8 de set. de 2020
7 de set. de 2020
“passar a boiada”, nas palavras do ministro Ricardo Salles
A venda do controle da Eletrobras sobre o Complexo Eólico Campos Neutrais, dia 30 de julho, por
cerca de R$ 500 milhões, para a empresa
mineira Omega, representa um grande prejuízo ao patrimônio público, uma vez que
esse valor representa 17% do total investido pelo poder público no
empreendimento, que superou a casa de R$ 3,1 bilhões. A denúncia é do Sindicato
dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (SENGE) que, além de apontar esse
prejuízo, critica o fato dessa negociação ter ocorrido em plena pandemia do
novo coronavírus, sem um debate com a sociedade.
Na avaliação do sindicato, a manobra de aproveitar a crise
sanitária – que já contabiliza mais de 100 mil mortos no Brasil – para aprovar
medidas sem dialogar com a sociedade, (“passar a boiada”, nas palavras do
ministro Ricardo Salles), tem se tornado a forma de gestão pública dominante.
Considerado o maior Complexo Eólico da América Latina, o Complexo Eólico Campos
Neutrais tem seus parques instalados nos municípios de Santa Vitória do Palmar
e Chuí. O complexo foi implantando pela Eletrosul em 2011, com 583 MW de
capacidade instalada e alta performance.
Em 2018, o SENGE apresentou uma denúncia ao Ministério
Público apontando a inconstitucionalidade do leilão dos Parques Eólicos do
Complexo Campos Neutrais. A mesma denúncia também foi apresentada em uma
audiência pública da Câmara dos Deputados, realizada no Sindicato. A Nota
Técnica que fundamenta essa denúncia destaca que o lucro líquido do complexo
eólico registrado em 2017 foi de R$ 345 milhões de reais. (ver íntegra da Nota
Técnica no final)
Segundo o diretor do SENGE, Luiz Alberto Schreiner, a empresa
não tinha a necessária autorização do Poder Legislativo para realizar a venda,
uma vez que a Lei 10.848/2004 contém exclusão expressa da Eletrosul do Plano
Nacional de Desestatização e a Medida Provisória 814/2017 que permitiria a
privatização da Eletrobras foi derrotada Além disso, uma liminar concedida pelo
ministro do STF, Ricardo Lewandowski, impede a privatização de empresas
públicas sem autorização legislativa.
Em nota, o SENGE diz que seguirá acompanhando o caso,
destacando que, com o prejuízo consolidado com a venda, caberá ao Ministério
Público Federal apurar o negócio. O sindicato destaca ainda que estão
tramitando na Câmara dos Deputados projetos de lei para suspender todos os
processos de privatizações enquanto durar o estado de calamidade gerado pela
pandemia. Uma iniciativa semelhante também tramita no Senado Federal. O projeto
de lei n° 3876 propõe a revogação da Lei nº 9.491, de 9 de setembro de 1997,
proibindo a desestatização de empresas públicas e sociedades de economia mista,
bem como de suas subsidiárias e controladas, enquanto durar o estado de
calamidade pública, reconhecida pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março
de 2020.
“Nenhum país se recuperará dos efeitos do combate ao COVID-19
abrindo mão de patrimônios públicos estratégicos para o desenvolvimento
nacional”, defende o Sindicato.
(Confira abaixo a íntegra da Nota Técnica)
*Com informações do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul.
Leia >> https://www.sul21.com.br/
O pássaro
Tenho um pássaro lá fora que imita as pessoas que vejo na rua.
fez ali o ninho,o malandro,
e olha-me todas as manhãs com indiferença.
Tenho um pássaro lá fora,
que de meu não tem nada,
a ver as nuvens correrem e que diz:
- olha o tempo ...
Tenho um pássaro lá fora a mudar de cor,
hoje é detective, amanhã é doutor.
nunca é o mesmo e ri-se amargamente disso.
Tenho um pássaro,
só um,
a fazer de espelho.
ele entra no meu sono a piar até eu perceber,
quão pássaro eu posso ser.
