Estava conversando com o cara e falávamos sobre o voto
obrigatório no Brasil. Sensação muito estranha é essa de votar pela democracia
sabendo que essa mesma democracia já te impõem. Na urna eletrônica tem uma opção
sobre a qual não se ouve falar muito: “a tecla branca”. Ela está ali para ser
usada quando o eleitor não consegue confiar o suficiente em nenhum dos
candidatos apresentados. Ainda não usei a tal tecla. Insisto em votar em
candidatos que nunca vão representar o que defendo. Faço assim unicamente para
não ficar sem votar. Minha cabeça está cheia de: “votar é exercer sua cidadania”.
Esta ideia de ser cidadão sempre me fascinou, estou é cansado de ser um cidadão
do NADA. De visita há um blog que sempre leio, deixo aqui o.Link,, encontrei esse texto que agora posto pra você. Pode ser uma solução imediata, mas pode levar
a uma reflexão.
1 - Uma questão de
consciência
Se em minha consciência o sistema político brasileiro é altamente propenso à
corrupção, e se a realidade me mostra que a simples substituição dos atores não
muda o enredo da peça, neste caso eu deveria me abster de votar. Ora, que tipo
de consciência é a minha que fica indignada com a corrupção, mas que não se
constrange em votar em candidatos a corruptos? Ninguém que preserva em si um
pouco de dignidade moral deveria votar num potencial ladrão. Reclamos da
ladroagem e nos revoltamos com a roubalheira na política, mas ignoramos, sem o
menor senso do pudor, que eles estão lá exatamente porque os elegemos.
Dirá então
alguém: Mas nem todo político é ladrão!!!
Sim, é verdade!
Certamente deve
haver um ou outro político que não se deixou corromper e que ainda não entregou
sua alma a empreiteiros gananciosos; todavia, pela própria forma como se
organiza a política vigente, tal homem público apenas serve de álibi para a
manutenção desta estrutura podre e devassa. É bem verdade que em todo ofício ou
ocupação há maus profissionais, contudo, esses são sempre a exceção; na
política, ao contrário, a exceção são justamente os bons, os honestos, os que
de fato fazem da política o que ela deveria ser, ou seja: a ciência da boa organização,
direção e administração de nações ou Estados. No Brasil, o sentimento de
impunidade aliado aos meios de acesso à corrupção, transforma potencialmente um
cidadão honesto num político corrupto.
Dirá também
alguém: Mas o voto nulo vai resolver o problema?
Não! O voto nulo
tem esta finalidade.
Quando votamos
nulo demonstramos com clareza que não estamos satisfeitos com a maneira atual
de se fazer política no Brasil, e que exigimos mudanças mais profundas, com
mais rigor à impunidade e mais controle às ações dos políticos. O voto nulo é
uma das maneiras de o cidadão manifestar sua repulsa, não à política em si, mas
ao modo como ele é exercida em nosso país. É, portanto, uma forma de ação
política.
2 - Uma forma de pressão
No âmbito do consumo, o boicote já se mostrou altamente eficaz, levando muitos
comerciantes e indústrias a mudarem suas condutas e melhorarem seus produtos e
serviços. Quando votamos nulo, anunciamos em alto e bom som que o “produto”
político brasileiro que nos é oferecido está em péssimas condições e que
precisa ser melhorado. Não podemos nos conformar com esta estrutura política de
conveniências, em que os interesses pessoais e partidários de políticos
permanecem acima dos interesses da coletividade. Não podemos tolerar uma
estrutura em que as leis que beneficiam os agentes públicos sejam feitas e
aprovadas por eles mesmos, sem qualquer consulta popular. Um exemplo
emblemático refere-se ao famigerado “Foro Privilegiado”, inserido na
Constituição Republicana do remoto ano de 1891 e ampliado pelos políticos na
última Constituição de 1988.
3 - Uma exigência ao Voto Facultativo
Nas últimas eleições uma campanha do TSE ostentava para si o pomposo slogan de
"O Tribunal da Democracia". Ora, que tipo de Democracia é essa que
obriga um cidadão a deixar sua casa, contra sua própria vontade, para votar? A
incoerência e de uma proporção tão absurda que transforma o sentido de
"democracia" exatamente no seu oposto, ou seja: "ditadura".
