Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

18 de jul. de 2019

Cinemagrafia


Se resume a um meio termo entre as imagens estáticas da fotografia tradicional com o movimento cinematográfico. Não é filme e nem é foto. Um elo intermediário entre a fotografia artística e o vídeo-arte.



17 de jul. de 2019

Seguidores do LIXO





"Ontem 
MORO,
hoje
 TOFFOLI".

Usando o 
LIXÃO,
como vão criar um ambiente
onde existam instituições 
SÓLIDAS




Quarta, Brasil.


Sai da prisão homem pego com 117 fuzis ligados a suspeito de matar Marielle

Deixou a prisão hoje o homem com quem a Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou, em março, 117 fuzis incompletos pertencentes
ao sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, réu pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Embora as armas não estivessem completas, tratou-se da maior apreensão de fuzis da história do estado


15 de jul. de 2019

Nada Novo


1893

Confirmação de Glaziou no cargo de Diretor dos Jardins Públicos, Arborização e Florestas da
COMISSÃO DE ESTUDOS DO
PLANALTO CENTRAL DO BRASIL,
chefiada por Dr. Luís Cruls
Cidade do Rio de Janeiro.

Glaziou integra, como botânico, a
Comissão de Estudos do Planalto Central do Brasil, chefiada pelo astrônomo belga Dr. Louis Cruls, diretor do Observatório Nacional, que demarca a área do futuro Distrito Federal. Em correspondência ao Dr. Cruls, em 1893, sugere a implantação de um lago para amenizar a secura do lugar, como o hoje lago Paranoá.

14 de jul. de 2019

Caetano Veloso



Sozinho


Às vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois

Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho

Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho, às vezes, cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você, mais ninguém

Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?

Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora

Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?

Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora

Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?


O VIÚVO




Na véspera de partir para a Europa, o doutor Claudino, sem prever o fúnebre espetáculo de que ia ser testemunha, foi despedir-se do seu velho camarada Tertuliano.

Ao aproximar-se da casa, ouviu berreiro de crianças e mulheres, e a voz de Tertuliano, que dominava de vez em quando o alarido geral, soltando, num tom estrídulo e angustioso, esta palavra: “Xandoca”.

O doutor Claudino apressou o passo, e entrou muito aflito em casa do amigo.

Havia, efetivamente, motivo para toda aquela manifestação de desespero. Tertuliano acabava de enviuvar. Havia meia hora que dona Xandoca, vítima de uma febre puerperal, fechara os olhos para
nunca mais abri-los.

O corpo, vestido de seda preta, as mãos cruzadas sobre o peito, estava colocado num canapé, na sala de visitas. À cabeceira, sobre uma pequena mesa coberta por uma toalha de rendas, duas velas de cera substituíam, aos dous lados de um crucifixo, o bom e o mau ladrão.

 Tertuliano, abraçado ao cadáver, soluçava convulsamente, e todo o seu corpo tremia como tocado por uma pilha elétrica. Os filhos, quatro crianças, a mais velha das quais teria oito anos, rodeavam-no aos gritos.

Na sala havia um contínuo fluxo e refluxo de gente que entrava e saía, pessoas da vizinhança, chorando muito, e indivíduos que, passando na rua, ouviam gritar e entravam por mera curiosidade.

O doutor Claudino estava impressionadíssimo. Caíra de supetão no meio daquele espetáculo comovedor, e contemplava atônito o cadáver da pobre senhora que, havia quatro dias, encontrara na rua da Carioca, muito alegre, levando um filho pela mão e outro no ventre, arrastando vaidosa a sua maternidade feliz.

Tertuliano, mal que o viu, atirou-se-lhe nos braços, inundando-lhe do lágrimas a gola do casaco; o doutor Claudino estava atordoado, cego, com os vidros do pince-nez embaciados pelo pranto, que tardou, mas veio discreta, reservadamente, como um pranto que não era da família.

- Isto foi uma surpresa... uma dolorosa surpresa para mim - conseguiu dizer com a voz embargada pela comoção. - Parto amanhã para a Europa, no Níger... vinha despedir-me de ti... e dela... de dona Xandoca e... vejo que... que... que...

E o doutor Claudino fez uma careta medonha para não soluçar.

