24 de dez. de 2019
Alma 7:10
Cristo nasceu em Belém, por que Alma diz que ele teria nascido em Jerusalém?
9 de agosto de 2019
Numa profecia sobre a vinda do Salvador, o Sumo Sacerdote Nefita Alma disse: “E eis que ele nascerá de Maria, em Jerusalém, que é a terra de nossos antepassados” ( Alma 7:10 ). 1 Após uma observação publicada em 1831 por Alexander Campbell, alguns leitores notaram com pouca diversão que o Livro de Mórmon parece dizer que Jesus nasceu na cidade de Jerusalém, não na vila de Belém. 2 Mas na declaração de Alma ao povo de Gideão, ele falou não de uma cidade específica, mas profetizou que Jesus nasceria na ou na “terra” de onde veio a família de Leí.
A pequena cidade de Belém fica a apenas 13 quilômetros do centro de Jerusalém, que era a capital política e religiosa da terra natal de Leí. Belém era conhecida como a casa do rei Davi, mas por outro lado era vista como um lugar insignificante nos dias de Leí. De fato, evidências arqueológicas recentes sugerem que, dentro ou perto da vida de Leí, Belém era um "assentamento por satélite" para Jerusalém. 3 Uma bula fiscal (impressão do selo de argila) encontrada em Jerusalém e inscrita com o nome Belém foi descoberta e datada do século VII aC, 4 indicando que Belém estava "ligada à cidade vizinha de Jerusalém" naquele momento. 5
Belém teria sido ainda mais insignificante para o público de Alma na terra nefita de Zaraenla. Os nefitas pouco se importavam com a monarquia davídica e, nos dias de Alma, eles estavam distantes da terra de Israel por mais de 500 anos. Assim, Alma naturalmente se referiria geralmente à terra onde Jesus nasceria e não a um subúrbio obscuro.
Além disso, referir-se a Jerusalém e seus arredores como uma "terra" era um uso geográfico adequado. Por exemplo, pode ser encontrado nas tábuas El Amarna, no Egito, que datam do século XIV aC. Essas tábuas eram desconhecidas em 1829 e foram descobertas no Alto Egito em 1887, muito depois da tradução e publicação do Livro de Mórmon. O escritor antigo desses textos conhecia os acadianos e os assuntos das terras ao redor de Jerusalém. Ele se referiu à “terra de Jerusalém” em linguagem semelhante à de Alma. O tablet antigo diz:
"E agora quanto a Jerusalém - eis que esta terra pertence ao rei"“Mas agora até uma cidade da terra de Jerusalém , Bit- Lahmi de nome, uma cidade pertencente ao rei, foi para o lado do povo de Queila.” 6
De acordo com o professor William F. Albright, que traduziu este texto, Bit- Lahmi “é uma referência quase certa à cidade de Belém, que aparece assim pela primeira vez na história” .7 Alguns estudiosos questionaram essa identificação, mas permanece hoje amplamente aceito pelos estudiosos da Bíblia. 8 Não apenas o texto de Amarna considera Jerusalém uma “terra”, mas também fala de Belém (a cidade onde Jesus nasceria mais tarde) como pertencente à “terra de Jerusalém”. Assim, o fraseado específico de Alma profecia está em excelente companhia antiga.
Fonte: Book of Mormon Central
1.Ênfase adicionada.
2.Alexander Campbell, “Delusions”, Millennial Harbinger (7 de fevereiro de 1831): 93.
3.Nadav Naʾaman, "Josias e o Reino de Judá", em Bons Reis e Maus Reis: O Reino de Judá no Sétimo Século AEC, ed. Lester L. Grabbe (Nova York, NY: T&T Clark, 2005), 198–199 explica que Jerusalém na época de Josias teria governado um distrito (ou “terra”), abrangendo “assentamentos de satélite diretamente conectados a Jerusalém propriamente dita”.
4.Ronny Reich, “A Bulla Fiscal da Cidade de David”, Israel Exploration Journal 62, no. 2 (2012): 200-205.
5.“Selo antigo de Belém desenterrado em Jerusalém”, Phys.org, 23 de maio de 2012, on-line em https://phys.org/news/2012-05-05-ancient-bethlehem-unearthed-jerusalem.html (acessado em 6 de dezembro de 2017).
6.WF Albright, trad., "The Amarna Letters", em The Ancient Near East: An Anthology of Texts and Pictures , ed. James B. Pritchard (Princeton, Nova Jersey: Princeton University Press, 2011), 437-440.