5 de set. de 2020
Mostra ‘Obras aleatórias de uma pandemia: exposições imprevistas’ acontece no Espaço 900
Rafael Dambros tem, em sua trajetória, o destaque do desenho realista do corpo humano com caneta esferográfica e suas pinturas com referências à Pop Arte. Na exposição “OBRAS ALEATÓRIAS DE UMA PANDEMIA: exposições imprevistas”, corpos esboçados aparecem em novas superfícies, trazendo para o público uma inovação e um experimento de uma forma mais solta do trabalho do artista, com improvisação das formas, linhas e o ponto.
Chamemos a coisa pelo nome, é racismo.
E se a Flor de Lis fosse do terreiro?
Não, não se trataria de intolerância religiosa, como costumam
dizer. Tratar-se-ia de racismo. E o racismo se estende também à religião dos
pretos
Se uma mãe de santo fosse acusada de mandante do assassinato do
marido, hoje os terreiros estariam sendo atacados com fogo, depredados e
destruídos a golpes de pauladas e pedradas.
Não, não se trataria de intolerância religiosa, como costumam
dizer.
Tratar-se-ia de racismo.
E o racismo se estende também à religião dos pretos.
Lembremos do caso de uma mãe que perdeu a guarda da filha porque
esta foi submetida a um ritual de iniciação e teve a cabeça raspada.
Para a justiça, a depilação provocara dor na menina.
Intolerância religiosa?
Não, de jeito algum. explico-me.
Todos nós sabemos que no rito de iniciação judaico, o menino tem o
prepúcio cortado, o que provoca dor e sangramento.
No entanto, nenhuma mãe judia perdeu a guarda do pequeno varão por
isso.
Entende que não tem nada a ver com religião e sim de ódio ao negro
e de tudo que dele provem?
Em 2015, uma menina de 11 anos levou uma pedrada na cabeça quando
saía de um terreiro com a sua vó, ambas vestidas de branco.
Seus agressores erguiam uma bíblia e as chamavam de demônios.
A mídia e as redes sociais têm nos mostrado, contidamente, terreiros
sendo depredados e destruídos.
Se se tratasse de intolerância religiosa, estaríamos a assistir
igrejas católicas sendo incendiadas, templos budistas sendo alvos de
vandalismo, hare krishnas sendo espancados nas ruas.
Ocorre que a única religião a ser atacada sistematicamente é a
religião de matriz africana.
Logo, não é a religião que atacam, é os pretos, em consequência, a
fé dos pretos.
Não contentes em desumanizar os negros, agora os monstrificam
identificando sua religião com o inferno e satanás.
O diabo é que satanás é um sujeito jovem, em relação à antiguidade
dos cultos africanos e é, o Coisa Ruim, uma invenção destas religiões que
atacam o candomblé.
Chamemos a coisa pelo nome, é racismo.
3 de set. de 2020
2 de set. de 2020
Deixe-a descansar em paz
Depois de anos defendendo que as mulheres também tinham o direito de escolher seus governantes, a americana Susan Brownell Anthony foi presa em 1872 em Rochester, Nova York, depois de votar nas eleições presidenciais, sendo condenada e multada em US$ 100.
Reações
"Há momentos na vida em que cada um precisa escolher em que lado da História deseja estar. Hoje, afirmamos que estamos ao lado dos que combatem o racismo, ao lado dos que querem escrever a História do Brasil com tintas de todas as cores",
AUDIOBOOK - O SONHO DE UM HOMEM RIDÍCULO - de F. Dostoievski
Com uma nova atitude em prol da preservação o produto feito no Brasil passa a valer mais
A economia verde pode ter o selo ‘made in Brazil’
Paulo Hartung
O movimento de conscientização ambiental, especialmente entre os jovens, tem ganhado corpo rapidamente. Essa é a base de uma sociedade moderna, composta por novos cidadãos e consumidores mais conscientes.
Na Europa, esse olhar foi decisivo para o New Green Deal, plano de recuperação da região com investimento de 750 bilhões de euros. A discussão ecoa pelo mundo. O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que vai lidar com “as realidades inegáveis e as ameaças cada vez maiores das mudanças climáticas”.
