19 de mai. de 2014
16 de mai. de 2014
Jogo do bicho - De dom Pedro ao Cachoeira
A
historiografia nos revela que o imperador dom Pedro II havia ficado frustrado
pela falta de empolgação da população com o recém-inaugurado jardim zoológico.
Para atrair visitantes, o imperador apostou então todas as fichas no projeto do
mineiro João Batista Viana Drummond, que já havia administrado a Estrada de
Ferro Pedro II. O projeto Drummond, implantado em 1880, teve pleno êxito, com
os visitantes a apostar nos bichos do zoológico, ou melhor, em 25 grupos de
animais e em combinações a alcançar o número 100. Logo cedo, à entrada do
jardim zoológico, colocava-se uma caixa com um bilhete numerado dentro. Então,
a caixa ia para o alto de um poste. No fim da tarde, abria-se a mesma para
divulgação do número e o vencedor apresentava o seu bilhete comprado para levar
um prêmio em dinheiro.
Drummond,
que virou barão só em agosto de 1888, povoou de humanos o zoológico do
imperador. Na República, o seu invento, popularizado pelo nome de jogo do
bicho, sustentou, embora proibido em 1890, o carnaval carioca. Mais ainda, a
jogatina alimentou o caixa 2 de políticos, corrompeu policiais, deu apoio à
ditadura (à época, os bicheiros tinham credibilidade e voz junto aos cidadãos)
e completou a aposentadoria de velhinhos colocados nas ruas como apontadores
dos jogos. Fora isso, a jogatina com banqueiro garantiu impunidade ao reformado
capitão-bicheiro Guimarães, do serviço secreto do Exército e um dos
torturadores do regime militar.
O
grande expoente da contravenção, que deu um upgrade nas ilicitudes em termos de
controle, modernidade e transnacionalidade, foi Castor de Andrade, um advogado
sem nunca ter frequentado aulas na faculdade e que herdou as bancas de jogo da
mãe, Carmem de Andrade, a primeira mulher a comandar essa modalidade
contravencional no planeta. Castor importou o capo-mafia Antonino Salamone,
contemplado com a cidadania brasileira, num jogo de troca-troca e cartas
marcadas por ato do ministro Armando Falcão (governo Geisel), da pasta da
Justiça. Falcão, de triste
memória, desconsiderou as condenações de Salamone, foragido da Justiça
italiana e sentenciado por associação à máfia e por ter integrado a cúpula de
governo da Cosa Nostra siciliana. Com a orientação de Salamone, Castor criou no
Rio de Janeiro a cúpula dos bicheiros, que, à força, deliberava sobre a repartição
de territórios, acabava com as guerras entre contraventores e impunha uma
férrea hierarquia. Tudo no interesse da difusão da jogatina, incluída a
cooptação de políticos e financiamentos de campanhas.
Decano
dos bicheiros, falecido em 1997, Castor percebeu os problemas que viriam com a
Lei Pelé, destinada a abrir as portas do Brasil para as internacionais
criminosas, sob o falso manto de incentivo ao esporte. A Lei Pelé possibilitou
ao italiano Fausto Pellegrinetti, lavador de dinheiro da máfia e dos cartéis
colombianos de cocaína pós-Pablo Escobar, introduzir no Brasil os jogos de azar
com máquinas eletrônicas. Os componentes eletrônicos eram adquiridos na Espanha
e aqui montados. Pellegrinetti despachou para o Brasil, a fim de acertar com a
cúpula dos bicheiros do Rio e com Ivo Noal, o mandachuva paulista da
contravenção, o mafioso Lillo Lauricella, que aqui se estabeleceu sem ser
incomodado pela polícia.
