2 de mar. de 2016
Velha
Com o tempo, foi
ganhando o hábito de não se emocionar com nada. Viveu sempre velha, muito
velha. A pele lívida. Os olhos morrediços. O rosto seríceio. Por dentro, a alma
encarquilhada. No peito, tantos anos depois, o coração ainda partido. Esmigalhado
pelos dedos aduncos das horas.
(m.m. botelho)
1 de mar. de 2016
O poder dos livros
Em 2003 mladen penev, designer gráfico
de origem búlgara, criou esta série que, melhor
do que 1.000.000 de palavras, sintetiza o
admirável
mundo que se abre através da leitura.
Para assinalar o dia mundial do livro.
29 de fev. de 2016
Película - Armando, o sacana
Armando botava água
na cadeira da professora pra que ela ficasse com a bunda molhada durante a
aula. A sala ria. Ele ficava impune. Armando escondia a dentadura da vó,
roubava do pai. Armando traía todas as namoradas. Armando roubou o emprego de
um amigo. De dois. Armando sempre foi um filha-da-puta. Armando sempre foi
amigo dos honestos e aliado aos sacanas. Muitos já o conheciam de verdade. Todos
esperavam pela justiça. Armando tem grana, viaja muito. Armando é invejado por
todos que dizem: um dia ele se fode. Um dia a casa cai.
Postado por Pablo
Alcântara Blog O trem de doido
A Dificuldade em Definir a Poesia...
Claro que a poesia não é tudo, como uma vez disse. Nem sequer é
quase tudo.
Acho que pode, e deve ser, o melhor da literatura, pelo menos em
beleza e magia.
Não é uma mulher bonita, nua, com saltos altos, a passear por aí,
como gosta de dizer o Ferreira (isso é apenas um belo escândalo...).
Também não é a colagem crua de palavras que usamos em dias de festa
ou a rima forçada.
Estive a pensar e talvez a poesia seja o encontro feliz das
palavras, que além de ganharem magia, abraçam-se e conversam a pensar no hoje,
no ontem e no amanhã.
E sim, mesmo que não seja apenas isso, deve ter a beleza da
mulher...
(Fotografia de Joahan Van Keuken)
Publicada por Luis Eme
Etiquetas: A Beleza dos Campos, Liberdade, Mulheres, Palavras,
Pensamentos, Pequenos Prazeres, Poesia
26 de fev. de 2016
Senado aprova união civil gay na Itália, mas proíbe adoção
Aprovação só foi
possível após acordo entre partidos para reescrever
o texto do projeto,
tirando
a chamada "adoção de enteado"

Com 173 votos
favoráveis e 71 contrários, o Senado da Itália aprovou nesta quinta-feira (25)
o projeto que legaliza a união civil entre pessoas do mesmo sexo. O governo
centro-esquerdista de Matteo Renzi havia submetido o texto ao voto de confiança
da Câmara Alta, manobra que impede a apresentação de emendas e evita
obstrucionismos.
A proposta anterior
previa que homossexuais pudessem registrar os filhos de seus parceiros, mas
apenas na ausência do outro pai biológico. O artigo seria uma forma de proteger
os direitos das crianças caso seu genitor falecesse, porém sofreu forte resistência
no Senado, em um país de tradições cristãs bastante arraigadas e que tem o
Vaticano dentro de sua capital, Roma.
Partidos de
oposição, a NCD e até mesmo a ala católica do PD se opuseram à medida e
forçaram o governo a tirá-la do projeto de lei. Atualmente, o gabinete
majoritariamente centro-esquerdista de Renzi só tem maioria no Senado graças ao
apoio da Nova Centro-Direita, que usou esse argumento para fazer o Partido
Democrático esvaziar a lei.