7.Albright, "The Amarna Letters", 440 n. 15
8.Ver Edward F. Campbell Jr., Ruth: Uma Nova Tradução, com Introdução, Notas e Comentários , Anchor Bible 7 (Nova York, NY: Double Day, 1975), 54; R. Dennis Cole, "Belém", no Dicionário da Bíblia de Eerdmans , ed. David Noel Freedman (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 2000), 172-173; Markus Bockmuehl, Este Jesus: Mártir, Senhor, Messias (Nova York, NY: T&T Clark, 2004), 25; Eugen J. Pentiuc, Jesus , o Messias, na Bíblia Hebraica (Nova York / Mahwah, NJ: Paulist Press, 2006), 137 n. 67; Jerome Murphy O'Connor, Keys to Jerusalem: Collected Essays (Nova York, NY: Oxford
University Press
, 2012), p. 5.
Muito além das comemorações – Entrevista JC
"Natal também é tempo de reflexão, principalmente com as minorias, que são os que mais sofrem em uma sociedade consumista e intolerante
Jesus nasceu em uma manjedoura, sem luxo e nem ouro, apesar de sua majestade. Durante sua vida, o Cristo procurou manter este mesmo espírito de humildade e compaixão por aqueles que são mais pobres e marginalizados. Tanto tempo depois, a mensagem do Filho de Deus continua presente e ecoando no coração de todos os cristãos, ainda mais em um período em que nos deparamos com diversos problemas sociais, como aumento do número de famílias na miséria.
Jornal da Comunidade: Como um todo, o que significa o Natal?
Pe. José Cristiano Bento dos Santos: Natal é nascimento e culturalmente significa o nascimento de Jesus. Para o cristianismo, o Natal é a celebração de um dos ministérios da fé cristão: “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós”(Jo 1,14). Como disse o Papa Bento XVI: “Deus que desceu do Céu para entrar na nossa carne. Em Jesus, Deus encarnou-se, transformou-se homem como nós”. Na mesma linha cristológica afirma o Papa Francisco: “Ele é a Palavra de Deus que se fez homem e colocou a sua “tenda”, a sua morada entre os homens (…). Deus se fez mortal, frágil como nós, partilhou a nossa condição humana, exceto o pecado, mas tomou sobre si os nossos, como se fossem Dele. Entrou na nossa história, tornou-se plenamente Deus conosco”.Os dois papas se fundamentam na teologia do Concílio Vaticano II. No Mistério da Encarnação, Deus assumiu a realidade humana nas suas diversas dimensões como: a cultura, a religião e a política. Ele se fez história: “No ventre de Maria, Deus se fez homem. Mas na oficina de José Deus também se fez classe” (Dom Pedro Casaldáliga).
JC: O que nos falta para vivermos um bom Natal?
Pe. José Cristiano: Falta compreensão e práxis dos princípios cristãos que estão na proposta do mistério da Encarnação: o Natal. Falta superação da exclusão social e desigualdades abissais, que existem no nosso país.
O Brasil é considerado cristão, por causa dos 75 milhões de católicos e evangélicos que supostamente aderiram essa profissão de fé tradicional. Mas, para aqueles que conhecem a história do Brasil desde o seu descobrimento, sabem que o mesmo é um país estamental (oligarquias), autoritário, patrimonialista e racista, com uma grande concentração de poder e de renda na mão de poucos. Percebe-se que é um Brasil de cristãos “sem Cristo”. Para vivermos um bom Natal precisamos superar esse sistema que exclui, degrada e mata, como disse o Papa Francisco, com o jeito de ser do cristianismo primitivo.
JC: A solidariedade é uma marca deste período?
Pe. José Cristiano: A solidariedade está na base do mistério do Natal. Como disse o Papa Francisco: “O Natal nos revela o amor imenso de Deus pela humanidade”. Deus foi tão solidário ao ser humano que quis assumir a sua realidade, principalmente a dos mais empobrecidos como nos mostra o Evangelho de São Mateus: “Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver (…). Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25, 35-36. 40b). Natal é solidariedade para com o menino Jesus presente nas crianças pobres, que vivem na rua, na rota do tráfico, na exploração sexual e na exploração trabalho infantil. É também solidariedade para com Jesus presente no indígena que precisa de demarcação de terra; na mulher que sofre machismo, violência doméstica e feminicídio; na população negra que sofre racismo, exclusão social, extermínio dos jovens e intolerância religiosa; nos homossexuais e transexuais, que são tratados com preconceito, discriminação sexual e violência moral, verbal e física.
