esse episódio, não arranhe ainda mais a  imagem da carne brasileira.

8 de ago. de 2017

Caique Daltro P. Alves


Eu acredito nas casualidades, nos encontros, nas passagens. Nas conversas que temos, nas músicas que cantamos. No que somos e nunca deixamos de ser. Eu acredito que podemos ser muito fortes, muito mais. Podemos ser como todos, e o tudo pode ser capaz. Eu quero suas mãos, suas ideias e defeitos, que me ensine o seu jeito, enquanto aprende o meu. Quero que faça sentido, que seja proibido, mas que entre nós todos não exista lei. Quero ser tudo que tem graça, que tem gosto e da pra sentir. Quero o que mais me da vontade, e quero vontade pra prosseguir. Quero voar, mergulhar, morrer e matar a vontade de querer.

Monteiro Lobato em “Mundo da Lua”






Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira - mas já tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum.

7 de ago. de 2017

JOSELITO MÜLLER do Besta Fubana fala do PROJETO DE LEI que PODE PROIBIR MURETA ANTI-MANJA ROLA




BRASÍLIA – Um projeto de lei polêmico foi aprovado na manhã de hoje pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados e poderá mudar a maneira como a rapaziada tira água do joelho em todo o país.

A proposta pretende proibir as chamadas “muretas anti-manja rola” sob argumento de combater a homofobia.

“ESSE TIPO DE OBSTÁCULO VISUAL SÓ SERVE PARA DIFICULTAR A INTERAÇÃO ENTRE USUÁRIOS DE MICTÓRIOS, CRIMINALIZANDO UMA ATITUDE CORRIQUEIRA E QUE DEVE SER FOMENTADA PELO ESTADO BRASILEIRO”, DIZ A JUSTIFICATIVA DA PROPOSTA.

Segundo um de seus formuladores, “eu gosto de dar uma olhada quando a rapaziada vai ao banheiro, mas isso não significa que sou homossexual por isso. Essa proposta também é interessante para heterossexuais que curtem manja rola”.


O projeto será levado ao plenário e caso aprovado por dois terços em dois turnos na câmara e no senado, será incluído no texto da Constituição Cidadã.

Luiz Melodia






















A “democracia” dos sem-vergonha - Leonardo Boff

Efetivamente nenhum brasileiro merecia tamanha humilhação a ponto de tantos sentirem vergonha de ser brasileiros.

Os parlamentares, incluídos os senadores, representam antes os interesses corporativos dos que financiaram suas campanhas do que os cidadãos que os elegeram.

Vox Populi/CUT: Lula lidera intenções de voto para 2018 em todos os cenários


Pesquisa realizada pelo instituto de pesquisas Vox Populi, encomendada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e divulgada nesta sexta-feira (4), mostra que a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições de 2018 se manteve estável, mesmo após a condenação do petista pelo juiz federal Sergio Moro.



Na sondagem, Lula lidera as intenções de voto para a presidência da República no segundo turno em quatro cenários pesquisados: contra Jair Bolsonaro (PEN-RJ) ou João Doria (PSDB-SP), Lula alcança 53% das intenções de voto; se os candidatos forem Geraldo Alckmin (PSDB-SP) ou Marina Silva (Rede-AC), Lula bate ambos com 52% dos votos.

Nesses cenários imaginados pela pesquisa, Bolsonaro teria 17% dos votos. Já Alckmin, Doria e Marina alcançariam, no máximo, 15% do total de votos, cada um.
O Vox Populi destaca uma variação de 40% em junho para 42% agora de entrevistados que afirmam que votariam no petista. Para Marcos Coimbra, diretor do Instituto Vox Populi, vários dados pesquisa podem explicar porque Moro não acabou com as intenções de voto positivas no ex-presidente.


“Um deles, muito importante, é que, para 42% dos entrevistados, Moro não provou a culpa de Lula no caso do tríplex do Guarujá. Para 32%, Moro provou e, outros, 27% não souberam ou não quiseram responder”, afirma Coimbra
Leia:

.hierophant.com.br/


As Borboletas Morreram
Aquelas que viviam no estômago

Postado por Luíza Maira Silva em 05/08/2017 19:45:01

Procurei uma música pra mandar pra ele
Só pra puxar assunto, assim meio que de manha 
Assim, de manhã
Daí se deu o desatino: 
Não me lembrava de sequer uma música!
Se a nossa paixonite era plantada narte 
Agora é desfeita em partes da minha memória canábica.
Perdeu-se então a arte das palavras que enfeitavam nossas bocas ávidas
E pior: perderam-se as melodias que me remetiam a ele
Não lhe mandei nada
Porque já não havia nada a mandar
Nem a receber
Mandei o silêncio vazio de uma saudade já há muito esquecida. 