![]() |
Passado. O mafioso Lauricella (à dir.) passeia no Parque Lage, Rio, 13 anos atrás. Preso na Itália em 2000, foi ele quem revelou os acordos com os bicheiros |
Preso na Itália pela chamada Operazione
Malocchio (Operação Mau-olhado), iniciada em 1995 pela Direção Antimáfia
dirigida pelo coronel Angiolo Pellegrini, o mafioso Lauricella revelou, em
juízo, o acordo celebrado com os bicheiros brasileiros. Numa das interceptações
telefônicas entre Lauricella e Pellegrinetti foi dito que a Lei Pelé havia
pegado o Brasil de surpresa, sem empresários com capital suficiente para a
aquisição de máquinas a serem espalhadas pelo território nacional.
Para
lavar o dinheiro dos cartéis colombianos da cocaína, Pellegrinetti escolheu o
Brasil,
a República Dominicana, onde lavava o dinheiro em flores exóticas e frutas, e a
Rússia, com placas de alumínio. Por aqui, Pellegrinetti, com capital da cocaína
colombiana, disseminou no Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Minas e Ceará
máquinas de jogos eletrônicos de azar. Numa primeira leva, foram 35 mil
máquinas eletrônicas, todas com componentes da empresa espanhola Recreativos
Franco, cujo dono foi preso nos EUA. Em São Paulo, a família Ortiz, cujo
inquérito foi arquivado em face de aceita a explicação de que não sabia tratar
com criminosos internacionais, dividia com Ivo Noal a exploração da jogatina, tudo apoiado na Lei Pelé.
Com o sucesso da Operazione Malocchio,
quebrou-se a conexão brasileira operada por Fausto Pellegrinetti,
internacionalmente um dos maiores lavadores e recicladores de capitais do crime
organizado transnacional. Abriu-se espaço, então, para velhos (a juíza Denise
Frossard condenou 14 deles) e novos empresários da jogatina substituírem os
mafiosos: Lauricella virou colaborador de Justiça e, dois anos depois e com
outra identidade, acabou metralhado depois de deixar um dos seus cassinos
abertos na Venezuela, naquilo que foi considerado um acerto de contas por ter
delatado. Na noite do assassinato, Lauricella portava uma mala com vultosa
renda do cassino, que permaneceu intacta, ao lado do corpo.
Carlos
Augusto Ramos, vulgo Carlinhos Cachoeira, é um dos filhotes da Operazione
Malocchio e da incúria de algumas autoridades brasileiras, a começar pelo então
ministro da Justiça (governo FHC), o atual senador Renan Calheiros. Com técnica
mafiosa, Cachoeira montou uma holding criminal e recicla dinheiro lavado em
atividades formalmente lícitas, por meio de inúmeras empresas, de remédios a
automóveis.
Só para lembrar, CartaCapital, em três
edições, denunciou o esquema da jogatina eletrônica de azar no Brasil, as suas
ramificações internacionais e, por aqui, a lavagem de dinheiro escancarada do
tráfico internacional de drogas proibidas. CartaCapital entrevistou o
responsável pela Operazione Malocchio sobre a conexão criminal Itália-Brasil. Do lado italiano foram todos
definitivamente condenados. No Brasil, o inquérito foi arquivado a pedido de um
membro do Ministério Público Federal. Com o arquivamento, a conexão brasileira
foi apagada, como se nunca tivesse existido. Com o “apagão”, os Carlinhos
Cachoeiras acabaram “vitaminados” e posaram à sombra de políticos e os da
velha–guarda do bicho, como Anísio Abraão, Capitão Guimarães, Turcão etc.
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álter Maierovitch -
CartaCapital - 01.05.2012
Walter Maierovitch é jurista e professor, foi
desembargador no TJ-SP
Este líquido sagrado, que nos trás a vida.
“Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo Grotão
Água que faz inocente Riacho e
Deságua na corrente do Ribeirão...”
PV - Partido Verde
O PV municipal fez
seu primeiro encontro, 2014, na última quarta-feira, dia 7 de maio, entre 19:00
às 22:30 horas, no Plenário do Legislativo Municipal, bairro Sagrada Família em
Antônio Carlos. O Encontro teve como objetivo a reestruturação do Partido e aconteceu no formato horizontalizado, com direito de
voz a todos os presentes.