JC: Vivemos o Ano da Misericórdia e recentemente celebramos o Dia Mundial dos Pobres. Qual a importância de mantermos este espírito em nossas vidas?
Pe. José Cristiano: O Papa Francisco propôs estes dois momentos (Ano da Misericórdia e Dia Mundial dos Pobres) para legitimar o seu projeto de Igreja que é o mesmo de Jesus: “Uma Igreja pobre para os pobres”. Por isso que o mesmo papa afirmou na Evangelii Gaudium 49: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos”. Manter este mesmo espírito do Ano da Misericórdia e Dia Mundial dos Pobres é um meio para os cristãos superarem a pobreza, pois ela é um produto gerado pela própria sociedade, e não vontade de Deus como esse sistema excludente prega para os pobres.
JC: Estamos em um período de divisão, intolerância e desrespeito, principalmente com as minorias. Como aproveitar o tempo natalino para mudar esta realidade?
Pe. José Cristiano: Há muito ódio, raiva, rancor, discriminação, preconceito, racismo, intolerância religiosa, sexual, social e repulsa na sociedade brasileira. Tudo isso é falta não só da intolerância, mas do respeito que é mais profundo, pois você pode tolerar alguém, e ao mesmo tempo tratá-lo com indiferença. Agora, o respeito leva à aceitação e reconhecimento do outro. Natal é aceitação das minorias, digo isso, porque Deus se assumiu a condição da minoria social e econômica, ou seja, dos pobres; daqueles e daquelas que eram excluídos da sociedade da época. O espírito natalino exige do cristão uma profunda conversão, uma mudança de mentalidade. Por isso, é preciso compreender e praticar a essência do Natal que é, respeito (aproximação) das minorias étnicas, raciais, sexuais, econômicas e sociais.
JC: O que podemos esperar do lado social do Natal para o agora e o futuro?
Pe. José Cristiano: O sistema capitalista fez as festividades religiosas, principalmente o Natal, adquirirem um significado mercadológico e consumista. Natal é um momento propício para reconhecer na face do próximo, especialmente dos mais fracos e marginalizados, a imagem do Filho de Deus feito homem. É um tempo em que o espírito humano se torna mais solidário, principalmente no atendimento de algumas necessidades básica dos pobres, como comida, pois alguns saem distribuindo cestas básicas. Para quem está com fome isso é importante, mas precisa ir além de pequenas iniciativas materiais. É preciso implementar projetos que superem a desigualdade social e atendam as necessidades dos pobres com casa, terra, trabalho, salário justo, saúde de qualidade nos postos e nos hospitais, educação e escola de qualidade e lazer.
JC: Como o senhor vê o papel da Igreja nisto?
Pe. José Cristiano: A Igreja esteve sempre presente na sociedade, sobretudo nos setores da educação, saúde e assistência social. O Concílio Vaticano II compreende a Igreja presente no mundo como servidora dele, por isso que ela tem que ser uma voz presente na vida da sociedade. A realidade social atual do Brasil é drástica, principalmente por ser um momento de desmonte do Estado Social de Direito, o que efetivamente implica em retirar direitos sociais dos pobres através de pacotes de leis regressivas. Precisa-se intensificar e consolidar o diálogo entre a sociedade civil e seus representantes. Percebe-se que a Igreja, por meio da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), tem feito isso de forma profética. Gostaria de citar um exemplo da Arquidiocese de Londrina, que foi noticiada sobre a reintegração de posse do Residencial Flores do Campo, na zona norte de Londrina, em novembro. No mesmo dia, a Arquidiocese por meior da Comissão Justiça e Paz (CJP) publicou um Nota em apoio às famílias moradoras deste residencial e posteriomente manifestou solidariedade espiritual e física em momento Inter-religioso no residencial.
JC: Como difundir a esperança do Cristo que nasce em meio a tantas dificuldades?