Enquanto o voto facultativo é preceito essencial nos países desenvolvidos, o
voto obrigatório é característica típica de países autoritários. O voto
obrigatório, no Brasil, é um dos muitos resquícios de leis restritivas que
ainda prevalecem. É o que sobrou do velho sistema coronelista, sob uma nova
roupagem. Antes tínhamos o voto de cabresto, hoje temos o voto obrigatório. Na
prática, portanto, o voto obrigatório, que teve a chancela do ditador Getúlio
Vargas, nada mais é do que uma forma de controle das massas, interessante
apenas a políticos que, a depender das consciências livres e pensantes, jamais
alçariam ao poder.
4 - Uma demonstração de desprezo
É comum entre os que se opõem ao voto nulo argumentarem que votando assim a
pessoa estará "desperdiçando seu voto", como se o simples ato de
votar fosse em si mesmo uma ação proveitosa ou benéfica para a sociedade. Ora,
qual tem sido, afinal, o resultado prático dos nossos votos ao longo de toda
essa democracia? Mesmo supondo que o candidato escolhido seja aparentemente
honesto, ainda assim e em termos funcionais, o que resultou disso para a
melhoria da ética na nossa política? Nada! E por uma razão basilar e própria da
cultura política brasileira: o que interessa para o candidato é tirar vantagens
pessoais e políticas da sua candidatura. Da forma como as leis funcionam para
os políticos, pelo o modo como eles são punidos e pela facilidade de se
deixarem corromper, mesmo o “honesto” não costuma resistir ao primeiro “olhar
bondoso” de um empreiteiro. Sim, pois: o sistema político brasileiro atual é
bem semelhante ao nosso sistema carcerário: botamos um ladrão de galinha lá, e
ele sairá um perito em roubo a banco. Quando votamos nulo mostramos o nosso
desprezo pela forma de se fazer política no Brasil e, consequentemente,
exigimos mudanças claras no modo de se punir aqueles que cospem nas caras de
seus próprios eleitores, os quais não honram a função que ocupam, nem estão
preocupados com o desenvolvimento do país.
5 - Uma opção e nada mais
Além de qualquer argumento contra ou a favor, o voto nulo pode ser apenas uma
opção de quem não se interessa por política, seja por alienação, seja por
indiferença, seja enfim, pela simples liberdade de não votar, sem qualquer
razão ou motivo. É assim que funciona uma verdadeira Democracia.
Nos
primórdios da República do Brasil, era comum aos jornalistas assumirem
abertamente suas preferências políticas, as quais em geral não estavam
centradas na ideologia partidária em si, mas principalmente na pessoa do
candidato, em torno do qual se comportavam como verdadeiros parasitas, e de
quem, em muitos casos, dependiam para a própria sobrevivência de suas
publicações.
Com
o decorrer dos anos, houve um amadurecimento acentuado no que tange à equidade
ideológica dos nossos homens de imprensa, os quais passaram a opinar com certa
independência, muito embora o contumaz comprometimento partidário dos
seus patrões, algo que notadamente ainda hoje se faz presente em todos os
periódicos do país, com exceção de alguns que relutam em disfarçar suas predileções.
É escancarada, por exemplo, a opção da revista Veja pelos
candidatos da chamada Direita, o que se observa de igual maneira em relação ao
jornal o Estado de S. Paulo, entre muitos outros. No que se refere
à Folha de S. Paulo, não obstante historicamente sempre estivesse
nesta mesma ala, de uns tempos para cá, principalmente durante os governos
petistas, andou assim lá perambulando pelas beiradas da Esquerda, o que se pode
explicar pelas exorbitantes verbas propagandistas oriundas da estrutura
governamental. Na verdade, não parece exagero afirmar que a "balança
editorial" de praticamente toda a Imprensa brasileira pende segundo os
investimentos de seus patrocinadores, dentre os quais se destaca com soberbia o
Governo. Ademais, não é interessante aos grandes veículos de comunicação se
alinharem politicamente e todo tempo a uma só vertente partidária. Sim, afinal,
o dinheirinho do opulento assinante "coxinha" é tão imprescindível
quanto aquele que sai do bolso do miserável "mortadela". Nisto se
explica um Reinaldo Azevedo escrevendo para a Folha e um Paulo
Henrique Amorim opinando na Record... Neste aspecto e por esta
mesma lógica do poderoso Capital, Frias, Mesquitas, Civitas, Marinhos, Minos e
Macedos são peças do mesmo tabuleiro e farinha do mesmo saco...Neste aspecto
bebem eles no mesmo copo e escarram nas mesmas bocas.