- Dispõe de mim, meu velho; estou às tuas ordens, bem sabes.

- Obrigado - disse Tertuliano numa dessas intermitências que se notam nos maiores desabafos - o Rodrigo, aquele meu primo empregado no foro, já foi tratar do enterro, que é amanhã às dez horas.

Fazendo grandes esforços para reprimir a explosão das lágrimas, o viúvo contou ao doutor Claudino todos os incidentes da rápida moléstia e da morte de dona Xandoca.

- Uma coisa inexplicável! Nunca a pobre criatura teve um parto tão feliz... A parteira não esperou cinco minutos:.. Uma criança gorda, bonita... Está lá em cima, no sótão... hás de vê-la. De repente, uma pontinha de febre que foi aumentando, aumentando... até vir o delírio... Mandei chamar o médico... Quando o médico chegou, já ela agoniza... a... va!...

E Tertuliano, prorrompendo em soluços, abraçou-se de novo ao doutor Claudino.

No dia seguinte, a cena foi dolorosíssima. Antes de se fechar o caixão, Tertuliano quis que os filhos beijassem o cadáver, medonhamente intumescido e decomposto. Ninguém reconhecia dona Xandoca, tão simpática, tão graciosa, naquele montão informe de carne pútrida.

 Fecharam o caixão, mas Tertuliano agarrou-se a ele e não o queria deixar sair, gritando: - Não consinto! não quero que a levem, daqui! - Foi preciso arrancá-lo à força e empurrá-lo para longe. Ele caiu e começou a escabujar no chão, soltando grandes gritos nervosos. Três senhoras caíram também com espectaculosos ataques. As crianças berravam. Choravam todos.

De volta do enterro, o doutor Claudino, conquanto muito atarefado com a viagem, não quis deixar de fazer uma última visita a Tertuliano.

Encontrou-o num estado lastimoso, sentado numa cadeira da sala de jantar, sem dar acordo de si, rodeado pelos filhos, o olhar fixo no mísero recém-nascido, que a um canto da casa mamava sofregamente numa preta gorda.

 - Tertuliano, adeus. Daqui a meia hora devo estar embarcando. Crê que, se pudesse, adiava a viagem para fazer-te companhia... Adeus!

O viúvo lançou-lhe um olhar vago, um olhar que nada exprimia; sacudiu molemente a mão, e murmurou:

 - Adeus!

Às sete horas da noite o doutor Claudino, sentado na coberta do Níger, contemplando as ondas, esplendidamente iluminadas pelo luar, pensava naquela olhar vago de Tertuliano, naquele adeus terrível, e pedia aos céus que o seu velho camarada não houvesse enlouquecido.

Meses depois, a exposição de Paris atordoava-o; mas de vez em quando, lá mesmo, na Galeria das Máquinas, no Palácio das Artes, ou na Torre Eiffel, voltava-lhe ao espírito a lembrança daquela cena desoladora do viúvo rodeado pelos orfãozinhos, e repercutia-lhe dentro d'alma o som daquele adeus pungente e indefinível.

Interessava-se muito por Tertuliano. Escreveu-lhe um dia, mas não obteve resposta. Pobre rapaz! viveria ainda? a sua razão teria resistido àquele embate violento?

Depois de um ano e quatro meses de ausência, o doutor Claudino voltou da Europa, e a sua primeira visita foi para Tertuliano, que morava ainda na mesma casa.

Mandaram-no entrar para a sala de jantar. Tertuliano estava sentado numa cadeira, sem dar acordo de si, rodeado pelos filhos, o olhar fixo no mais pequenito, que estava muito esperto, brincando no colo da preta gorda.

- Tertuliano? - balbuciou o doutor Claudino.

O viúvo lançou-lhe um olhar vago, um olhar que nada exprimia; sacudiu molemente a mão, e murmurou:

- Adeus.

Depois, dir-se-ia que se fizera subitamente a luz no seu espírito embrutecido. Ele ergueu-se de um salto, gritando:

- Claudino! - e atirou-se nos braços do velho camarada, exclamando entre lágrimas: - Ah! meu amigo! perdi minha mulher!...

 - Sim, eu sei, mas já tinhas tempo de estar mais consolado... Que diabo! Sê homem! Já lá se vão quatorze meses!...