Pe. José Cristiano: O “Natal de Jesus, a festa da confiança e da esperança, que supera a incerteza e o pessimismo”, foi um dos temas da reflexão do Francisco, em uma de suas catequeses. Segundo o papa, a “razão da nossa esperança é Deus que está conosco e confia ainda em nós”. Explicando que pelo fato de Deus estar junto ao homem “que transcorre os seus dias na tristeza e na alegria”, “a terra não é mais somente um ‘vale de lágrimas’, mas é um local onde Deus mesmo fixou a sua tenda, é o lugar de encontro de Deus com o homem, da solidariedade de Deus com o homem”. É fundamental anunciar o Natal, nascimento do menino Jesus que também aconteceu num momento de tantas dificuldades, como a festa da confiança e da esperança. Este anúncio deve ser realizado através do testemunho de cada um e de cada uma na luta por uma sociedade justa, pois Natal é humanização dos cristãos.
Pedro Marconi
PASCOM Arquidiocesana
O CASAMENTO PERFEITO COM A OBRA DE ARTE
HISTÓRIA DAS MOLDURAS
Em termos gerais a moldura serve como uma proteção externa de determinado trabalho. Sua definição no dicionário é guarnição para painel, retrato e etc. A moldura então, funcionária como um adorno para as obras de arte. Fato é que seja como proteção, seja como adorno, o universo que envolve a moldura é muito mais abrangente e surpreendente do que ponderações em dicionários e conceitos pré-estabelecidos.
A moldura limita mundos, impede-os de se confundirem, cria uma espécie de célula ou cela, abre uma janela, cria um mundo paralelo que vai muito além de sua função tradicional de proteger a obra de arte, delimitar seu espaço arquitetônico ou lhe conferir um ornamento.
Os primeiros indícios de moldura se dão no Antigo Egito. Na ocasião, elas eram usadas para delimitar o espaço da obra, guardá-las do mundo externo. Suas manifestações artísticas giravam em torno esfera religiosa.
![]() |
Akhenaton, Nefertiti e as princesas reais fragmento de relevo de Tell el-Amarna, c 1350 aC, (XVIII Dinastia). |
Na Roma antiga a moldura adquiriu uma importância para além de simples delimitadora de espaço. A moldura passa a exercer a função de organizadora de espaço e tem o poder de definir um campo de trabalho.
![]() |
Painel com uma representação de um triunfo do imperador Marco Aurélio; um gênio alado paira acima de sua cabeça. |
Somente nos séculos XII e XIII as molduras começaram a ser pensadas da forma como as conhecemos. Curiosamente o processo de elaboração de uma obra era feito ao inverso. Primeiro se fazia a moldura, em peça única e muito bem acabada. Em seu interior, o espaço em que o artista preencheria com sua arte. Esta técnica dificultava a produção de obras de grandes proporções uma vez que era quase impossível encontrar tábuas com dimensões tão grandes para serem esculpidas.
Até final do século XIV e inicio do século XV, a maior parte das obras eram feitas por encomenda para a igreja. Tais trabalhos eram de grandes proporções e quase sempre eram peças fixas. Suas molduras compunham um conjunto com a arquitetura do templo onde eram instalados e eram confeccionadas pelo próprio artista.
![]() |
LUCA SIGNORELLI (1445 a 1523) – Madona e criança – Óleo sobre madeira |
Com o Renascimento houve uma importante mudança no cenário das artes. Agora, nobres ricos passaram a colecionar obras em suas residências. Essa nova demanda também modificou a produção de molduras. A necessidade de armações portáteis e móveis era eminente. Os novos colecionadores necessitavam, por vezes, transportar esses trabalhos. As molduras passaram a ser cada vez mais elaboradas, tanto no sentido funcional de proteção quanto no sentido estético.
Mas, e o moldureiro? A produção organizada de molduras começou a se efetivar no século XVI. As molduras não eram mais feitas pelo artista. Havia um moldureiro. Um profissional exclusivamente treinado para isso e que passou a ter grande importância nos processos finais de qualquer decoração. No século seguinte, o requinte só aumentava, madeira e gesso eram usados na confecção de molduras. Novos perfis eram criados e a introdução de arabescos dos mais diversos possíveis levou a concepção barroca de molduras que conhecemos. Durante o século XVIII as produções cheias de excesso continuaram e aumentaram, uma decoração opulenta era tudo que um nobre poderia querer o estilo Rococó da aristocracia francesa ganhou destaque.
Aos poucos os excessos e exageros foram perdendo espaço, perfis de molduras mais leves, finos e com influências orientais abriram caminho. Estamos no século XIX, cuja característica principal passou a ser o puro uso da madeira. Os impressionistas do final daquele século colocaram a moldura como uma continuação da pintura.