A condenação do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 9 anos e 6 meses de prisão pelos
crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do
Guarujá, pelo juiz federal Sérgio Moro, gerou grande repercussão no campo
jurídico. Juristas consultados pelo JB apontam que há questões
problemáticas no processo, como a escolha de argumentos políticos no lugar de
argumentos técnicos.
O ex-presidente,
no dia seguinte do anúncio da condenação, salientou que "a Justiça não
pode mentir, não pode tomar decisão política, tem que tomar decisão
baseada nos autos". "A única prova que existe nesse processo é a
prova da minha inocência", frisou na ocasião.
O professor da FGV
Direito Rio Thiago Bottino destaca que o juiz "não poderia fazer
considerações que não fossem estritamente jurídicas". Salah H. Khaled Jr.,
professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio
Grande (FURG), ressalta que a sentença "soa como mera
conjectura", e que "uma condenação não admite ilações". O
professor de Direito Penal e Processual Penal, Fernando Hideo Lacerda,
acrescenta que "não há prova para condenação pelo crime de corrupção e não
há sequer embasamento jurídico para condenação pelo crime de lavagem de
dinheiro".
A professora da
Fundação Getulio Vargas (FGV) Silvana Batini, por sua vez, acredita que
"as provas estão na sentença". "O juiz Sérgio Moro formou
sua convicção com uma série de provas descritas". Ela preferiu,
entretanto, não entrar no mérito da materialidade do processo e comentar a
sentença do juiz de Curitiba.
Se recebo um
presente dado com carinho por pessoa de quem não gosto
– como se chama o
que sinto?
Uma pessoa de quem
não se gosta mais e que não gosta mais da gente
– como se chama
essa mágoa e esse rancor?
Estar ocupada, e
de repente parar por ter sido tomada por uma desocupação beata, milagrosa,
sorridente e idiota
– como se chama o
que se sentiu?
O único modo de
chamar é perguntar:
como se chama?
Até hoje só
consegui nomear com a própria pergunta.
Qual é o nome? E é
este o nome.
A descoberta do mundo é um documentário dirigido pela
pernambucana Taciana Oliveira em parceria no roteiro com a carioca Teresa
Montero sobre a vida e a obra de Clarice Lispector.
Suíça,
Alemanha, Suécia, Reino Unido, França, Bélgica e Holanda são atingidos pelo escândalo
dos ovos contaminados com fipronil, um
pesticida utilizado para eliminar parasitas das galinhas, nos países europeus. Cerca
de 300 mil galinhas contaminadas já foram abatidas e os criadores holandeses
cogitam sacrificar mais de um milhão de aves. De acordo com a Organização
Mundial da Saúde, consumido pelo homem em grande quantidade o fipronil é
considerado “moderadamente tóxico”, mas se ingerido em doses muitos
elevadas, pode afetar o sistema renal ou o sistema linfático.
Luciano Chiochetta, da Agência
Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro),
disse que até sexta-feira deverá sair o laudo veterinário sobre o que provocou
as mortes. Suspeita é de intoxicação alimentar; O Estado é um dos
principais produtores de boi para corte do País, com 20 milhões de cabeças. “A
intoxicação é alimentar e não se trata de uma doença infecto contagiosa”, espera-se que com mais esse
episódio, não arranhe ainda mais a imagem da carne brasileira.
Eu acredito nas
casualidades, nos encontros, nas passagens. Nas conversas que temos, nas
músicas que cantamos. No que somos e nunca deixamos de ser. Eu acredito que
podemos ser muito fortes, muito mais. Podemos ser como todos, e o tudo pode ser
capaz. Eu quero suas mãos, suas ideias e defeitos, que me ensine o seu jeito,
enquanto aprende o meu. Quero que faça sentido, que seja proibido, mas que
entre nós todos não exista lei. Quero ser tudo que tem graça, que tem gosto e
da pra sentir. Quero o que mais me da vontade, e quero vontade pra prosseguir.
Quero voar, mergulhar, morrer e matar a vontade de querer.
Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve
início de outra maneira - mas já tantos sonhos se realizaram que não temos o
direito de duvidar de nenhum.
BRASÍLIA – Um projeto de
lei polêmico foi aprovado na manhã de hoje pela Comissão de Constituição e
Justiça da Câmara dos Deputados e poderá mudar a maneira como a rapaziada tira
água do joelho em todo o país.
A proposta pretende
proibir as chamadas “muretas anti-manja rola” sob argumento de combater a
homofobia.
“ESSE TIPO DE OBSTÁCULO VISUAL SÓ SERVE PARA DIFICULTAR A
INTERAÇÃO ENTRE USUÁRIOS DE MICTÓRIOS, CRIMINALIZANDO UMA ATITUDE CORRIQUEIRA E
QUE DEVE SER FOMENTADA PELO ESTADO BRASILEIRO”, DIZ A JUSTIFICATIVA DA
PROPOSTA.
Segundo um de seus
formuladores, “eu gosto de dar uma olhada quando a rapaziada vai ao banheiro,
mas isso não significa que sou homossexual por isso. Essa proposta também é
interessante para heterossexuais que curtem manja rola”.
O projeto será levado ao
plenário e caso aprovado por dois terços em dois turnos na câmara e no senado,
será incluído no texto da Constituição Cidadã.
Efetivamente nenhum brasileiro merecia tamanha
humilhação a ponto de tantos sentirem vergonha de ser brasileiros.
Os parlamentares, incluídos os senadores,
representam antes os interesses corporativos dos que financiaram suas campanhas
do que os cidadãos que os elegeram.
Pesquisa realizada pelo instituto de pesquisas
Vox Populi, encomendada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e divulgada
nesta sexta-feira (4), mostra que a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva para as eleições de 2018 se manteve estável, mesmo após a
condenação do petista pelo juiz federal Sergio Moro.
Na sondagem, Lula lidera as intenções de voto
para a presidência da República no segundo turno em quatro cenários
pesquisados: contra Jair Bolsonaro (PEN-RJ) ou João Doria (PSDB-SP), Lula
alcança 53% das intenções de voto; se os candidatos forem Geraldo Alckmin
(PSDB-SP) ou Marina Silva (Rede-AC), Lula bate ambos com 52% dos votos.
Nesses cenários imaginados pela pesquisa,
Bolsonaro teria 17% dos votos. Já Alckmin, Doria e Marina alcançariam, no
máximo, 15% do total de votos, cada um.
O Vox Populi destaca uma variação de 40% em
junho para 42% agora de entrevistados que afirmam que votariam no
petista. Para Marcos Coimbra, diretor do Instituto Vox Populi, vários
dados pesquisa podem explicar porque Moro não acabou com as intenções de voto
positivas no ex-presidente.
“Um deles, muito importante, é que, para 42%
dos entrevistados, Moro não provou a culpa de Lula no caso do tríplex do
Guarujá. Para 32%, Moro provou e, outros, 27% não souberam ou não quiseram
responder”, afirma Coimbra
Worker at SNIA Viscosa, 1953 MONDADORI PORTFOLIO/GETTY IMAGES
Em 1909, Filippo Tommaso
Marinetti - um membro dos letrados italianos que estudaram no Egito, na
França e na Itália - publicou seu Manifesto Futurista radical, um
documento cujas exaltações de ruptura tecnológica inflamaram o movimento do
Futurismo italiano.
Marinetti pediu a arte que
abraçou novas inovações como automóveis, guerra glorificada, "lutou"
pela moral e eliminou bibliotecas e museus, que se concentraram muito no
passado.
O futurismo italiano que ele
gerou se revoltou contra os antigos: a poesia futurista, por exemplo, muitas
vezes descartou regras de gramática e apareceu em confusões não-lineares,
enquanto as pinturas futuristas experimentaram a perspectiva e o colapso do
espaço.
A moda era um fascínio
particular dos futuristas. Desde 1914, com a publicação do manuscrito
"Manifesto Futurista de Vestuário Masculino" de Giacomo Balla, o
debate sobre a forma como os italianos devem vestir-se nos círculos de
Marinetti. Os futuristas queriam que os fabricantes criassem roupas de
" novos
materiais revolucionários ", como papel, papelão, vidro,
papel alumínio, borracha, peixe, cânhamo e gás.