 - Como quatorze meses? seis dias...

- Ora essa! pois não se lembras que acompanhei o enterro de dona Xandoca?

- Ah! tu falas da Xandoca... mas há três meses casei-me com outra... a filha do major Seabra, e há seis dias estou viu...ú...vo! E Tertuliano, prorrompendo em soluços, abraçou-se de novo ao doutor Claudino.

(Contos fora de moda, 1894.)




Artur Azevedo (Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo), jornalista e teatrólogo, nasceu em São Luís, MA, em 7 de julho de 1855, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 22 de outubro de 1908. Figurou, ao lado do irmão Aluísio Azevedo, no grupo fundador da Academia Brasileira de Letras, onde criou a cadeira nº 29, que tem como patrono Martins Pena.
Cadeira:

12 de jul. de 2019

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Deputados brasileiros adotam reforma previdenciária

O sistema futuro, crucial para as finanças públicas do país, deve economizar 168 bilhões de euros em dez anos.
Por Claire Gatinois Publicado terça- feira às 11:30, atualizado às 12h12












Leia: >>> https://www.lemonde.fr/economie/article/2019/07/12/les-deputes-bresiliens-adoptent-la-reforme-des-retraites_5488562_3234.html


Sobre assumir embaixada e sobre toma lá dá cá


Eduardo Bolsonaro diz ter bastante experiencia 
para assumir embaixada em Washington



"Já fritei hambúrguer nos EUA"



Guga Chacra: Apenas rei saudita nomeou filho embaixador nos EUA





Trump cogita nomear filho Eric embaixador no Brasil, em troca com Eduardo Bolsonaro








11 de jul. de 2019

Receita simples. Sair um pouco do velho e delicioso arroz com feijão.



ARROZ VIETNAMITA 

 Receita de arroz frito vietnamita 



Ingredientes (serve 4 pessoas)
 
 - 1/2 pimentão laranja ou vermelho (pedaços médios/grandes)
 - 1/2 pimentão amarelo (pedaços médios/grandes) 
 - 1/2 xícara de cebolinha (pedaços médios/grandes)
 - 1 cenoura média cortada em fatias
 - 1 cebola média (pedaços médios/grandes)
 - 1/2 punhado de manjericão - 450g de frango
 - 2 ovos - raspas de limão 
 - 2 xícaras de arroz já cozido, de preferência sem tempero e pouco sal.
 - 1/2 pimenta dedo de moça cortada em pedaços pequenos (se quiser que o prato fique mais apimentado, basta deixar as sementes e a parte branca interna)
 - 2 dentes de alho picados 
 - 1/2 xícara de amendoim (pouco sal, torrado)

 Molho

 -1/2 colher de sopa de vinagre de arroz (ou saquê) 
 - 1 colher de sopa de óleo de gergelim tostado 
 - 4 a 5 colheres de sopa de shoyo 
 - 1 pitada de pimenta calabresa 
 
- Gostou do Tô Bem na Cozinha?

10 de jul. de 2019


PF encontra 583 kg de cocaína em fazenda de prefeito do MDB que prometeu barrar Funai

Polícia Federal apreendeu 583 kg de cocaína 


dentro de uma fazenda do prefeito de Itaituba (PA), Valmir Climaco (MDB); foram apreendidos também dois fuzis, uma pistola e munição