Quando o tema é meio ambiente, o Brasil entra obrigatoriamente em cena, seja por seu potencial, seja pelos fatos danosos que se acumulam nos últimos meses. Enquanto os debates vão na direção da sustentabilidade, o Brasil toma rumo contrário, especialmente na Amazônia, com desmatamento, queimadas, garimpo e grilagem de terras, entre outras ilegalidades.
No agora já há impacto econômico: o anúncio de retirada de capital do mercado brasileiro de carnes feito pela finlandesa Nordea Asset Management. Para o amanhã precisamos investir nossa energia para tornar a economia verde um dos motores que farão o País ter forças de reação no pós-crise. E nem é preciso reinventar a roda.
A Região Amazônica representa 60% do território brasileiro. Lá se encontram 74% das atividades extrativistas que respeitam o meio ambiente, como as de sementes, frutos, óleos e resinas. O caso mais conhecido é o do açaí, que movimenta US$ 1 bilhão por ano. Cacau, guaraná, seringueira, castanha do Brasil são outros exemplos. Uma série de startups está investindo na região para de lá disseminar pelo mundo uma gama de produtos sustentáveis, como cosméticos, café e chocolates nativos, entre outros.
Mas mesmo com toda essa riqueza em mãos e com rumos evidentes a serem seguidos, a região representa apenas 8% do produto interno bruto (PIB) nacional. Mais de 25 milhões de brasileiros estão na Amazônia, muitos deles vivendo abaixo da linha de pobreza, com dificuldades de infraestrutura, como comunicação e saneamento básico.
Não se pode encarar o desafio amazônico como pauta deste ou daquele governo, mas como uma questão de Estado. Temos a chance de envolver todos os atores interessados em discutir o melhor para o futuro do Brasil, acadêmicos, ambientalistas, setor privado, poder público e, especialmente, os moradores da região, incluindo os de pequenas e grandes cidades, ribeirinhos e povos tradicionais.
É por meio desse diálogo organizado que conheceremos as possibilidades reais de criar meios de tornar o local um polo industrial de bioprodutos, tornando viáveis as condições logísticas, os financiamentos, a capacitação, a tecnologia e a ciência para aquela porção do nosso território.
A iluminar esse caminho, além dos exemplos citados na região, temos casos muito bem-sucedidos de bioeconomia em outras localidades do Brasil, como a indústria de biocombustíveis, atualmente a segunda maior produtora de etanol do mundo. A Raízen exporta tecnologia para produção do etanol de segunda geração. Assim, a companhia mira os royalties, enquanto o meio ambiente é beneficiado.
Outro caso é a indústria de base florestal que trabalha comumente em áreas antes degradadas, cultivando árvores que dão origem a produtos fundamentais no nosso dia a dia, como papel, embalagens de papel e pisos laminados, entre outros. Mesmo consolidada, seus dois pés estão no futuro e da madeira virá uma infinidade de alternativas a materiais de origem fóssil. São fios têxteis com uso de até 90% menos água e químicos, bio-óleos e nanocristais de celulose para telas LCD, entre outros.
O País é o lar da maior floresta tropical e da maior biodiversidade do mundo. Cuidar desses ativos é do interesse dos brasileiros. Com uma nova atitude em prol da preservação, o produto feito no Brasil passa a valer mais para esse novo mundo que quer a sustentabilidade. Engrandece a marca Brasil.
A floresta já tem inúmeros benefícios para a economia brasileira, com serviços ambientais que ajudam na competitividade da agricultura, com regimes de chuvas, permitindo em muitas culturas até três safras por ano.
Que o Brasil mude de vez o rumo de sua interface com o meio ambiente. Temos um patrimônio verde incomparável. Temos oportunidades de produção inclusiva e sustentável a nos inspirar. Temos o clamor pelo respeito à natureza. Agora é preciso reinventar nossa relação com o planeta. Afinal, é da vida que se trata – da minha, da sua, de todas e todos nós, hoje e amanhã.