In 1920, the “Manifesto of Futurist Women’s
Fashion” added a new material to this list: milk.
A ideia não era inteiramente
nova. Entre 1904 e 1909, o químico alemão Frederick Todtenhaupt tentou transformar
subprodutos de leite em um substituto de seda fibrosa. Embora seus
esforços falharam, sua premissa subjacente intrigou a banda de Futuristas de
Marinetti. Muitos começaram a especular que o leite era o tecido do futuro
e um dia compreenderia todos os estilos de vestimenta.
Não era tão louco quanto poderia
soar. A lã é uma proteína, portanto, em um nível molecular, possui uma
estrutura muito similar à caseína, a proteína encontrada no leite. Os
químicos simplesmente precisavam descobrir como processar a caseína de uma
forma que imitava a textura da lã.
Assim, para que as roupas à base
de leite aconteçam, Marinetti e os Futuristas italianos precisavam aguardar a
recuperação da tecnologia.
Esse momento ocorreu na década
de 1930, quando o primeiro-ministro italiano, Benito Mussolini, começou seu
empenho no país para conseguir a autossuficiência econômica. Mussolini
entrou no escritório em 1922, em meio ao ressentimento popular por o que muitos
viram como o arsenal rígido britânico, francês e americano no Tratado de
Versalhes. Marinetti foi um de seus primeiros proponentes. Em 1919, o
Partido Político Futurista de curta duração de Marinetti - uma tentativa de
trazer ideias futuristas para o governo - se fundiu com o Partido Fascista
Italiano de Mussolini. Os dois eram associados - Mussolini chamou
Marinetti de " Fascista
fervoroso " - e eles compartilhavam o objetivo de
fortalecer a economia italiana em preparação para as próximas guerras.
Uma maneira que eles conseguiram
isso? Vestuário de leite.
No início da década de 1930,
Mussolini ordenou aos italianos que criassem mais de seus próprios produtos e,
ao fazê-lo, inovassem "um estilo italiano em mobiliário, decoração de
interiores e vestuário [que] ainda não existe".
Como muitos no governo fascista,
ele fixou suas esperanças em tecidos artificiais, um mercado no qual a Itália
se mostrou dominante. Como os futuristas haviam proposto anteriormente,
muitas empresas italianas começaram a usar materiais orgânicos - em vez de
sedas e lãs menos comuns - para desenvolver têxteis.
O primeiro grande sucesso da
Itália veio com rayon, uma seda artificial feita de celulose. Em 1929, a
nação tornou-se o principal produtor mundial de material, com 16 por
cento da produção total de rayon.
O partido responsável pela parte
do leão desse rayon era uma empresa têxtil conhecida como SNIA Viscosa. Em
1925, o SNIA representava 70 por cento das fibras artificiais da Itália,
crescendo tão grande que se tornou a primeira empresa da nação a ser listada em
bolsas de valores estrangeiras (em Londres e Nova York).
E em 1935, a SNIA Viscosa
adquiriu os direitos sobre um novo tipo de fibra: uma lã sintética à base de
leite que, com base no trabalho anterior de Todtenhaupt, o engenheiro italiano
Antonio Ferretti aperfeiçoou recentemente. Esta nova fibra de leite foi
apelidada de linital (uma composição de lana , que significa lã
e ital , da Itália).
O processo de produção lanital
que Ferretti foi pioneiro foi assim: primeiro, os cientistas adicionaram ácido
ao leite vazio, que separou a caseína. A caseína foi então dissolvida até
desenvolver uma consistência viscosa. Em seguida, de acordo com o TEMPO ,
a caseína foi "forçada através de fieiras como macarrão, passou por um
banho químico endurecedor, [e] cortou em fibras de qualquer comprimento
desejado." O resultado? Uma substância que imitava lã.
Um vídeo britânico Pathé de 1937 oferece
um vislumbre raro desse processo, encerrando uma previsão incrível: "no
futuro, você poderá escolher entre beber um copo de leite e usar um".
Para Mussolini, o lanital era
engenhoso. A Itália, como a maioria das nações, estava desperdiçando
bilhões de libras por ano em excesso de leite desnatado. Lanital deu-lhes
uma maneira barata de reutilizá-lo e, considerando-o de outra forma teria
languidado, ofereceu muita
explosão por seu dinheiro : 100 libras de leite continham cerca
de 3,7 quilos de caseína, o que traduzia para 3,7 quilos de lanital.