Também serviu para
promover uma integração de experiências e expectativas entre vários integrantes
do grupo, acolher novos filiados, discutir as estratégias para as eleições de
2014 e estruturar uma rede de contatos, visando à capilaridade do grupo para
atingir o máximo de pessoas dentro do Município. Temas como Meio Ambiente, Moradia,
Mananciais, Patrimônio Histórico, Crianças e Adolescentes, Desenvolvimento Sustentável,
Agricultura Orgânica, entre outros, foram debatidos e priorizados.
O próximo encontro acontecerá ainda neste mês de maio.Venha para o PV!
14 de mai. de 2014
O brasileiro não vai gostar de colher o que está plantando…
Eu entendo a
indignação das pessoas com o excesso de impunidade no Brasil. Seja
por incapacidade da polícia, por uma falha no sistema judicial, seja
pelas punições brandas para certos crimes. Ou ainda, pelo fato de
que, em alguns recônditos das grandes cidades, sequer existe um
“Estado” que possa assegurar a lei e a ordem.
Este tipo de
indignação gera um sentimento legítimo em muitas pessoas: se o
Estado não fará justiça, farei eu. Após um julgamento sumário,
muitas vezes sem evidência qualquer, o dito “cidadão de bem”
forma seu juízo, profere sua sentença, mune-se de porretes, paus e
pedras. Vagando pelas ruas como se fosse um ser puro, iluminado, de
onde apenas a justiça mais perfeita pudesse emergir, desce o cacete
no primeiro “réu” que aparece em sua frente (antes mesmo do
julgamento).
Ingênuo ou
ignorante, alheio de que o chamado “amplo direito de defesa” é
uma conquista que nos afasta da barbárie, o cidadão de bem não
entende que ele pode estar enganado. Ele não entende que o processo
de defesa serve, justamente, para que inocentes não sejam punidos. E
por não entender isso, o “cidadão de bem” se coloca acima da
constituição do Brasil e declara pena de morte àquele cara ali, do
outro lado da rua, que disseram que roubou um chiclete.
Uma dona de
casa, morreu
dois dias após ter sido espancada por dezenas de moradores de
Guarujá, no litoral de São Paulo. Segundo a família, ela foi
agredida a partir de um boato gerado por uma página em uma rede
social que afirmava que a dona de casa sequestrava crianças para
utilizá-las em rituais de magia negra. Na verdade, a confundiram com
outra mulher.
No Espírito
Santo, um homem foi cercado por um grupo armado com pedras, barras de
ferro e pedaços de madeira. Momentos depois, ele
foi alvo de um espancamento coletivo e morto. Foi acusado de
tentar estuprar uma garota. Sendo um doente mental, o irmão garante
que ele seria incapaz disso. Um morador, confessa: “Ninguém
viu esse tal estupro ou mesmo noticias da suposta vítima”.
E assim, o
brasileiro sedento por sangue, prisões, pena de morte, sem perceber,
vai transformando seu país exatamente naquilo que ele não deseja.
“Somos todos macacos” foi arquitetado por agência de publicidade
Logo após a partida entre o Barcelona e o Villareal, quando o lateral-direito brasileiro Daniel Alves foi alvo de um ato racista, a
rápida e irônica reação do jogador ganhou as redes sociais a partir de uma foto do Neymar Jr., na
qual este aparecia com uma banana descascada e com a hastag #SomosTodosMacacos
em alusão à atitude do colega de time.