As borboletas morreram. De morte natural, vale ressaltar.


5 de ago. de 2017

NO BRAZZIL, AINDA HOJE, O LEITE NÃO CHEGA PARA UM GRANDE NÚMERO DE CRIANÇAS.

Como a roupa feita a partir do leite tornou-se a altura da moda na Itália de Mussolini

"No futuro, você poderá escolher entre beber um copo de leite e usar um".


28 DE JULHO DE 2017

 Worker at SNIA Viscosa, 1953 MONDADORI PORTFOLIO/GETTY IMAGES
Em 1909, Filippo Tommaso Marinetti - um membro dos letrados italianos que estudaram no Egito, na França e na Itália - publicou seu Manifesto Futurista radical, um documento cujas exaltações de ruptura tecnológica inflamaram o movimento do Futurismo italiano.

Marinetti pediu a arte que abraçou novas inovações como automóveis, guerra glorificada, "lutou" pela moral e eliminou bibliotecas e museus, que se concentraram muito no passado.

O futurismo italiano que ele gerou se revoltou contra os antigos: a poesia futurista, por exemplo, muitas vezes descartou regras de gramática e apareceu em confusões não-lineares, enquanto as pinturas futuristas experimentaram a perspectiva e o colapso do espaço.

Umberto Boccioni, “The City Rises,” 1910. MUSEUM OF MODERN ART/PUBLIC DOMAIN 
A moda era um fascínio particular dos futuristas. Desde 1914, com a publicação do manuscrito "Manifesto Futurista de Vestuário Masculino" de Giacomo Balla, o debate sobre a forma como os italianos devem vestir-se nos círculos de Marinetti. Os futuristas queriam que os fabricantes criassem roupas de " novos materiais revolucionários ", como papel, papelão, vidro, papel alumínio, borracha, peixe, cânhamo e gás.

 In 1920, the “Manifesto of Futurist Women’s Fashion” added a new material to this list: milk.

A ideia não era inteiramente nova. Entre 1904 e 1909, o químico alemão Frederick Todtenhaupt tentou transformar subprodutos de leite em um substituto de seda fibrosa. Embora seus esforços falharam, sua premissa subjacente intrigou a banda de Futuristas de Marinetti. Muitos começaram a especular que o leite era o tecido do futuro e um dia compreenderia todos os estilos de vestimenta.

Não era tão louco quanto poderia soar. A lã é uma proteína, portanto, em um nível molecular, possui uma estrutura muito similar à caseína, a proteína encontrada no leite. Os químicos simplesmente precisavam descobrir como processar a caseína de uma forma que imitava a textura da lã.

Assim, para que as roupas à base de leite aconteçam, Marinetti e os Futuristas italianos precisavam aguardar a recuperação da tecnologia.

Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944) PUBLIC DOMAIN
 Esse momento ocorreu na década de 1930, quando o primeiro-ministro italiano, Benito Mussolini, começou seu empenho no país para conseguir a autossuficiência econômica. Mussolini entrou no escritório em 1922, em meio ao ressentimento popular por o que muitos viram como o arsenal rígido britânico, francês e americano no Tratado de Versalhes. Marinetti foi um de seus primeiros proponentes. Em 1919, o Partido Político Futurista de curta duração de Marinetti - uma tentativa de trazer ideias futuristas para o governo - se fundiu com o Partido Fascista Italiano de Mussolini. Os dois eram associados - Mussolini chamou Marinetti de " Fascista fervoroso " - e eles compartilhavam o objetivo de fortalecer a economia italiana em preparação para as próximas guerras.

Uma maneira que eles conseguiram isso? Vestuário de leite.

No início da década de 1930, Mussolini ordenou aos italianos que criassem mais de seus próprios produtos e, ao fazê-lo, inovassem "um estilo italiano em mobiliário, decoração de interiores e vestuário [que] ainda não existe".

Como muitos no governo fascista, ele fixou suas esperanças em tecidos artificiais, um mercado no qual a Itália se mostrou dominante. Como os futuristas haviam proposto anteriormente, muitas empresas italianas começaram a usar materiais orgânicos - em vez de sedas e lãs menos comuns - para desenvolver têxteis.

O primeiro grande sucesso da Itália veio com rayon, uma seda artificial feita de celulose. Em 1929, a nação tornou-se o principal produtor mundial de material, com 16 por cento da produção total de rayon.

SNIA Viscosa headquarters, c. 1943 PUBLIC DOMAIN
O partido responsável pela parte do leão desse rayon era uma empresa têxtil conhecida como SNIA Viscosa. Em 1925, o SNIA representava 70 por cento das fibras artificiais da Itália, crescendo tão grande que se tornou a primeira empresa da nação a ser listada em bolsas de valores estrangeiras (em Londres e Nova York).