O século XX presenciou uma infinidade de trabalhos a serem emoldurados. Não apenas pinturas, gravuras, desenhos e fotografias. Novos perfis e novos modelos de molduras foram criados. A forma de montá-los e os materiais utilizados também se modificaram. A moldura passou a ser novamente feita pelo artista. A liberdade irrestrita do final do século XX permitia. Até a exclusão completa das molduras chegou como uma nova onda de produzir trabalhos somente em painéis cujas laterais também recebiam pintura.
![]() |
Oficina de moldura em 1900. Anônimo. |
E a arte contemporânea? O que se utiliza atualmente? Vivemos em um tempo em que excessos e perfis lisos convivem em harmonia. O antigo e o atual se confundem. As inovações são bem-vindas e vistas com bons olhos.
Com perfil liso ou cheio de arabescos, a moldura atravessa os tempos metamorfoseando-se num diálogo incessante entre o artista e seu trabalho. Muito além da função de proteger a obra de arte ou delimitar um espaço. Talvez porque a palavra mais importante para a arte contemporânea seja “possibilidades”.
Atualmente a arte de emoldurar quadros é destaque no mercado das artes. No entanto, são poucos os moldureiros profissionais que encontramos e podemos confiar. Há quase meio século no mercado de arte, a molduraria mais conceituada do Rio de Janeiro, tem emoldurado obras de museus e importantes colecionadores do país e do exetrior. Para Everaldo Vieira, fundador da Everaldo Molduras é preciso conversar com a obra, pois cada uma tem sua peculiaridade, seu espaço e seu mundo. A moldura então, abre a janela para este mundo paralelo, o mundo do artista. Ainda de acordo com ele, cada quadro tem sua moldura especifica, aquela que combina perfeitamente com a obra. Ao ser perguntado sobre o papel da moldura na decoração, ele afirma que a moldura não tem que combinar com tapete, sofás e outros móveis. A moldura presisa casar perfeitamente com a obra. É preciso ter um olhar clinico e experiente para entender o que a obra pede. Dessa forma o casamento perfeito ocorrerá.
![]() |
Everaldo Vieira em 1964 ainda como aprendiz de moldureiro. |
16 de dez. de 2019
Quantos chineses, brasileiros e indianos ( Apenas Brics) sonham em abastecer e dirigir o próprio carro?
Abriria mão de ter um carro
por uma bicicleta?
por uma bicicleta?
Obs..: só o SER HUMANO pode refletir sobre um processo autodestrutivo. A final...
Rio mata, São Paulo mata e a mata queima
Policiais militares
utilizando motos saem
em perseguição
a dois motoqueiros
na comunidade Paraisópolis.
Os motoqueiros
se dirigem para o local onde acontecia um baile funk,
batidão super famoso na cidade
com aproximadamente cinco mil jovens.
Os policiais continuam seguindo os motoqueiros
até que entram no baile. Uma confusão brutal
generalizada se forma. Vielas
estreitas sem saídas. Um monte de feridos. 9 jovens que se divertiam morem pisoteados.
Porrada em meninas e meninos.
MEUS DEUS!
Um conto de Natal
A angústia do bacalhau antes do dente de alho
Cenário: Sala de aula; intervalo entre duas aulas; os alunos tentam discutir o tema que se seguirá, nesse dia; a linguagem utilizada é uma linguagem jovem, do dia a dia.
Rafael (ar angélico, imperturbável, meio alheado): Não sei, já ouvi falar, aliás já ouvi falar muitas vezes, posso mesmo dizer que todos os dias oiço falar, mas não sei do que se trata, nem sequer dou importância a isso.
Zé Jerónimo (olhando a janela da rua, sem se virar): Só podes estar a brincar! Toda a gente sabe. Uns dão mais importância, outros não ligam nenhuma, mas ninguém pode dizer, não sei, já ouvi falar…
Luís (apaziguador): Não pode? Claro que pode. Qualquer um pode dizer o que quer. Afinal de contas a liberdade de expressão é isso mesmo. É cada um de nós poder ter opinião.
Zé Jerónimo (vira-se para o Luís e assanha-se): Olha, olha, parece ele que está a tentar ensinar missa a um padre. Mas se o Rafael diz que não sabe, mas que já ouviu falar e tal, mas não liga importância é porque está a ser presunçoso ou então está a tentar jogar-nos areia para os olhos.