Não demorou muito e a hashtag #SomosTodosMacacos ganhou a rede e milhares
de apoiadores, entre eles, Luciano Huck, Angélica, Ana Maria Braga, Reinaldo
Azevedo e outras celebridades, o que acabou por causar forte estranhamento e
rejeição por muita gente e principalmente por ativistas ligados ao movimento
negro. Primeiro questionou-se a utilização do termo “macaco” e de que este
poderia, ao invés de se tornar um instrumento político, reforçar antigos
preconceitos e estereótipos contra a população negra, que historicamente é
difamada a partir da palavra em questão. Mas, o outro lado do debate
argumentava que não, que se poderia ressignificar o termo e desconstruir o seu
cunho preconceituoso.
O alcance da campanha foi tamanho que gerou manifestação de apoio da presidenta Dilma Rousseff,
que utilizou o seu perfil no Twitter para declarar o seu apoio a Daniel Alves e
dizer que o jogador “deu uma resposta ousada e forte diante do racismo no
esporte (…). Diante de uma atitude que infelizmente tem se tornado comum nos
estádios”.
Mas, quando todos imaginavam se tratar de uma campanha de fato
contra o racismo, eis que vem à tona a verdadeira origem da hashtag
#SomosTodosMacacos: uma campanha idealizada pela agência Loducca
em parceria com o jogador Neymar. E, como se não bastasse, um dia depois da
polêmica, descobriu-se que a grife do apresentador Luciano Huck, USEHUCK, já
tinha uma coleção pronta de camisetas que traziam a chamada #SomosTodosMacacos
e, pasmem, com dois modelos brancos. A partir daí, toda a campanha perdeu a sua
credibilidade e foi tachada de racista por seus críticos.
13 de mai. de 2014
Três plantas que limpam o ar da sua casa
17 anos atrás, o empresário e ativista Kamal Meattle se tornou alérgico ao ar de Déli, na Índia. Seus médicos lhe disseram que sua capacidade pulmonar tinha reduzido em 70%.
Meattle passou a
estudar como obter ar limpo, e descobriu três plantas verdes, comuns, com as
quais é possível cultivar todo o ar puro de que precisamos no interior para nos
manter saudáveis. Uma delas é a espada-de-são-jorge ou língua-de-sogra (Sansevieria
trifasciata), uma planta que converte dióxido de carbono em oxigênio à noite.
Para obter o efeito
desejado de limpeza do ar de sua casa, é
preciso de seis a oito plantas à altura da cintura por pessoa.
Areca-bambu ou
palmeira de jardim (Chrysalidocarpus lutescens) e jiboia (Epipremnum aureum)
completam a lista.
3 de mai. de 2014
ENQUANTO ISSO.... - Carlos Ivan -
DESPERDICIO DE COMIDA
Ver criança chorando de fome,
choca. Topar com alguém suplicando por um pedaço de pão para enganar a barriga
vazia, entristece. Surpreender-se com as batidas de crianças modestas na janela
do carro para pedir esmola, durante as paradas no sinal vermelho, revolta.
Apesar de humilhantes estas cenas são comuns no Brasil.
Incrível como a sociedade
civilizada demonstra não sentir remorso em conviver com os assombrantes quadros
de miséria. Dividir espaços com pessoas famintas, com gente queixando-se contra
a despensa caseira vazia, contra a falta de dinheiro para comprar alimento,
cria clima inamistoso. De fato, emociona ver a molecada chorando, reclamando,
protestando em vão, contra a indiferença social.
No mundo, atualmente, mais de um
bilhão de pessoas vive em completa situação de miséria. Passando fome. Vítimas
da pobreza, da seca, de pragas no campo, das indiferenças sociais, da
subnutrição e de guerras entre nações.
Os países mais afetados pela
falta de comida são os de economia fraca, os chamados subdesenvolvidos,
encontrados facilmente em muitas regiões da África, Ásia e no continente
americano. Aliás, nas Américas, concentram-se muitas economias emergentes,
reconhecidamente pobres. O Brasil, como parte integrante da relação de pobreza,
possui enorme contingente de pessoas famintas. Sem ter o que comer.