E em 1935, a SNIA Viscosa adquiriu os direitos sobre um novo tipo de fibra: uma lã sintética à base de leite que, com base no trabalho anterior de Todtenhaupt, o engenheiro italiano Antonio Ferretti aperfeiçoou recentemente. Esta nova fibra de leite foi apelidada de linital (uma composição de lana , que significa lã e ital , da Itália).

O processo de produção lanital que Ferretti foi pioneiro foi assim: primeiro, os cientistas adicionaram ácido ao leite vazio, que separou a caseína. A caseína foi então dissolvida até desenvolver uma consistência viscosa. Em seguida, de acordo com o TEMPO , a caseína foi "forçada através de fieiras como macarrão, passou por um banho químico endurecedor, [e] cortou em fibras de qualquer comprimento desejado." O resultado? Uma substância que imitava lã.


Um vídeo britânico Pathé de 1937 oferece um vislumbre raro desse processo, encerrando uma previsão incrível: "no futuro, você poderá escolher entre beber um copo de leite e usar um".


Para Mussolini, o lanital era engenhoso. A Itália, como a maioria das nações, estava desperdiçando bilhões de libras por ano em excesso de leite desnatado. Lanital deu-lhes uma maneira barata de reutilizá-lo e, considerando-o de outra forma teria languidado, ofereceu muita explosão por seu dinheiro : 100 libras de leite continham cerca de 3,7 quilos de caseína, o que traduzia para 3,7 quilos de lanital.

Embora o lanital não fosse tão forte nem tão elástico como a lã real, Mussolini permaneceu firmemente encantado. Este era o tipo de inovação italiana de que queria mais.

Assim, em 1935, após sua invasão da Etiópia resultou em fortes sanções da Liga das Nações (um protótipo pós-Primeira Guerra Mundial para as Nações Unidas) que mais isolou a Itália, Mussolini voltou toda a atenção para o lanital.

Então, mais do que nunca, Mussolini precisava alcançar a auto-suficiência econômica que desejava. Ele investiu cada vez mais no que a Itália fazia melhor: têxteis artificiais. De acordo com Karen Pinkus , os tecidos artificiais, incluindo o lanital, tornaram-se "uma  obsessão central para o regime".



 A SNIA Viscosa recebeu grandes somas de ajuda governamental, e seu novo e promissor tecido de leite ganhou forte apoio: até 1937, foram produzidos surpreendentes 10 milhões de libras de lanital . Os conselhos têxteis estatais começaram a publicar cartazes de propaganda pedindo aos cidadãos que " Vestir de maneira italiana ". Os futuristas, encantados com a nova proeminência das fibras de leite, elogiaram com entusiasmo a invenção e a ingenuidade do governo fascista.

O próprio Marinetti tornou-se um poeta em residência para a SNIA. O poema de 1938 intitulado "O Poema da Torre Viscosa" elogiou a empresa têxtil, enquanto "O Poema Simultâneo da Moda Italiana" agradeceu à empresa por sua "italianidade, dinamismo, autonomia, [e] criatividade exemplares".

Mas o mais memorável foi o seu "Poema do vestido de leite", que foi publicado em um livro de propaganda ilustrado, e que apresentou algumas escolhas escritas em louvor ao lanital:

E deixe este leite complicado ser bem-vindo poder poder poderemos exaltar isso

LEITE DE AÇO REFORÇADO

LEITE DE GUERRA

LEITE MILITARIZADO.

A propaganda funcionou. Lanital tornou-se omnipresente em toda a Itália, e o sonho futurista da roupa do leite pareceu tornar-se realidade.

A tampa para o livro Snia Viscosa Il Poema del vestito di latte: condicional i
n liberta futuriste ( O Poema do vestido de leite: Palavras futurista em liberdade ), 1937,
 escrito por Filippo Tommaso Marinetti e ilustrado por Bruno Munar
i. CORTESIA DA UNIVERSIDADE INTERNACIONAL WOLFSONIAN-FLORIDA, MIAMI BEACH, FLÓRIDA
 
Em abril de 1937, a publicação britânica The Children's Newspaper informou que "lã de leite" havia se infiltrado em trajes, vestidos, roupas e até mesmo bandeiras italianas: "uma ordem surgiu que bandeiras e bandeiras sejam feitas deste material, dos quais os italianos são extremamente orgulhoso."

De fato, em 1938, a SNIA Viscosa se propôs a espalhar roupas à base de leite ao redor do mundo. Dois anos depois, vendeu patentes para oito países (Holanda, Polônia, Alemanha, Bélgica, Japão, França, Canadá, Checoslováquia e Inglaterra).

No entanto, havia um país em particular que a SNIA Viscosa esperava conhecer: os Estados Unidos.