A NCD, comandada
pelo ministro do Interior Angelino Alfano, ganhou força para exigir as mudanças
que queria após o oposicionista Movimento 5 Estrelas (M5S), do comediante Beppe
Grillo, ter dado sinais de que não apoiaria integralmente a lei sobre união
civil, contrariando o que havia prometido anteriormente. Com os votos do M5S, o
PD conseguiria chancelar o texto original.
Outro item que pagou
o preço foi o da "obrigação de fidelidade". Segundo os conservadores,
incluir esse termo na definição de "união civil", regime que será
estendido aos homossexuais, a colocaria em pé de igualdade com o
"matrimônio", que continuará sendo exclusivo dos casais
heterossexuais.
Laboratório detecta agente cancerígeno em 14 cervejas alemãs
Foi encontrada a substância glifosato,
considerada cancerígena
Diversas
marcas de cerveja alemãs foram detectadas com herbicida glifosato, informou
nesta quinta-feira (25) um instituto de análise de Munique. O teste envolveu 14
marcas, entre elas as mais conhecidas da Alemanha, como Beck's, Paulaner,
Warsteiner, Krombacher, Oettinger, Bitburger, Veltins, Hasseroeder, Radeberger,
Augustiner, Franziskaner, Konig Pilsener e Jever.

Foi
encontrado um índice entre 0,46 e 29,74 microgramas por litro nas bebidas,
sendo que os casos mais críticos apresentavam uma concentração 300 vezes
superior ao 0,1 micrograma permitido por lei para água potável. O laboratório de
Mônaco disse que não há um limite legalizado para a substância na cerveja, mas
alertou sobre os riscos do glifosato no corpo humano. Alguns organismos
internacionais, como a International Agency for Research on Cancer (IARC)
classificou o herbicida glifosato como "provavelmente cancerígeno"
para o homem em março de 2015.

No entanto, o
Instituto Federal de Avaliação de Risco (BFR) disse que os resíduos de
glisofato na cerveja são "plausíveis" do ponto de vista científico,
já que o uso do herbicida é autorizado contra ervas daninhas. A associação de
produtores de cerveja da Alemanha também criticou a análise, dizendo que o
estudo "não é confiável". "A acusação de que os produtos não
controlam suas matérias-primas é absurda e completamente infundada",
disseram.

Já a União dos
Cultivadores Alemães (DBV) admitiu que o herbicida pode ser usado no cultivo do
malte. "Na Alemanha, temos a mais rigorosa regulamentação para as
plantas", disse um porta-voz da entidade, em Berlim.
A cerveja é
considerada a bebida mais famosa da Alemanha e está ligada à tradição do país.
Ela geralmente é fabricada com lúpulo, malte, fermento e água. Por sua vez, o
herbicida glifosato é um dos mais difundidos no Brasil e no mundo, usado
principalmente em lavouras de soja.
Tranquilidade

Prof. Hermógenes de Andrade
24 de fev. de 2016
Terrorismo midiático amplifica a crise
O modelo está
esgotado, mas a economia brasileira está longe do caos. A afirmação é de Luiz
Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda, da Administração Federal e
Reforma do Estado e da Ciência e Tecnologia. “Há uma sensação de fracasso no
campo da economia, mas caos é quando há hiperinflação. Estivemos perto disso,
por exemplo, no fim do governo Sarney”, disse, nesta segunda-feira (22), em
atividade do Ciclo de Debates Que Brasil é Este?, na capital paulista.
O economista contou
com a companhia de Leda Paulani (professora da Faculdade de Economia e
Administração da Universidade de São Paulo e ex-secretária Municipal de
Planejamento da cidade de São Paulo) e Guilherme Mello (professor do Instituto
de Economia da Unicamp e colaborador da Fundação Perseu Abramo). Ambos
concordam com Bresser Pereira que não há caos, mas os três têm visões
particulares sobre a derrocada que lançou o país à crise.