As principais causas da fome no mundo são as arrogantes desigualdades econômicas e sociais. As tímidas políticas de distribuição de renda. As famigeradas crises. Os desgovernos. O exagerado desperdício de alimentos. Anualmente, toneladas de alimentos são jogadas no lixo em vez de ser distribuídas com as pessoas carentes. Nutridas, mas de carência nutricional.
As principais causas da fome no mundo são as arrogantes desigualdades econômicas e sociais. As tímidas políticas de distribuição de renda. As famigeradas crises. Os desgovernos. O exagerado desperdício de alimentos. Anualmente, toneladas de alimentos são jogadas no lixo em vez de ser distribuídas com as pessoas carentes. Nutridas, mas de carência nutricional.
O avanço da tecnologia,
favorecendo a agricultura, tem aliviado a barra da fome mundial. O problema é o
crescimento de a produção agrícola acontecer de maneira diferente em várias
regiões do mundo. Enquanto alguns países dão show na agricultura, outros se
arrastam na produção, devido a sérias questões climáticas, políticas e
econômicas.
Infelizmente, na questão
desperdício, o Brasil é destaque. Embora ocupe excelente posição internacional
na produção de grãos, graças às safras recordes, colhidas nos últimos anos,
existe desleixo. Em 2011, embora tenha registrado a marca de 155 milhões de
toneladas, ainda repercute o desperdício de 26 milhões de toneladas de
alimentos que foram jogadas no lixo no ano de 2006.
Realmente, mais da metade da
safra colhida na cadeia produtiva brasileira é desperdiçada por causa das
precárias condições de transporte, e armazenamento. Apodrece no trajeto entre a
produção e o consumo. Aliás, por conta do improvisado manejo nas residências,
hotéis, restaurantes, lanchonetes, feiras livres e nas ceasas da vida, o
desperdício de alimentos é farto no país. Chegando a causar impactos
ambientais.
Infelizmente, nem os R$ 293
bilhões recolhidos de impostos e contribuições federais no primeiro trimestre
deste ano, novo recorde segundo a Receita Federal, parece não servir para
saciar a fome no Brasil. O montante de recursos é útil para suavizar o
sofrimento de milhões de pobres brasileiros. Cansados de guerra.
Nada interrompe a queda de audiência da Globo
Abril chega ao fim com uma péssima notícia para a
maior emissora do País: sua audiência geral continua a cair. Apesar de ter
estreado a nova programação, a Globo não conseguiu reverter a crise de Ibope. O
faturamento sobe a cada ano: foram quase 12 bilhões em 2013. Porém nada parece
ser capaz de impedir a fuga de telespectadores. O canal tem perdido, em média,
10% de seu público a cada ano.
A teledramaturgia, antes imbatível, vive um momento
delicado. As três novelas do horário nobre - Meu Pedacinho de Chão (18h), Além
do Horizonte (19h) e Em Família (21h) - registram índices muito inferiores ao
ideal. Os números do Jornal Nacional são igualmente insatisfatórios.
Apresentadores que antes eram sinônimo de audiência, como Xuxa e Renato Aragão,
estão fora do ar. Apesar disso, a Globo ainda é líder absoluta. Contudo, nunca
esteve tão suscetível ao poder de escolha do telespectador.
Antigamente, ao ligar a TV, sintonizava-se a Globo
e, quase invariavelmente, lá se permanecia. Hoje há opção de bons programas nos
outros canais do sinal aberto — e dezenas de canais pagos, com uma oferta
praticamente inesgotável de atrações nos mais variados estilos. A mudança de
hábito do telespectador e o crescimento da concorrência tiraram boa parte da
hegemonia da Globo.
A expectativa da cúpula global é reverter - ou pelo
menos controlar - o esvaziamento de Ibope com a transmissão da Copa do Mundo.