Embora o lanital não fosse tão
forte nem tão elástico como a lã real, Mussolini permaneceu firmemente
encantado. Este era o tipo de inovação italiana de que queria mais.
Assim, em 1935, após sua invasão
da Etiópia resultou em fortes sanções da Liga das Nações (um protótipo
pós-Primeira Guerra Mundial para as Nações Unidas) que mais isolou a Itália,
Mussolini voltou toda a atenção para o lanital.
Então, mais do que nunca,
Mussolini precisava alcançar a auto-suficiência econômica que
desejava. Ele investiu cada vez mais no que a Itália fazia melhor: têxteis
artificiais. De acordo com Karen
Pinkus , os tecidos artificiais, incluindo o lanital,
tornaram-se "uma obsessão central
para o regime".
A SNIA Viscosa recebeu grandes somas de ajuda
governamental, e seu novo e promissor tecido de leite ganhou forte apoio: até 1937, foram
produzidos surpreendentes 10 milhões
de libras de lanital . Os conselhos têxteis estatais
começaram a publicar cartazes de propaganda pedindo aos cidadãos que
" Vestir de
maneira italiana ". Os futuristas, encantados com a nova proeminência
das fibras de leite, elogiaram com entusiasmo a invenção e a ingenuidade do
governo fascista.
O próprio Marinetti tornou-se um
poeta em residência para a SNIA. O poema de 1938 intitulado "O Poema
da Torre Viscosa" elogiou a empresa têxtil, enquanto "O Poema
Simultâneo da Moda Italiana" agradeceu à empresa por sua
"italianidade, dinamismo, autonomia, [e] criatividade exemplares".
Mas o mais memorável foi o seu
"Poema do vestido de leite", que foi publicado em um livro de
propaganda ilustrado, e que apresentou algumas escolhas
escritas em louvor ao lanital:
E deixe este leite complicado
ser bem-vindo poder poder poderemos exaltar isso
LEITE DE AÇO REFORÇADO
LEITE DE GUERRA
LEITE MILITARIZADO.
A propaganda
funcionou. Lanital tornou-se omnipresente em toda a Itália, e o sonho
futurista da roupa do leite pareceu tornar-se realidade.
A tampa para o livro Snia Viscosa Il Poema del vestito
di latte: condicional i n liberta futuriste ( O Poema do vestido de
leite: Palavras futurista em liberdade ), 1937, escrito por Filippo
Tommaso Marinetti e ilustrado por Bruno Munar i. CORTESIA DA UNIVERSIDADE
INTERNACIONAL WOLFSONIAN-FLORIDA, MIAMI BEACH, FLÓRIDA
Em abril de 1937, a publicação
britânica The Children's Newspaper informou que
"lã de leite" havia se infiltrado em trajes, vestidos, roupas e até
mesmo bandeiras italianas: "uma ordem surgiu que bandeiras e bandeiras
sejam feitas deste material, dos quais os italianos são extremamente orgulhoso."
De fato, em 1938, a SNIA Viscosa
se propôs a espalhar roupas à base de leite ao redor do mundo. Dois anos
depois, vendeu patentes para oito países (Holanda,
Polônia, Alemanha, Bélgica, Japão, França, Canadá, Checoslováquia e
Inglaterra).
No entanto, havia um país em
particular que a SNIA Viscosa esperava conhecer: os Estados Unidos.
Os EUA eram um alvo natural para
as fibras de leite da SNIA Viscosa. Desde o início da década de 1920, os
americanos discutiram a caseína como uma ponte potencial entre os setores
agrícola e industrial e como uma forma de repurpose seus 50 bilhões
de libras por ano de excesso de leite desnatado.
Em 1900, Henry E. Alvord, presidente
de várias faculdades agrícolas americanas, sugeriu que a caseína fosse usada em
cola, botões e pentes. Durante a Primeira Guerra Mundial, a caseína
apareceu em uma pintura que cobriu asas do avião; Até 1940, apareceu nas
teclas do piano. Caseína também foi encontrada em certos tipos de papel
americano, onde anexou minerais para liberar um brilho brilhante.
Então SNIA Viscosa pensou - por
que não também na roupa?