A PF vem aí


PF ataca grupo por fraudes e desvios na construção de UBS em Barbacena

A Polícia Federal, a Controladoria-Geral da União e a Receita deflagraram nesta terça-feira, 9, a terceira fase da Operação Desvia, com objetivo combater fraude em licitação, corrupção e desvio de recursos públicos federais na contratação de obras para a construção de Unidades Básicas de Saúde em Barbacena (MG), durante os anos de 2013 e 2016.
A força-tarefa cumpre 15 mandados de busca e apreensão nos municípios mineiros de Belo Horizonte, Barbacena, Itatiaiuçu e Nova Lima. Foram mobilizados 10 auditores da CGU, sete auditores da Receita e 65 policiais federais.
As duas primeiras etapas da Operação Desvia foram desencadeadas nos dias 21 e 23 de maio.
As informações foram divulgadas pela Assessoria de Comunicação Social da Controladoria.
As investigações tiveram início com trabalho da PF, que aponta ‘indícios de irregularidades’ na execução de cinco obras referentes ao Programa de Requalificação – construção, ampliação e reforma – de Unidades Básicas de Saúde, e foram seguidas de apuração conjunta com a CGU e a Receita.
Segundo a Controladoria, as apurações indicam que Barbacena celebrou o Contrato de Empreitada nº 005/2016 com a construtora investigada, vencedora do processo licitatório n.º 025/2015, que deveria ter construído UBSs nos distritos de Pinheiro Grosso e Torres e nos bairros Santo Antônio, Monte Mário e Santa Luzia.
As obras, no entanto, ‘permanecem inacabadas e abandonadas’. O valor do Contrato de Empreitada era de R$ 2.708,869,99, após reajuste de 16% aprovado em agosto de 2016.
Na prestação de contas, a prefeitura de Barbacena informou que concluiu, com a terceira colocada no processo licitatório, as tratativas para que as obras das UBSs citadas sejam retomadas. Mas, segundo a Controladoria, a terceira colocada também está sendo investigada por ter deixado obras inacabadas na mesma cidade, tendo sido, inclusive, alvo de medidas de busca e apreensão na segunda fase da Operação Desvia

8 de jul. de 2019

DICA>>>>> >>https://tusaludpuravida.blogspot.com/?m=1


A medicina tradicional chinesa considera o sacro como um elemento extremamente importante. É conhecido como uma bomba que ajuda a empurrar o fluxo de fluido espinhal e energia (Chi) para o cérebro. É também o elo que une os órgãos sexuais, o reto e as pernas. A dor ciática, que é projetada nas pernas, se origina no sacro; portanto, seu fortalecimento aliviará esse aborrecimento desagradável . Este simples exercício de chikung fortalecerá nosso sacro:

a. trazer energia para as mãos, esfregando-as 

b. Com os nós dos dedos de ambas as mãos alternadamente, bata e mergulhe em ambos os lados do sacro, sobre a área dos oito orifícios sacrais e laterais por três minutos (sinta a massagem como se estivesse raspando). Faça isso duas vezes por dia.

c. Você sentirá uma sensação agradável e a energia fluirá para a cabeça e as pernas mais confortavelmente.


7 de jul. de 2019

Reconto: Fabio Lisboa


Um dia Nasrudin foi, com o vizir, à sua primeira Caçada ao Pato. Assim que chegaram, à beira do lago, o primeiro pato levantou voo. O vizir mirou, mirou e... Atirou!
- Bravo! Muito bem! - gritou Nasrudin.
- Mas - o vizir é que ficou bravo - Nasrudin, eu errei o alvo!
- E quem disse que o "Bravo, muito bem!" foi pra você!?

Crédito da Imagem: Getty Images / Elemental Imaging

Contar Histórias - Mistérios, Revelações e Transformações

O que significa um discurso de má-fé?

O que significa um discurso de má-fé? O filósofo Sartre conceitua a má-fé como uma angústia existencial criada pela consciência da nossa liberdade de agir, uma tentativa de nos livrarmos da responsabilidade pelos efeitos colaterais de nossas decisões atribuindo a outras pessoas ou contextos as culpas decorrentes delas.

Mas qual a relação deste conceito com a Ética na Comunicação? Toda. O problema ético deste artifício discursivo é a corrupção da verdade, a falta de explicação pública do que realmente está acontecendo, a incapacidade que os outros envolvidos têm para solucionar os seus problemas da melhor maneira possível. A má-fé é uma comunicação falseada em benefício dos próprios interesses.

Quando um jogador de futebol realiza uma jogada ousada que termina em gol, não hesitamos em chamá-lo de craque, jogador diferenciado, aquele que desequilibra. Da mesma maneira, quando alguém decide no âmbito empresarial de maneira a aumentar as vendas, alargar a fatia de mercado da sua empresa, a concentrar o capital em volta
de si, não hesitamos em chamá-lo de iluminado, de executivo de excelência, guru. Da mesma maneira, um político que em situações difíceis consegue cooptar a opinião pública, conservar o poder e, nos tempos de bonança, elege sucessores com facilidade, é um estrategista ímpar, dotado de inteligência indiscutível.