Os jogos poderão aumentar o interesse pelos programas esportivos e telejornais
da emissora. Consequentemente, atrações coladas a eles, como as novelas, têm
chance de herdar alguns pontos de audiência. A emissora tem pressa em evaporar
essa nuvem de instabilidade por um motivo especial: a comemoração de seus 50
anos, em 2015. Se a audiência continuar a cair, o brilho da festa não será o
mesmo.
27 de abr. de 2014
Drogas
Um dos
argumentos favoritos dos ativistas à favor da legalização da maconha é que a
substância não faz tão mal para a saúde quanto o álcool e o cigarro, drogas
legais. Mas existe verdade nisso?
Difícil
de saber, respondem os cientistas. A comparação entre essas substâncias
simplesmente é muito complicada. Embora ambos álcool e maconha sejam tóxicos
quando usados para fins recreativos, sua legalidade, padrões de consumo e
efeitos a longo prazo sobre o corpo são bastante diferentes.
Além
disso, a pesquisa dos efeitos da maconha na saúde humana ainda está em sua
infância, em comparação com os estudos rigorosos que já foram feitos sobre o
álcool e a saúde humana.
O que
sabemos é que tanto o consumo de álcool quanto fumar maconha podem levar a
problemas de saúde, mostrando efeitos a curto e longo prazo.
De
fato, o álcool é associado a quase 80 mil mortes nas Américas, de acordo com
estudo da Organização Pan-americana da Saúde feito entre 2007 e 2009. Por uma
série de razões, estatísticas sobre mortes associadas com o uso de marijuana
são muito mais difíceis de encontrar.
A curto
prazo
Beber
muito álcool pode rapidamente matar uma pessoa. A impossibilidade de
metabolizar o álcool tão velozmente quanto é consumido pode conduzir a uma
acumulação no cérebro, que desliga áreas necessárias para a sobrevivência, tal
como as envolvidas com o batimento cardíaco e a respiração.
“Você
pode morrer cinco minutos depois de ter sido altamente exposto ao álcool. Isso
não acontece com a maconha”, explica Ruben Baler, cientista da saúde no
Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos EUA. “O impacto do uso da maconha é
muito mais sutil”.
No
entanto, efeitos sutis não são sinônimo de efeitos fracos, como é o caso com o consumo de cigarros, que também possui efeitos mais lentos que o
álcool, mas é ligado a 200 mil mortes anuais só no Brasil, segundo
dados de 2008 do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Embora
a maconha afete o sistema cardiovascular, aumentando a frequência cardíaca e a
pressão arterial, uma pessoa não pode morrer fatalmente de overdose de maconha
como pode com o álcool.
Também,
o álcool é mais propenso do que a maconha a interagir com outras drogas. Se
você já estiver tomando outras drogas ou medicamentos e beber álcool, ele pode
aumentar ou diminuir os níveis da droga ativa no organismo.
Além
das formas diretas, ambas as substâncias podem afetar a saúde de forma
indireta.
Como a
maconha prejudica a coordenação e o equilíbrio, existe o risco de se ferir ao
fumá-la, especialmente se uma pessoa “chapada” decidir dirigir ou fazer relações sexuais desprotegidas,
enquanto suas inibições estão reduzidas. Além de consequências momentâneas,
podem haver consequências a longo prazo.
A longo
prazo
Os efeitos a longo prazo de beber muito são bem conhecidos. “O
excesso de álcool leva a consequências muito graves”, diz Gary Murray, diretor
interino da Divisão de Metabolismo e Efeitos na Saúde do Instituto Nacional de
Abuso do Álcool e Alcoolismo (EUA).
Beber pode levar a doença hepática alcoólica, que pode evoluir
para fibrose do fígado, que por sua vez pode levar ao câncer de fígado. “Eu
enfatizo ‘pode’ – não é ainda claro nem para os melhores cientistas quais são
os gatilhos que permitem que essa progressão aconteça”, explica Murray,
observando que algumas pessoas têm maior risco do que outras de desenvolver a
condição, e não entendemos direito por quê.