Falta de
investimento, excesso de responsabilidade fiscal e a 'armadilha macroeconômica'
da alta taxa de juros aliada ao crédito apreciado a longo prazo são alguns dos
fatores que explicam o péssimo momento, segundo Bresser Pereira. Para ele, a
regressão vivida pelo país aumenta a sensação de fracasso da política
econômica.
“É verdade que
milhões foram tirados da pobreza, mas falhamos na política econômica. “Deixar
de ser um país industrial para ser um país exportador de commodities é
condenar-se ao retrocesso”, decreta. “Em oito anos de Lula e dois de Dilma,
tudo foi relativamente bem. Por que, então, explode a crise? Não foi por
irresponsabilidade fiscal, mas responsabilidade em demasia. Governo deveria ter
expandido investimentos”.
O economista é
crítico ao binarismo que opõe a austeridade da direita e a pauta fiscal da
esquerda. Em sua avaliação, é um erro pensar que as esquerdas podem governar
nesses termos. “Ou fazemos uma revolução socialista ou, se formos viver no
capitalismo, precisamos que os empresários invistam. Desenvolvimento econômico
depende de investimento, taxa que tem sido muito baixa”.
A “terrível” taxa de
juros também é um grande obstáculo para o país, defende Bresser Pereira.
“Capitalistas rentistas têm uma senhoriagem da ordem de 6% do Produto Interno
Bruto (PIB) brasileiro. Isso é uma violência contra o desenvolvimento
econômico”, dispara. “Para que haja investimento, é preciso haver equilíbrio
entre taxa e juros e taxa de lucro”.
O ex-ministro também
chama a atenção para a intensificação da crise política como fator de
agravamento da turbulência econômica. “A atual crise política é antinacional e
antipatriótica”, opina. “O país precisa de união para enfrentar a recessão”.
A classe média
parece ter ficado à deriva enquanto os mais ricos e o mais pobres se
beneficiaram mutuamente dos governos petistas, reflete. “Me parece que, por
causa disso, houve uma guinada das classes médias para a direita,
principalmente a partir de 2013. E é um processo movido pelo ódio”.
A ausência da biblioteca escolar e o meio milhão de zeros no Enem
Nos
últimos dias, uma das notícias mais comentadas no Brasil foi o fato de que na
prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio. (Enem) 529.373 estudantes
tiraram zero. Dos 6.193.565 estudantes que prestaram o Enem em 2014, 8,5%
zeraram a prova de redação, enquanto apenas 250 conseguiram a nota máxima. Esse
meio milhão de notas zero é um número chocante e provocou inúmeras reações na
mídia, reclamações dos professores e dirigentes das escolas e também do público
em geral.
Nas
notícias que li e nos programas de rádio ou de televisão que tive a
oportunidade de ouvir ou assistir não vi nenhuma menção à falta de biblioteca
nas escolas do ensino fundamental e médio. Aqui, não valeria a pena especular
se esse meio milhão de zeros não teve como um dos fatos geradores a ausência da
biblioteca escolar? Será que esse meio milhão de jovens brasileiros não foi
privado de usar o potencial informativo dessas bibliotecas? Será que a falta
desse espaço de leitura e estudo também não provocou perdas perante os
professores desses jovens?
É
sabido que, no Brasil, a biblioteca não faz parte dos componentes de uma
escola. Em decorrência disso, em 2010, foi aprova-da a Lei nº 12.244, dispondo
que até 2020 toda escola deveria ter biblioteca.
Como
sabemos, em nosso país existem leis que pegam e outras que são letras mortas.
Em 2012, tentando fazer com que a Lei nº 12.244 pegasse, o Instituto Ecofuturo
lançou a campanha “Eu quero a minha biblioteca”. Dados dessa importante e
cívica iniciativa mostraram que: - para a lei ser cumprida no prazo, 53
bibliotecas deveriam ser construídas por dia no Brasil; - o estado com menor
percentual de bibliotecas por escolas era o Maranhão, onde apenas 12,6% das
escolas tinham bibliotecas. Já o Rio Grande do Sul, com 62,4%, era o com maior
percentual.