Lanital production at SNIA Viscosa, captured by Pathé News
Com a ajuda do governo italiano, a SNIA
despachou emissários de moda como a jornalista americana Marguerite Caetani,
italiana e virada, para promover vestuário lanital em Nova York. A dez
1937 TEMPO artigo descreve como Caetani recrutados socialites americanas
como Mona Bismarck-quem Chanel, uma vez eleita a “Mulher Mais Bem Vestido do
Mundo” -para modelo high-end vestidos à base de leite para o público americano.
Seus esforços deram certo: em
1941, uma equipe do Atlantic Research Associates - uma divisão da National
Dairy Corporation - começou a produzir o lanital sob o nome de aralac
("ARA" como no American Research Associates + lac , Latin
for "milk").
As novas fibras de leite foram
um sucesso. Como a SNIA esperava, a cena da moda de Nova York fixa-se em roupas
à base de aralac, e aralac denunciou brevemente a sofisticação. Mas quando
os EUA se juntaram à Segunda Guerra Mundial, encontrou um uso mais universal:
equipamentos militares.
Aralac foi
misturado com rayon para produzir chapéus , proporcionando aos
historiadores modernos um fato trivial para superar todos os fatos triviais:
durante a Segunda Guerra Mundial, soldados americanos usavam leite para a
batalha.
Aralac se espalhou tão
rapidamente em todo os Estados Unidos - logo apareceu em casacos, ternos e
vestidos - que um artigo da LIFE de 1944 declarou :
"Muitos cidadãos dos EUA, sem saber disso, estão usando roupas feitas de
leite desnatado".
Mas, apesar do período inicial
de lua de mel, os tecidos à base de leite logo ficaram fora de favor em todo o
mundo. Apesar do exagero da imprensa sobre o seu luxo, o lanital foi muito
mais fraco do que a lã, e quebrou facilmente. As faixas frequentemente
surgiram quando passadas a ferro. Mas o mais condenável era o odor pútrido
que esses tecidos às vezes expulso: " quando
úmido, [lanital e aralac] cheirava a leite azedo, causando muitas queixas dos
consumidores ".
Em 1948, a produção caiu nos
Estados Unidos. Logo após, SNIA Viscosa começou a concentrar sua energia
em outros produtos sintéticos. Sua reputação tomou um enorme golpe após a
Segunda Guerra Mundial, quando as botas infusadas de linital, cobertores e
uniformes militares - que Mussolini acreditava que resistiam ao gás venenoso -
de fato fizeram pouco para proteger os soldados italianos e levaram a 2.000 casos
de congelamento durante uma Batalha contra a França. De
qualquer forma, produtos sintéticos mais baratos estavam inundando o mercado,
classificando o lanital.
No entanto, esse não é o fim da
história.
Ao longo das décadas, a roupa à
base de leite permaneceu popular entre os futuristas, e nos últimos anos, as
fibras provocaram um ressurgimento.
Em 2011, houve a estreia da
empresa de roupas alemã Qmilch, cujos produtos de moda são fabricados quase que
inteiramente com caseína. Iniciado pelo microbiologista alemão e designer
Anka Domaske, a Qmilch oferece produtos que requerem menos produtos químicos do
que o lanital das décadas de 1930 e 1940. Um vestido único custa cerca de
US $ 200 e US $ 230 e é feito de seis litros de leite.
Segundo a Reuters ,
o rótulo de moda Mademoiselle Chi Chi, um produtor de roupas high-end que é
favorito de celebridades americanas como Mischa Barton e Ashlee Simpson, também
começou a vender roupas à base de leite. A popular linha de vestuário
Heattech da Uniqlo, também, é
parcialmente feita a partir de proteínas do leite .
Hoje, essas roupas são
especialmente atraentes porque são biodegradáveis e sustentáveis. Na
verdade, como a sociedade global continua a enfatizar a reutilização, não se
pode deixar de pensar que talvez os Futuristas de Marinetti estivessem corretos
o tempo todo. Talvez o nosso futuro esteja com o vestido do leite.
Se quiser mandar críticas sobre o material publicado, ou se tiver sugestões sobre artigos ou materiais que combinam com a proposta desse blog e que julga interessante, sinta-se a vontade para me escrever. luiztury@yahoo.com.br