Já
Baler comenta que, ao contrário do álcool, os efeitos do uso crônico da maconha
não são tão bem estabelecidos. Estudos com animais indicam um possível impacto
na reprodução. Além disso, há evidências de que maconha pode piorar problemas
psiquiátricos para pessoas que são predispostas a eles, ou fazê-los se
manifestar em uma idade mais jovem. Ainda, porque a droga é geralmente fumada,
pode causar bronquite, tosse e inflamação crônica das vias aéreas.
Enquanto
alguns estudos mostraram evidências ligando a maconha ao câncer de pulmão,
estudos subsequentes não encontraram essa associação. Baler disse que não está
claro por que a fumaça da maconha não tem o mesmo resultado que a do tabaco nos
pulmões. A diferença pode ser nos compostos das fumaças ou pode ter a ver com
outros hábitos de saúde que fumantes de maconha e de cigarro têm.
Além
disso, pesquisadores que procuram estudar o uso da maconha a longo prazo têm
tido dificuldade em encontrar pessoas que fumam maconha regularmente, mas que
também não fumam cigarros de tabaco. Outra grande dificuldade é a ilegalidade
da maconha, que limita a pesquisa neste campo.
No
entanto, este ano começaram as primeiras vendas legais de maconha para pessoas
que não a usam por razões médicas nos Estados Unidos, em Colorado e Washington.
A observação de taxas de lesões, acidentes, doenças mentais e uso por
adolescentes levará a uma melhor compreensão dos efeitos sobre a saúde pública
da maconha.
Grande
parte da preocupação com a substância envolve jovens que usam a droga, porque
ela interfere com o desenvolvimento do cérebro enquanto ele ainda está amadurecendo.
“Fumar maconha interfere com conexões do cérebro em um momento em que ele
deveria estar em um estado de mente clara, acumulando memória e experiências
que formarão uma base para o futuro”, conta Baler.
Como
algumas pessoas fumam maconha com a mesma voracidade que a maioria dos fumantes
regulares, enquanto outros podem usar maconha apenas nos fins de semana, os efeitos na saúde tornam-se difíceis de generalizar.
“Você
está prejudicando cumulativamente sua função cognitiva. Qual vai ser o
resultado final, ninguém pode dizer”, afirma Baler.
Benefícios
Não há
nenhum uso médico conhecido para o consumo de álcool, mas muitas pesquisas
mostram os benefícios à saúde de se beber moderadamente, incluindo menores taxas de doença cardiovascular e,
possivelmente, menos resfriados.
“Nós
sempre aconselhamos as pessoas a evitar beber em excesso, mas o consumo
moderado não é algo muito perigoso”, explica Murray.
Quanto
à maconha, cuja legalização para usos médicos tem sido assunto de forte debate
público há anos, há ampla evidência de que certos compostos
encontrados na planta podem ser benéficos.
“Os pesquisadores
estão trabalhando contra o relógio para tentar identificar os ingredientes da
maconha que têm potencial medicinal”, disse Baler.
Uma vez
que tais produtos químicos estiverem em uma forma pura e os pesquisadores
entenderem seus efeitos sobre o corpo, então eles poderiam ser usados em
ensaios clínicos para verificar sua eficácia em amenizar sintomas ou auxiliar
na cura de doenças como câncer, esclerose múltipla, diabetes e glaucoma.
“Há
segmentos da população que querem ignorar todo esse processo e distorcer a
verdade, afirmando que fumar maconha pode ser bom para a saúde e ter usos
médicos”,argumenta Baler. Segundo ele, embora possa ser usada para cuidados
paliativos, chamar a maconha de remédio ainda é algo que não podemos fazer. O
objetivo da medicina, aliás, não é usar a maconha como remédio, e sim extrair
seus componentes benéficos, e utilizá-los desprovidos dos efeitos que usuários
recreativos da substância procuram.
HypeScience
31/01/2014
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