Dados
do Instituto Ecofuturo mostraram correlação positiva entre a existência da
biblioteca na escola e a qualidade do aprendizado por parte dos alunos: “o
impacto chega a ser de 156% de melhoria no índice de aprovação escolar e de 46%
na redução da taxa de abandono”.
A
triste realidade da falta de biblioteca é agravada pelo baixo hábito de
leitura. Não estou falando somente dos alunos que, atualmente, ficam mais
antenados nas redes sociais acessadas pelos telefones celulares. Falo também da
formação precária dos professores que, geralmente, não são leitores. Assim,
muitos mestres não motivam seus alunos a lerem, pois eles também não são
leitores regulares.
Além
da criação da biblioteca escolar, é importante se pensar nos recursos humanos
qualificados para gerir o local. Similar à educação física, em que não se pensa
em contratar profissional que não seja graduado, na biblioteca é básico que se
pense no bibliotecário e no assistente. Eles são profissionais habilitados a
dinamizarem esse espaço no ambiente escolar. Na unidade de ensino que conta com
esse serviço é salutar que se pare com a ineficaz tradição de deslocar para o
setor professores com algum problema de saúde, senhoras grávidas ou mesmo os
alérgicos ao pó do giz. Sem o devido pessoal qualificado, não poderá cumprir o
importante papel que lhe é reservado no contexto escolar.
Quer
um exemplo da importância da leitura? Pois bem. O tema de redação da última
prova do Enem, essa que teve meio milhão de notas zero, foi “publicidade
infantil em questão no Brasil”.
A
ideia de que as bibliotecas são componente essencial no processo educativo é
aceita por todo educador. No entanto, como vimos anteriormente, é pequeno o
percentual das escolas que têm esse vital equipamento. Anísio Teixeira, um dos
grandes educadores brasileiros, no modelo da Escola Nova, defendeu, a uns 70
anos atrás, a biblioteca como algo importante na moderna escola. Será que ainda
teremos que esperar mais 70 anos para a biblioteca ser integrante da escola brasileira?
A
biblioteca escolar pode fazer com que o novo slogan governamental - “Brasil,
Pátria Educadora” - seja algo real e factível. Nosso país precisa de muita
leitura, de bons livros, impressos ou eletrônicos, de boas bibliotecas.
Murilo
Bastos da Cunha
Professor da Faculdade de Ciência da
Informação, Universidade de Brasília
Estranha relação do governador tucano com MST

Surpreendentemente,
o governo do Estado de São Paulo tem estreitado relações com o Movimento dos
Sem-Terra (MST). Desde 2014, o Palácio dos Bandeirantes vem realizando reuniões
com líderes do movimento. Apesar dos cortes orçamentários em quase todas as
áreas do governo paulista, Geraldo Alckmin manteve a previsão de investir R$ 7
milhões em 2015 nos 136 assentamentos do MST, conforme noticiou o Estado à
época. Agora, o governador sancionou uma lei estadual que permite a transmissão
de terras a herdeiros nos assentamentos rurais.
Todas essas atenções
ao MST têm surtido efeito. Considerado um dos mais radicais líderes sem-terra,
Gilmar Mauro não poupa elogios ao governo paulista. "É uma relação
política. Uma relação boa. Principalmente agora", afirmou Gilmar aoEstado
no ano passado. Por sua vez, o chefe da Casa Civil estadual, Edson Aparecido,
admite a proximidade com o movimento. "A relação do MST conosco se
estreitou na medida em que adotaram uma posição crítica em relação ao Incra e
ao governo federal", disse Aparecido, dias antes de uma das reuniões no
Palácio dos Bandeirantes em 2015. Segundo noticiou o jornal Folha de S.Paulo, o
chefe da Casa Civil e o dirigente do MST têm mantido encontros mensais para
discutir o andamento de políticas agrárias.10 Filmes de David Bowie

O londrino David Robert Jones, nasceu
em 8 de janeiro de 1947. Morreu em 10 de janeiro de 2016 e nesses 69 anos
deixou um legado único.