Os EUA eram um alvo natural para as fibras de leite da SNIA Viscosa. Desde o início da década de 1920, os americanos discutiram a caseína como uma ponte potencial entre os setores agrícola e industrial e como uma forma de repurpose seus 50 bilhões de libras por ano de excesso de leite desnatado.

Em 1900, Henry E. Alvord, presidente de várias faculdades agrícolas americanas, sugeriu que a caseína fosse usada em cola, botões e pentes. Durante a Primeira Guerra Mundial, a caseína apareceu em uma pintura que cobriu asas do avião; Até 1940, apareceu nas teclas do piano. Caseína também foi encontrada em certos tipos de papel americano, onde anexou minerais para liberar um brilho brilhante.

Então SNIA Viscosa pensou - por que não também na roupa?

Lanital production at SNIA Viscosa, captured by Pathé News
Lanital production at SNIA Viscosa, captured by Pathé News

Com a ajuda do governo italiano, a SNIA despachou emissários de moda como a jornalista americana Marguerite Caetani, italiana e virada, para promover vestuário lanital em Nova York. A dez 1937 TEMPO artigo descreve como Caetani recrutados socialites americanas como Mona Bismarck-quem Chanel, uma vez eleita a “Mulher Mais Bem Vestido do Mundo” -para modelo high-end vestidos à base de leite para o público americano.

Seus esforços deram certo: em 1941, uma equipe do Atlantic Research Associates - uma divisão da National Dairy Corporation - começou a produzir o lanital sob o nome de aralac ("ARA" como no American Research Associates + lac , Latin for "milk").

As novas fibras de leite foram um sucesso. Como a SNIA esperava, a cena da moda de Nova York fixa-se em roupas à base de aralac, e aralac denunciou brevemente a sofisticação. Mas quando os EUA se juntaram à Segunda Guerra Mundial, encontrou um uso mais universal: equipamentos militares.

Aralac foi misturado com rayon para produzir chapéus , proporcionando aos historiadores modernos um fato trivial para superar todos os fatos triviais: durante a Segunda Guerra Mundial, soldados americanos usavam leite para a batalha.

Aralac se espalhou tão rapidamente em todo os Estados Unidos - logo apareceu em casacos, ternos e vestidos - que um artigo da LIFE de 1944 declarou : "Muitos cidadãos dos EUA, sem saber disso, estão usando roupas feitas de leite desnatado".

SNIA Viscosa propaganda, 1936 PUBLIC DOMAIN 
Mas, apesar do período inicial de lua de mel, os tecidos à base de leite logo ficaram fora de favor em todo o mundo. Apesar do exagero da imprensa sobre o seu luxo, o lanital foi muito mais fraco do que a lã, e quebrou facilmente. As faixas frequentemente surgiram quando passadas a ferro. Mas o mais condenável era o odor pútrido que esses tecidos às vezes expulso: " quando úmido, [lanital e aralac] cheirava a leite azedo, causando muitas queixas dos consumidores ".

Em 1948, a produção caiu nos Estados Unidos. Logo após, SNIA Viscosa começou a concentrar sua energia em outros produtos sintéticos. Sua reputação tomou um enorme golpe após a Segunda Guerra Mundial, quando as botas infusadas de linital, cobertores e uniformes militares - que Mussolini acreditava que resistiam ao gás venenoso - de fato fizeram pouco para proteger os soldados italianos e levaram a 2.000 casos de congelamento durante uma Batalha contra a França. De qualquer forma, produtos sintéticos mais baratos estavam inundando o mercado, classificando o lanital.

No entanto, esse não é o fim da história.

Ao longo das décadas, a roupa à base de leite permaneceu popular entre os futuristas, e nos últimos anos, as fibras provocaram um ressurgimento.

Em 2011, houve a estreia da empresa de roupas alemã Qmilch, cujos produtos de moda são fabricados quase que inteiramente com caseína. Iniciado pelo microbiologista alemão e designer Anka Domaske, a Qmilch oferece produtos que requerem menos produtos químicos do que o lanital das décadas de 1930 e 1940. Um vestido único custa cerca de US $ 200 e US $ 230 e é feito de seis litros de leite.

Segundo a Reuters , o rótulo de moda Mademoiselle Chi Chi, um produtor de roupas high-end que é favorito de celebridades americanas como Mischa Barton e Ashlee Simpson, também começou a vender roupas à base de leite. A popular linha de vestuário Heattech da Uniqlo, também, é parcialmente feita a partir de proteínas do leite .

Hoje, essas roupas são especialmente atraentes porque são biodegradáveis ​​e sustentáveis. Na verdade, como a sociedade global continua a enfatizar a reutilização, não se pode deixar de pensar que talvez os Futuristas de Marinetti estivessem corretos o tempo todo. Talvez o nosso futuro esteja com o vestido do leite.

Atlas Obscura