Luís (novamente a tentar deitar água na fervura): Deixa lá o rapaz… ele é assim. Parece que não o conheces. Se calhar ele até sabe muito bem. Está é como sempre em negação. Até que ele esteja de acordo ou venha de encontro às nossas conversas tem primeiro que dizer que não. Está-lhe na massa do sangue.
Lambisgoia (a mais pequena da turma e sempre com vontade de intervir, procura apoio em Fatinha): É por essas e por outras é que nunca vamos a lado nenhum. Ele sempre a desdenhar, o Luís, sim tu, Luís, a aparares-lhe os golpes e sempre a desculpabilizá-lo e o Zé ali a mandar vir. Isto assim não me parece que vá ter uma conclusão. Olha os outros a rirem ali no canto. Não dizes nada, Fatinha?
Fatinha (esquivando-se à discussão): Eu? O Zé Jerónimo já disse tudo, para que é que eu me hei de meter na conversa? Se o Rafael fosse um gajo jeitoso, ainda era capaz de mandar um palpite, mas um aventesma daquelas, branquinho que nem lençol de fantasma, parece que nunca cá está…nem sei porque é que pertence ao grupo!
Lambisgoia (a defender, desta vez o Rafael): Não digas isso Fatinha! O Rafael até é bom rapaz, mas é como diz o Luís, está-lhe na massa do sangue. E a boniteza não vem aqui para o caso. Eu até gosto dele! Aquele ar nórdico, tipo copinho de leite. E o cabelo ruivo e as sardas na pele branquinha…
Zé Jerónimo (a passar-se com a metediça da Lambisgoia): Olha aí, já a formiga tem catarro, é? Quem é que te pediu opinião, ó lambisgoia? Cresce e aparece. Não vês que ainda és uma teenager inconsciente?
Lambisgoia (ripostando): Olha, que grande homem me saíste! Ainda ontem estavas a pedir à mãezinha se podias sair de casa para jogar ao pião com os putos. Sei lá se já usas cuecas ou se ainda usas cueiros…
Zé Jerónimo (que não gosta muito da Lambisgoia nem de levar desaforos): Ó lambisgoia, já estiveste a falar melhor. Vê lá se estás aqui, estás a ir comer uma bifana à rulote.
Tiago (que saiu lá do canto, farto daquela conversa inconclusiva): Mas onde é que isto já vai, Santo Deus! Se o rapaz diz que não sabe que, quer dizer, já ouviu falar mas não sabe nada disso, ou melhor, usando as palavras dele, sabe mas não passa cartão, porque é que estamos aqui a insistir?
Fatinha (intervém, só para chatear o Tiago): Ó Tiago, tu também? Não basta o Zé Jerónimo sempre a atacar o rapaz, e vens tu agora mandar vir connosco… Vê lá se te ligas, man. Isto aqui não é um peditório para nenhuma instituição de caridade.
Tiago (o erudito da turma e incomodado com o teor e os termos da conversa): Antes fosse, ó Fatinha, antes fosse. E se de repente, em vez de estarmos aqui com esta linguagem de miúdos, subíssemos um pouco o nível à conversa? Já repararam que não há uma única frase adjetivada à Eça? Não há um único raciocínio prolongado à Saramago, sem pontos, nem virgulas. Não há sequer um vocábulo inventado à Mia Couto! Vocês acham que se alguém estivesse a gravar a nossa conversa e a passasse a letra de forma teria cabimento nalgum escaparate de livraria? E é a falar assim que aprendemos na aula de Português?
Luís (poderíamos alcunhá-lo de O Pacificador): Lá nisso tens razão. E tampouco foi ainda dito nada com pilhéria. Apenas uma pequena intriga à volta do caso. Podemos então enumerar alguns factos e assim enriqueceremos o nosso debate.
Fatinha (a mostrar que não pode mesmo com a intelectualidade do Tiago): Mas quais factos, qual carapuça, tu não vês que o Tiago quer é conversa? Daqui a pouco este texto é só metáforas. Um texto branco de névoa matinal, um fulvo campo de trigo esvoaça na cabeleira da Maria de Fátima (eu, claro) e até a Lambisgoia vai ter direito a uma figura de estilo. Que tal, um eufemismo? A Lambisgoia tem um ligeiro limite cognitivo.