Desde o lançamento de Space Oddity em
1969, inspirado nas viagens espaciais, captou como ninguém as mudanças
culturais e sociais da época e as personificou. Criou e difundiu novas maneira
de expressão. Sem levantar bandeiras, influenciou como nenhum outro o
comportamento das novas gerações.
Bowie era um artista completo, era
artista plástico, designer de moda, compositor e ator de cinema e teatro, onde destacou-se em "O Homem
Elefante".
Suas canções estiveram na trilha sonora
de mais de 450 filmes e ele atuou como ator em algumas dezenas, sem nunca
passar despercebido.
Esta lista traz alguns dos filmes em
que atuou, como uma pequena homenagem.










Outros filmes: Twin Peaks: Os Últimos Dias de
Laura Palmer, Reação Colateral, Um Romance Muito Perigoso, Mr. Rice's Secret...
listasde10.blogspot.com/
22 de fev. de 2016
CORRUPÇÃO NO BRASIL - ‘Trensalão’ e Furnas: o lento desenrolar dos escândalos tucanos na Justiça
![]() |
Estação
do Metrô lotada em São Paulo. P. Pinto Fotos Públicas
|
Processos envolvendo tucanos ou
ocorridos durante gestões do PSDB não avançam
Nos últimos anos, em um processo que
começou com o mensalão e avança agora com a operação Lava Jato, o brasileiro se
acostumou com algo até então considerado improvável: ver políticos no banco dos
réus. Ex-ministros, senadores, tesoureiros e líderes partidários foram
condenados a penas de prisão em regime fechado. A lei parecia finalmente se
voltar para os crimes de colarinho branco cometidos por aqueles que integram o
establishment político. Se por um lado processos contra o PT e partidos de sua
base aliada avançam em ritmo acelerado, o mesmo não se pode dizer dos dois
grandes escândalos de gestões do PSDB. Inquéritos estacionados há anos, juízes
arquivando denúncias e penas prescrevendo: esta é a história da lista de
Furnas, do trensalão e do mensalão tucano.
O primeiro caso citado trata-se de um
documento de cinco páginas divulgado pela revista Carta Capital em 2006 que
trazia os nomes de políticos supostamente agraciados com contribuições de
campanha frutos de um esquema de caixa dois envolvendo a Furnas Centrais
Elétricas, empresa de capital misto do setor elétrico, subsidiária da
Eletrobras. No total, 156 políticos teriam recebido 40 milhões de reais no
pleito de 2002 – 5,5 milhões teriam irrigado a campanha de Aécio Neves. Geraldo
Alckmin e José Serra também apareciam na planilha. Os tucanos sempre
questionaram a autenticidade do documento: “É uma das mais conhecidas fraudes
políticas do País (...) uma tentativa de dividir atenção da opinião pública”,
afirmou Aécio em meio ao escândalo do mensalão. Por outro lado, laudos da
Polícia Federal apontaram para a legitimidade da lista.
A lista voltou à tona graças a
depoimentos de delatores da Lava Jato. O doleiro e delator da operação da PF
Alberto Youssef afirmou, em 2015, ter ouvido do ex-deputado José Janene (PP)
—morto em 2010— que parte da propina arrecadada em contratos de uma diretoria
da Furnas seria dividida com Aécio. Após analisar o conteúdo do depoimento do
delator, a Procuradoria-Geral da República optou por não incluir o senador
entre os investigados por considerar que faltavam evidências contra ele.