No entanto, nas situações contrárias a essas, como, por exemplo, no momento em que o jogador não joga bem, fracassa em levar sua equipe à vitória; ou o executivo que na hora de decidir acaba fazendo uma escolha equivocada que leva a resultados pífios; ou o político que perde o poder, não consegue se reeleger e apequena a influência de seu partido; nesses casos, as explicações costumam indicar como grande causa destas ocorrências fatores externos à própria deliberação, à própria ação. Elegem um bode expiatório como justificativa para a sua incompetência – Freud explica, Sartre satiriza.

  
Assim, a seleção brasileira não jogou bem devido à excelência do sistema defensivo adversário, pela marcação implacável dos defensores, por excesso de faltas, por, talvez, estar mais preocupada com os patrocinadores. Esse fenômeno também ocorre com algum executivo que tomou decisões equivocadas. Outro exemplo típico é o do político que fracassa, justificando sua derrota à ignorância dos eleitores, ao “aparelhamento do Estado” pelo adversário, ao jogo sujo do marketing eleitoral… Provavelmente esteja na sociedade errada, bem longe de Miami. Ilhado com um povinho que não valoriza a meritocracia, que não tem memória e outras parafernálias do gênero.

Assim, no sucesso destacamos a liberdade deliberativa e o acerto da escolha. No erro, destacamos a falta de liberdade deliberativa e todas as variáveis que, transcendendo ao agente que delibera, determinam o seu pesar. Há nesta estratégia uma má-fé na hora de encontrar as verdadeiras causas dos sucessos e dos fracassos. Afinal de contas, se somos todos vítimas da nossa trajetória, das condições em que vivemos, do meio ambiente, da temperatura, das ideologias, do sistema, das relações entre o poder executivo e o legislativo, da maneira como são escolhidos os deputados; se somos todos vítimas das coisas do mundo como elas são, então deveríamos aceitar com maior tranquilidade também que na hora dos grandes acertos não temos nenhum mérito. Porque tudo é o que só poderia ser. Materialismo radical que impossibilita o livre-arbítrio, o poder de decidir racionalmente. Atribuo os meus sucessos aos outros? Ou encaro o erro como exercício da própria liberdade? Eis os dilemas existenciais que um canalha não encara.

Os jornais midiáticos potencializam os discursos de má-fé de importantes agentes sociais que melhor beneficiam os seus interesses. Não questionam a lógica da liberdade ou da determinação. Ensinam que a má-fé é o “jeitinho brasileiro” para enfrentar os problemas sociais. Tomo como exemplo os problemas sociais de São Paulo. Quando ocorre o racionamento de água ou a corrupção no metrô, os jornalistas blindam os políticos que atendem os seus interesses e colocam a culpa no desmatamento da Amazônia ou nas falhas técnicas dos processos licitatórios. Não se cogita uma má gestão dos recursos naturais ou corrupção deliberada para beneficiar interesses particulares de políticos que os agradam. Tudo é fruto da contingência.
  

Porém, na notícia seguinte, os valores de avaliação moral do mundo mudam radicalmente. A crise financeira que afeta negativamente o PIB e exige mudanças fiscais não tem uma explicação na crise econômica internacional, mas na escolha econômica feita por políticos que desagradam os donos dos meios de comunicação. O mesmo ocorre quando descobrem um escândalo de corrupção em uma estatal do petróleo, os problemas são atribuídos aos políticos no poder e não às falhas nos processos licitatórios. Discurso ético radicalmente inverso ao anterior. Não há mais uma explicação contingencial – os jornais atribuem liberdade aos agentes sociais que erraram.

Um jornalismo sério deve adotar uma postura ética: Ou atribui aos “fatos jornalísticos” contingências materiais e históricas ou assume sua crença no livre-arbítrio.

Enquanto a mídia brinca com o sistema democrático, elegendo seus heróis e vilões, culpando e perdoando quem a interessa, ela tira o foco dos processos de corrupção social que ela mesma fomenta.


Revista Filosofia Ciência & Vida Ed. 109

Adaptado do texto “A má-fé como discurso corruptor”