Lambisgoia (chocada com a sua, pressupostamente, amiga): Olha a gracinha, Fatinha. Se fosses chamar atrasada mental à tua madrinha. Tu não vês que com o teu nome se podia construir uma verdadeira parábola? Maria de Fátima, mania que és Maria e que és de Fátima… Ai… ai…Eu vou-me retirar, isto não passa de insultos camuflados por detrás de frases que se pretendem eruditas. Vê lá se queres reescrever o Crime do Padre Amaro.
Luís (a querer dar por finda uma discussão completamente estéril): Basta! Deixem-se de arremessar uns contra os outros. E se voltássemos ao assunto do Rafael? Não acham que está na hora? O Rafael começou por dizer que não sabe, aliás que já ouviu falar e colocou um segundo aliás, que na realidade não dava nenhuma importância ao caso. Certo?
Todos (mesmo os que estão a um canto, alheados da conversa): Certo!
Fatinha (irónica): Certo. E daí?
Luís (O Pacificador e também O Pensador): Pois se ele não liga nenhuma importância, por mor da sua participação, não seria melhor pô-lo ao corrente?
Fatinha (condescendente como nunca a víramos, mas ainda assim sem perder o seu ar sarcástico): E achas que ainda vamos a horas? Ele é tão avesso a isso. Ó Rafael, chega lá aqui por favor. Tu achas que serias capaz de entender, se te explicássemos devagarinho?
… * …
- Ó Cardoso, amor! Está tudo à tua espera para cearmos. Os teus filhos já estão sentados à mesa e até os teus netos estão sossegadinhos a esmigalhar os ovos cozidos. Só faltas tu, amor.
- Ai querida estava tão distraído a escrever…
- Mas agora noto, amor. Estás com ar apoquentado. O que é que se passa?
- É que hoje é noite de Natal e eu ainda não acabei o argumento para a peça. Estava a tentar acabar os diálogos e não consigo encontrar aquele murro no estômago, passe a metáfora. E só tenho até amanhã. Disse-me o diretor artístico “Isto é assim, amigo Cardoso. Faça a sua peça nascer no dia de Natal que eu até lhe ofereço uma dúzia de rabanadas. Mas nem mais um dia, ouviu?”
- E ainda te falta muito?
- Isso agora já só depende do Rafael. Mas vamos lá ao bacalhau com todos, que nunca se deve fazer esperar a família numa noite como esta.
- E até pode ser que te dê a inspiração à mesa, amor. Não só porque hoje é noite de Natal, mas também porque o Rafael é um anjo!
- Eureka! Milagre! Milagre! É isso! Era isso que me faltava. O Rafael é um anjo! É mesmo por isso que ele não sabe o que é, mas que já ouviu falar e que o assunto não lhe interessa para nada. Afinal os anjos não têm sexo!
25/11/2019
'Chhaupadi'
Na 'Chhaupadi', proibida desde 2005, mulheres são expulsas de casa, proibidas de tocar na comida, em ícones religiosos, no gado e nos homens.
Passei anos tentando entender o motivo de tanta violência, tanta notícia inútil, tanta desinformação. Uma mídia comercial perversa onde a Globo, emissora de maior audiência no Brasil é cérebro, ou bode.
No mesmo caminho, hoje, também as emissoras religiosas,
evangélicas... Com um jornalismo, no mínimo covarde. Covarde pelo formato. Pela
exploração do cotidiano pobre. Violência e oração, a solução em nome dos
Deuses.
E que porrada de deuses, em?
As 10 estratégias de manipulação em massa, segundo Noam Chomsky
Noam Chomsky é um dos intelectuais mais respeitados do mundo. Este pensador americano foi considerado o mais importante da era contemporânea pelo The New York Times. Uma de suas principais contribuições é ter proposto e analisado as estratégias de manipulação em massa que existem no mundo hoje.
Noam Chomsky ficou conhecido como linguista, mas também é filósofo e cientista político. Ao mesmo tempo, se tornou um dos principais ativistas das causas libertárias. Seus textos circularam pelo mundo e não param de surpreender os leitores.
“Como temos tanta informação, mas sabemos tão pouco?”
-Noam Chomsky-
1. A distração, uma das estratégias de manipulação em massa
Segundo Chomsky, a mais recorrente das estratégias de manipulação em massa é a distração. Consiste, basicamente, em direcionar a atenção do público para temas irrelevantes ou banais. Desta forma, eles mantêm as mentes das pessoas ocupadas. (...)
Assinar:
Postagens (Atom)