Posteriormente o lobista Fernando Moura, amigo do ex-ministro José Dirceu e
ligado ao PT, disse perante o juiz federal Sérgio Moro que Furnas era
controlada pelo tucano e operava com um esquema de propinas semelhante ao da
Petrobras. "É um terço São Paulo, um terço nacional e um terço
Aécio", disse Moura. Instado a explicar a afirmação, o lobista disse que o
núcleo de São Paulo seria o PT estadual e o grupo político de Dirceu, enquanto
que o núcleo nacional seria o diretório nacional da legenda. Ainda segundo o
delator, a indicação de Dimas Toledo para direção da estatal do setor elétrico
teria sido feita pelo senador tucano, pouco depois da eleição de Lula em 2002.
"O Dimas na oportunidade me
colocou que, da mesma forma que eu coloquei o caso da Petrobras, em Furnas era
igual. Ele falou: ‘Vocês não precisam nem aparecer aqui, vocês vão ficar um
terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio”, relatou o lobista ao
magistrado. O delator chegou a ser ameaçado com a perda dos benefícios de seu
acordo com a Justiça, uma vez que mudou um de seus depoimentos envolvendo
Dirceu –o que o fez voltar atrás e incriminar novamente o ex-ministro de Lula
de ter lhe recomendado que deixasse o país na época das denúncias do mensalão.
Aécio negou qualquer envolvimento no caso, e disse que é uma tentativa do
Governo de colocar no colo da oposição um escândalo que é "do PT".
Em
março de 2012 o juiz federal Roberto Dantes de Paula remeteu o processo para a
Justiça Estadual do Rio de Janeiro, onde ele voltou à etapa de inquérito
–investigação preliminar. À época a procuradoria da República já havia
denunciado 11 pessoas por envolvimento no esquema, entre elas o ex-diretor da
empresa Dimas Toledo. Até o momento, quase quatro anos após a mudança de foro
do processo, a Polícia não apresentou suas conclusões sobre o caso para que o
Ministério Público possa oferecer nova denúncia. A reportagem não conseguiu
falar com a delegada Renata Araújo dos Santos, da Delegacia Fazendária do Rio,
responsável pela investigação.
Cartel de trens e metrô
O outro escândalo tucano é ainda mais
antigo que a lista de Furnas. Batizado de trensalão, trata-se de um esquema de
pagamentos de propina e formação de cartel para disputar licitações do Metrô e
da CPTM no Estado de São Paulo. Os primeiros indícios de corrupção do caso
surgiram em 1997, durante o Governo do tucano Mário Covas, morto em 2001. À
época a Polícia Federal indiciou 10 pessoas ligadas à gestão do governador. Dez
anos depois, supostas propinas pagas pela empresa Alstom começam a ser
investigadas em vários países, e em 2008 um funcionário da Siemens detalha o
esquema de propinas em projetos do Metrô e da CPTM de São Paulo e do Metrô do
Distrito Federal. Posteriormente, a Siemens decidiu procurar o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica para delatar a existência do cartel. Mais de
uma dezena de processos do caso tramitam na Justiça, a maioria deles
relacionados a contratos superfaturados para reforma e manutenção de trens. O
período no qual o cartel agia abrange os Governos dos tucanos Mário Covas,
Geraldo Alckmin, e José Serra, além de Claudio Lembo, que à época era do PFL
(atual DEM). Nas estimativas do MP, o esquema pode ter dado prejuízos de mais
de 800 milhões de reais aos cofres públicos.
Os
primeiros indícios de corrupção
do caso
surgiram em 1997, durante
o
Governo do tucano Mário Covas
Até o momento,
apenas executivos das empresas envolvidas foram denunciados, nenhum político
com foro privilegiado responde na Justiça pelo caso. Alckmin afirma que o
Estado foi a grande vítima do caso: “O Governo do Estado entrou com uma ação
contra todas as empresas, inclusive exigindo indenização do erário público”. Já
Serra garante que durante sua gestão o preço dos serviços contratados baixou:
“Nós fizemos uma luta anticartel, para pagar 200 milhões de reais a menos”.
A tramitação dos
processos, no entanto, não ocorre sem entreveros. Uma das denúncias do MP
contra o ex-executivo da Siemens Marco Missawa foi arquivada pelo juiz Rodolfo
Pellizari. Especialistas consultados pelo EL PAÍS afirmam que é bastante raro
que o juiz peça o arquivamento de uma denúncia robusta do Ministério Público.
No final de 2015 o Ministério Público recorreu da decisão, e o Tribunal de
Justiça de São Paulo determinou em dezembro passado que o magistrado aceite a
denúncia: "Da mesma forma como não se aceita condenação precipitada,
desrespeitando-se os princípios do contraditório e da ampla defesa, também não
se aceita decisão prematura", disseram os juízes.
O promotor Marcelo
Mendroni, responsável pelo processo, questiona a isenção deste juiz para julgar
um caso que ele já mandou arquivar. “Fica difícil não dizer que haverá uma
certa suspeição, uma vvez que o juiz
achava que a evidência não era suficiente nem para aceitar a denúncia,
dificilmente vai achar suficiente para condenar”, afirma. “Mas não há o que
fazer”. Mendroni diz também que não é possível comparar as investigações do
cartel de trens em São Paulo com a Lava Jato, uma vez que as operação que apura
corrupção na Petrobras conta com uma força-tarefa com vários promotores:
"Aqui nós vamos nos desdobrando". O promotor acredita que ainda neste
semestre terá início o julgamento.
Em fevereiro de 2015
o Supremo Tribunal Federal arquivou um pedido para investigar o deputado
federal Rodrigo Garcia (DEM-SP) e o ex-deputado federal José Aníbal (PSDB-SP),
que haviam sido citados por um executivo da Siemens como beneficiários de
propinas no esquema de fraudes do trensalão. Até o momento ninguém foi
condenado no caso.
Mensalão tucano
A figura mais
emblemática da suposta impunidade tucana é o ex-governador de Minas Gerais
Eduardo Azeredo (PSDB). Ele foi condenado em dezembro de 2015 a 20 anos e dez
meses de prisão em regime fechado por peculato e lavagem de dinheiro no caso
conhecido como mensalão tucano, ocorrido há 17 anos. Os crimes, supostamente
ocorridos em 1998, foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República
apenas em 2007. No ano passado, após a PGR pedir pena de 22 anos para o então
deputado federal, ele renunciou ao mandato. Com isso, ele perdeu o foro
privilegiado mas ganhou tempo, pois o julgamento do seu caso voltou para a
Justiça comum, em primeira instância. Entre o Supremo Tribunal Federal –que o
julgaria se mantivesse o foro– enviar o processo de volta à Vara correspondente
e a juíza Melissa Pinheiro Costa Lage emitir sua decisão nesta quarta, se
passaram 21 meses. Como a decisão foi de primeira instância, ele poderá aguardar
a tramitação de seus recursos em liberdade, e existe a expectativa de que os
crimes atribuídos a ele tenham prescrito antes de acabarem os recursos. Neste
caso, Azeredo não chegará a cumprir pena alguma.
À época da remessa
dos autos do STF para a Justiça comum, o então presidente da Corte, Joaquim
Barbosa, criticou a manobra do tucano: "O processo tramita aqui há nove
anos [...]. Só de abertura da ação penal vamos para mais de quatro anos. Não
parece bom para o tribunal permitir essa valsa processual, esse vai e volta”. A
demora da Justiça em condenar os responsáveis pelo mensalão tucano não passou
despercebida pela juíza. "Triste se pensar que, talvez toda essa situação,
bem como todos os crimes de peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, tanto do
presente feito, quanto do mensalão do PT, pudessem ter sido evitados se os
fatos aqui tratados tivessem sido a fundo investigados quando da denúncia
formalizada pela coligação adversária perante a Justiça Eleitoral".
Fonte:Jornal EL PASIS - Brasil
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